(...) Mas vale a pena se perguntar: se o mundo não é mais perigoso
do que já foi, o que aconteceu? Por que nos tornamos supervisores compulsivos
de nossas crianças?
Pois bem, o mundo não é mais hostil do que já foi, mas nossa
confiança nele diminuiu, e talvez compensemos nossa falta de confiança
protegendo nossas crianças da hostilidade que nós enxergamos no mundo.
Nota: como era previsível, proteger excessivamente nossas
crianças as torna mais desconfiadas - não mais seguras. Se quiséssemos que
nossas crianças fossem confiantes, seria preciso que elas fossem mais
autônomas.
Regra sobre a qual valeria a pena voltar: a autonomia produz
confiança, a proteção, ao contrário, produz insegurança.
Fonte: Contardo Calligaris, “Crianças protegidas e inseguras”,
Folha de S. Paulo, Ilustrada, 18/9/14.
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