Dilma bateu muito em Marina dias atrás colocando em dúvida a
governabilidade em uma eventual administração da ex-ministra do Meio Ambiente.
"Será que ela quer? Será que ela tem jeito para negociar?",
questionou a propaganda eleitoral do PT, sobre a capacidade da presidenciável
do PSB de formar uma maioria no Congresso.
Na última terça-feira (23/9), a “Folha” publicou uma reportagem
que dá uma boa indicação de como essa tal "governabilidade" é
construída no país, na prática.
Interessado em fazer algo que marcasse sua gestão, o
prefeito do pequeno município de Alto Santo, no sertão cearense, resolveu
construir um estádio de futebol com fachada inspirada no Coliseu romano. Sem
dinheiro para a obra, afinal trata-se de uma cidade pobre, o político pediu
ajuda a um colega deputado, que prontamente apresentou uma emenda ao Orçamento
da União.
De olho justamente na governabilidade, o governo do PT
liberou o recurso sem se importar com alguns detalhes: a capacidade prevista
para o coliseu cearense é maior do que a própria população da cidade (20 mil
lugares contra 16 mil moradores)! Pior, Alto Santo nem mesmo possuiu uma equipe
profissional de futebol - o time mais próximo fica a 160 km de distância...
Marina, de fato, ainda não explicou como fará, se eleita,
para aprovar seus projetos no Congresso sem que o país precise jogar dinheiro
fora em obras ridículas e desnecessárias como a do coliseu cearense. A
ex-ministra disse apenas que implantará a "nova política", o que soa
bonitinho, mas não esclarece nada.
O discurso sonhático de Marina tem, ao menos, o mérito de
indicar aos parlamentares que existem limites, algo que o pragmatismo petista
há muito tempo abdicou de fazer.
É possível fazer diferente? Dá para manter a governabilidade
sem precisar comprar o Congresso com as tais emendas ou, como ficou provado no
mensalão, com coisas ainda piores?
Fonte: Rogério Gentile, “Folha de S. Paulo”, Opinião, 25/9/14, p. 2.
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