(...) Gostamos de descrever nossos valores em termos de uma
moral absoluta, mas a realidade é mais complexa. Ainda que certas intuições
morais sejam universais, é grande o espaço que a cultura tem para moldá-las. (...)
Como e por que o "Zeitgeist" (espírito do tempo)
de uma sociedade se modifica permanece um mistério. Mas, felizmente, ele muda.
Apenas 50 anos atrás, um país desenvolvido como os EUA ainda mantinha leis
segregacionistas. Hoje, qualquer americano educado, que não assoe o nariz na
manga da camisa, vê com genuíno horror atos e palavras discriminatórios. No
plano do "Zeitgeist" a luta contra o racismo foi vencida. Isso não
significa, é claro, que o triunfo tenha chegado às estatísticas sociais.
O ponto que defendo aqui, na esteira de Friedrich von
Savigny, é que esse tipo de revolução cultural independe da vontade do
legislador. Quando este se digna a aprovar um diploma, é porque a sociedade já
chegara muito antes a esse parecer. (...)
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