O futuro prefeito de Limeira, Paulo Hadich (PSB), está
disposto a colocar o dedo num vespeiro. Não pretende, e já deixou claro,
liderar a discussão, mas considera importante trazer o assunto à tona. Trata-se
do destino dos dois estádios municipais, o “Major José Levy Sobrinho”
(Limeirão) e o “Comendador Agostinho Prada” (Pradão).
A situação de ambos é semelhante. São estádios erguidos nas
décadas de 40 e 70 (Pradão em 1946 e Limeirão em 1977) e estão, portanto,
velhos e obsoletos em relação aos novos padrões exigidos para grandes
competições. Estão defasados até mesmo para as disputas do Campeonato Paulista.
A estrutura de ambos é precária e, por falta de manutenção, os dois apresentam
sérios problemas (desde o gramado até as redes elétrica e hidráulica).
Ano após ano, sempre às vésperas de um novo campeonato
disputado por Internacional ou Independente, os estádios são reprovados nas
vistorias. Sobram críticas à administração municipal, que corre fazer remendos.
Como qualquer um sabe, consertos feitos às pressas costumam custar mais e não
resolvem o problema. São medidas paliativas que têm consumido milhares de reais
anualmente, dinheiro que sai do bolso do contribuinte limeirense (muitos sequer
frequentam os estádios).
Chegou a hora, portanto, de trazer à tona a questão: cabe à
prefeitura arcar com a manutenção destes dois “elefantes brancos”? Os times de
Limeira estão às mínguas, os estádios não atraem público e sequer podem sediar
jogos dos times da capital.
Vale a pena gastar milhares de reais todos os anos para
fazer remendos visando dois ou três meses de disputas de campeonatos que levam
meros cem torcedores ao campo?
Há algumas alternativas viáveis: transferir o patrimônio
diretamente para os clubes. Eles ficariam responsáveis pela manutenção (o que
inclui as contas de água e energia) e poderiam até se desfazer dos estádios ou
firmar parcerias para construção de modernas arenas, como se vê Brasil afora.
Outra alternativa é simplesmente derrubar os dois estádios e
erguer uma única arena, moderna, que poderia ser usada conjuntamente pelos dois
times. Parece estranho, mas a sugestão foi citada pelo próprio prefeito eleito
seguindo o que já ocorre em Milão – onde Inter e Milan dividem o mesmo estádio,
o famoso Giuseppe Meazza (ou San Siro).
O certo é que Limeira precisará, em algum momento, debater
este assunto. Até porque a prefeitura parece não ter disposição para investir
milhões de reais visando remodelar de fato os dois estádios (ou um deles).
Enquanto nada é feito e leva-se o caso em “banho maria”, a
cidade perde. De acordo com Hadich, Limeira é a cidade favorita dos clubes
grandes de São Paulo para jogos fora da capital, mas não é considerada em razão
dos problemas estruturais do Limeirão. O fato foi dito ao prefeito eleito pelo
próprio presidente da Federação Paulista (FPF) e vice-presidente da
Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, e pelo chefe da
área de segurança da FPF, coronel Marcos Roberto Marinho.
Em entrevista na última segunda-feira, Hadich admitiu que a
discussão é importante e necessária, mas deixou claro que não irá partir do
governo. Segundo ele, é preciso “amadurecer” essa discussão, que deve ser feito
junto com a sociedade e os clubes.
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