“Deixe 2012 para trás!”
Ouvi esta frase, na verdade
um conselho, de um colega de trabalho, o jornalista Gustavo Nolasco, repórter da
TV Jornal de Limeira. Dita de modo um tanto imperativo, soou quase como imposição.
Poucas vezes uma frase fez
tanto sentido.
Gustavo – e algumas outras
pessoas que estiveram mais próximas no ano que agora chega ao fim – acompanhou muitos
momentos de silêncio, de tensão e de raiva vividos em 2012. Daí o conselho.
Não bastasse a tal frase
ouvida por volta das 19h35 da sexta-feira 28/12, a mãe de uma colega me abordou
já na madrugada do dia 29, por volta das 2h30, durante o churrasco na casa de
um amigo, com uma pergunta emblemática e com certo ar místico (eu estava
conhecendo a mãe dela naquela noite). Algo mais ou menos assim – com sotaque
uruguaio (ela é natural daquele país):
“2012 foi um ano estranho
para você?”
A resposta saiu quase como um
mantra. Já registrei neste blog que, para mim, 2012 foi trágico. De algum modo,
respondi, o mundo tinha realmente acabado. O “meu mundo” (assumo esta pretensão).
Tantas coisas ocorreram, situações doloridas, encontros e desencontros, situações
mágicas, perdas (físicas e emocionais) que foi inevitável não encontrar um
certo sentido na tal “profecia maia” (que, registre-se, nunca tocou no assunto
do fim do mundo).
Sim, 2012 foi estranho.
Talvez esta palavra – “estranho” – resuma melhor o que se passou. Talvez agora,
neste apagar das luzes, eu entenda que essa palavra se encaixa melhor na
definição que eu havia feito anteriormente para os últimos 12 meses (“trágico”).
O ano que está terminando derrubou
minhas certezas, abalou minha confiança - e, reconheço, minha fé. Chego ao
final deste 2012, porém, com espírito revigorado. Não que as dores tenham
passado, as cicatrizes se curado e as dúvidas se amainado, mas consigo sentir
um novo ar (ainda incerto) e notar que, aos poucos, a locomotiva vai voltando
aos trilhos (para onde ela me levará não sei).
Em 2012, eu tive que aprender
pela dor.
Descobri que algumas coisas são
IMPOSSÍVEIS - e não me venha com a tal história de que “nada é impossível”
porque há sonhos e desejos que não encontram outro lugar senão dentro da gente.
São simplesmente impossíveis!
Descobri que preciso ser mais
tolerante (sim, ainda mais), mais paciente (sim, ainda mais), mais leve, menos
preocupado, mais amigo dos amigos.
Descobri que ninguém é igual
a ninguém (e é preciso respeitar os diferentes modos de pensar e de agir).
Descobri que não posso salvar
o mundo tampouco mudar o que é imutável. Sou humano, não mágico.
Em 2012, chorei como nunca –
e cada lágrima ajudou a irrigar o “meu jardim da vida”. Chorei sozinho, chorei
acompanhado de pessoas que me querem bem.
Tive ajuda “de quem você não
acredita” e “tive a esperança de chegar até aqui” (para lembrar uma música que
eu cantava na igreja quando jovem).
Exagerei nos sentimentos,
busquei um irmão.
Fiz tudo do meu jeito e vivi
emoções – alegres e tristes, como raras vezes.
Sim, desejei poder voltar no
tempo e mudar o rumo de muitos acontecimentos, mas quero crer que para tudo havia
uma razão (embora eu não tenha a menor noção de qual seja).
Ainda não encontrei respostas
para muitas perguntas (e provavelmente nunca as encontrarei). Ainda não consigo
entender muitos fatos (e talvez nunca consiga mesmo).
Não importa. É preciso olhar
adiante, 2013 vem aí.
Sou cético quanto ao “ano
novo”, considero a data uma mera convenção (como de fato é, já escrevi a
respeito neste blog – houve um tempo em que se comemorava o ano novo em 1° de
abril, daí a origem da brincadeira do “dia da mentira” quando decidiram mudar o
“ano novo” para 1° de janeiro).
Contudo, só me resta o futuro
– o que passou não pode mais ser alterado.
Então, o melhor é seguir o
conselho do Gustavo, deixar 2012 para trás. Quem sabe os maias não estavam
certos e estamos de fato iniciando um novo ciclo?
Feliz Ano Novo!
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