sexta-feira, 15 de junho de 2012 | |

Profissão: perigo

O último domingo, 3 de junho, marcou os 10 anos da morte do jornalista brasileiro Tim Lopes, torturado e assassinado enquanto fazia uma reportagem investigativa numa favela carioca. Ao final desta mesma década, entretanto, 2012 já é considerado o ano mais violento para jornalistas brasileiros, informou o jornal Estado de São Paulo. Em apenas cinco meses, quatro jornalistas já foram assassinados por causas relacionadas à profissão.

(...) "Houve sim uma mudança de comportamento das empresas de comunicação e dos próprios jornalistas em relação à cobertura jornalística de conflitos e de investigações", disse (Bruno) Quintella (jornalista, filho de Tim Lopes) em entrevista por telefone ao Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.


No entanto, para o jornalista, apesar de as empresas terem incorporado aparatos de proteção no seu cotidiano – coletes, capacetes etc. –, ainda há uma concorrência interna que por vezes incita os jornalistas a passar por riscos desnecessários. "Se dois repórteres vão cobrir uma mesma pauta e um se arrisca muito para gravar boas imagens, a empresa vai colocar os registros no ar mesmo assim, e o repórter que não se arriscou vai ser impelido a se arriscar na próxima vez. Nenhum chefe fala 'não vou publicar'", opina.


Quintella também chama atenção para uma diferença entre os tipos de crime contra jornalistas: aqueles que acontecem durante confrontos armados (guerras, tiroteios etc.) e os de retaliação. O número de mortes de repórteres em crimes de retaliação é maior do que aqueles ocorridos durante confrontos armados. "Há treinamentos para jornalistas em situações de conflitos, como guerras, mas não para situações de retaliação bastante comuns em reportagens investigativas, de denúncias", alerta Quintella.


(...) Quintella exibiu trechos do documentário sobre seu pai, que será lançado no final de 2012. Intitulado "Histórias de Arcanjo - um documentário sobre Tim Lopes", o filme faz referência ao nome verdadeiro do repórter: Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento. Segundo Quintella, aliás, era esse o nome que Lopes dava para fontes em reportagens investigativas para a Rede Globo.




Fonte:
Isabela Fraga, "10 anos após a morte do repórter Tim Lopes, 2012 já é o ano mais perigoso para jornalistas brasileiros", blog Jornalismo nas Américas (Knight Center for Journalism in the Americas).

0 comentários: