quinta-feira, 7 de junho de 2012 | |

Modelos de jornais

Numa postagem recente, escrevi sobre a crise no jornalismo impresso norte-americano. Também falei de um modelo de jornal que considero interessante – uma alternativa para tentar fazer os veículos impressos seguirem relevantes no mundo digital.

Agora, gostaria de ilustrar as observações que fiz. A seguir, alguns exemplos positivos tirados de jornais canadenses.

No “The Globe and Mail” de 21 abril, sábado, uma reportagem abordou o assassinato de um ativista gay de um modo diferente: a matéria de Jane Taber foi observar a cena do crime. O resultado é o que se vê no título e no primeiro parágrafo:

“Álcool, um tema recorrente na cena do crime em Halifax”

“A caminhada matinal para o trabalho ao longo da Halifax Barrington Street conta a história da noite anterior. Poças de vômito, garrafas de cerveja quebradas e bitucas de cigarro marcam a calçada, detritos de uma cena com bebidas alcoólicas e testosterona. Numa noite típica, alguns garotos bêbados de vinte e poucos anos travaram um combate e terminaram a noite de algemas.”


No mesmo jornal, no “Globe Sports”, destaque para uma reportagem analítica e comportamental. Além do título atrativo, a diagramação chama a atenção:

“A violência está dentro de todos nós”

“Quem sabe o que aprendemos sobre nós mesmos confrontando o fato de que o sofrimento de outras pessoas nos faz feliz? Os recentes eventos nos playoffs da NHL trazem a carnificina à vida. Violência é o que desejamos, diz John Allemang.”



No “National Post” do mesmo dia, um infográfico de página inteira apresentou os dados da reportagem “Câncer no Canadá”. Na página seguinte, uma história de vida que chama a atenção, uma personagem que ilustra com riqueza de detalhes os números frios mostrados ao lado. Sem dúvida, uma bela edição, unindo modernidade (infografia) e sentimento:

“A história de uma garota”

“O segredo: ela é uma Belieber”

“Aimee suportou a quimioterapia ouvindo seu cantor favorito”


Na mesma edição, uma reportagem de Lisa Van de Vem fala da verticalização de Toronto com texto e diagramação atrativos

"A comunidade vertical".
  
“Toronto tem um caso de amor com condomínios, com 28.466 unidades vendidas em 2011. Outras milhares estão planejadas. Tamanho de suíte, preço, conforto e arquitetura são importantes, mas cada vez mais a vizinhança é considerada como fator decisivo.”


A seguir, outros exemplos em que a reportagem atrai a atenção pela diagramação ou por abordar histórias de vida, de gente como a gente (ou por ambas características):













  
PS: quando escrevi sobre a crise na mídia impressa norte-americana, não tinha um exemplo concreto. Encontrei-o no “Chicago Tribune” de 28 de abril, sábado. A edição tinha dois cadernos de notícias (reunindo as seções “Chicago”, “Nation” e “World”), com 14 e 20 páginas cada um. Outros quatro cadernos, que somavam 44 páginas, traziam ofertas de veículos. Havia ainda um guia de TV com 16 páginas em formato tablóide.

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