(...) Ele (o jornalista David Carr) diz não ser pessimista em relação ao
jornalismo e aos problemas que enfrenta devido à queda de circulação dos
diários impressos e a competição com a internet.
"Pelo
contrário, é uma época estimulante para estar no jornalismo. As pessoas vivem
me perguntando se há futuro para o ofício, e eu respondo que, se alguém me
dissesse há alguns anos que um blogueiro do (jornal britânico) ‘Guardian’ daria
o furo do século, não acreditaria", diz Carr.
"Um
fenômeno como o Wikileaks surgiu e precisou de jornais tradicionais para dar
forma ao seu conteúdo. E, ainda, o dono da Amazon acaba de comprar o Washington
Post'. Não me interesso tanto pelo futuro mais distante, mas sim pelo que vai
acontecer agora, e o panorama é estimulante", defende.
Ativo em blog e
no Twitter, por outro lado, Carr admite que há um risco na perda de leitores
dos jornais impressos, embora reafirme a importância dos grandes jornais.
"Há
métodos e modos de tratar certos assuntos, de cobrir os bastidores da política,
que não vão ser suplantados por posts no Facebook ou tuítes. Considero ainda
importante que existam grandes organizações por trás do ofício."
Para Carr,
porém, discutir se o digital matará o impresso é uma abordagem equivocada.
"Esses dois mundos já caminham juntos. E já há uma maneira de imaginar
novas estratégias, de mudar a relação com o consumidor de notícias e com a
produção de conteúdos, integrando novos atores e organizações."
Acrescenta,
ainda, que considera as novas gerações muito bem informadas. "Eu convivo
com gente jovem, tenho filhas, dou aulas. Eles sabem muito. Pode-se questionar
a qualidade, mas não há como negar que a informação tem lugar importante na
nossa sociedade", afirma.
Fonte: Sylvia Colombo, "A novela da mídia", Folha de S. Paulo, Ilustrada, 2/6/14.
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