A Prefeitura de Limeira anunciou recentemente, por meio da Secretaria de Turismo e Eventos, a abertura de licitação para restaurar um dos mais simbólicos pontos históricos do município: a antiga estação ferroviária do Bairro do Tatu, inaugurada em 30 de junho de 1876.
A obra, ainda sem prazo para começar, deve custar cerca de R$ 200 mil. É pouco, como também será pouco apenas restaurar a estação – um imóvel modesto, dividido em quatro salas, sendo uma maior e duas menores, mais o banheiro. O local foi visitado no último dia 22 de abril pelo secretário de Turismo e Eventos, Marcos Francisco Camargo, e por uma equipe técnica da prefeitura.
A reforma do prédio faz parte de um projeto mais amplo, de implantar um trem turístico ligando as estações do Tatu e do Centro por meio de uma Maria Fumaça. Para isso, será preciso não só restaurar a antiga estação do bairro rural como também obter autorização da América Latina Logística (ALL) para utilizar o único trilho que liga os dois locais.
Este será, porém, um problema menor. Gestões administrativas e até políticas podem garantir o direito ao uso em determinados horários. O essencial no projeto será revitalizar o entorno da antiga estação e, talvez, o próprio bairro do Tatu.
Não que a região esteja abandonada (a área da estação propriamente dita está). O Tatu é um bairro habitado por muitas pessoas, com vida própria. No entanto, estas pessoas não foram treinadas para fazer o que em turismo se chama de “receptivo”.
Além disso, o acesso à antiga estação do bairro é precário, sem indicação e por uma via de terra tomada pelo mato. Ao redor, casas da antiga Companhia Paulista, habitadas - embora sejam patrimônio do município, segundo a presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Arquitetônico e Artístico (Condephali), a arquiteta Juliana Binotti Pereira Scariato.
Juliana assina o projeto de restauro da estação do Tatu juntamente com a arquiteta Cassiana Francisco (ambas acompanharam a visita do secretário no dia 22).
A proposta de implantar um trem turístico pode ter apoio do Ministério do Turismo, que tem um grupo de trabalho para tratar do assunto. Segundo notícia divulgada pelo ministério no último dia 21 de maio, “os trens turísticos e culturais agregam valor aos destinos brasileiros, contribuindo para a preservação da memória ferroviária e se transformando em atrativos e produtos turísticos das regiões”.
Ainda segundo o ministério, visando “promover a valorização desses patrimônios, o Grupo de Trabalho de Turismo Ferroviário está elaborando uma cartilha explicativa e um formulário para a facilitar e agilizar a apresentação de projetos de trens turísticos no Brasil”.
Ainda segundo o ministério, visando “promover a valorização desses patrimônios, o Grupo de Trabalho de Turismo Ferroviário está elaborando uma cartilha explicativa e um formulário para a facilitar e agilizar a apresentação de projetos de trens turísticos no Brasil”.
Perto da antiga estação fica o famoso Casarão do Tatu, certamente o imóvel mais antigo de Limeira (seria do século 18), anterior à própria fundação da cidade (datada de 1826). Uma casa de valor imensurável, com sérios problemas estruturais (uma parede frontal caiu algum tempo atrás após um temporal), também precisando de um restauro com previsão de custar mais de milhão.
Ou seja: há muito trabalho a fazer. Como todo trabalho exige o primeiro passo, a reforma da antiga estação não deixa de ser alentadora.
Outros passos já foram dados. No último dia 15 de maio, o Jornal Oficial do Município divulgou a contratação pela prefeitura da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (sites aqui e aqui) para estudar a viabilidade técnica do projeto do trem turístico. Isso garante que gente especializada vai tratar do tema.
Em tempo 1: um dos raros exemplares construídos em taipa de pilão no Estado de São Paulo (talvez o mais antigo deles ainda existente), o Casarão do Tatu teve reconstruída a parte da parede frontal que caiu com a chuva. Foram usados blocos de concreto.
Em tempo 2: recomendo uma consulta ao site “Estações Ferroviárias”. Organizado por Ralph Mennucci Giesbrecht, trata-se de um dos mais ricos acervos sobre as estações ferroviárias no Brasil, com fotos históricas e atuais, dados técnicos e relatos históricos, além de informações sobre as visitas do organizador.
Para ir direto ao histórico da estação do Tatu, clique aqui; para a do Centro de Limeira, clique aqui.
Só para registrar: Limeira foi uma das últimas estações a manter ativo o transporte de passageiros. O último trem passou pelo local em março de 2001, já com a antiga Fepasa sob domínio da Ferroban (no dia 14 saiu de Campinas como 20 passageiros, como relatei na época no "Jornal de Limeira"; nos comentários, Giesbrecht cita o dia 15).
4 comentários:
Olá, Rodrigo. Torço pela restauração da estação e da vila ferroviária há anos. Espero que saia. Quanto ao último trem, passou em Limeira em 15 de março de 2001, voltando de São José do Rio Preto, e não em 16 de abril. Um abraço
Prezado Ralph
Grato pelo alerta. Chequei nos arquivos do jornal e já fiz a devida correção.
Abraços.
oi , Rodrigo , vc saberia dizer como está (ou não está) a situação da Estação TaTu.
Valeu!!!
Prezado Jefferson
Infelizmente, continua abandonada... A reforma ainda não saiu do papel.
Abraços
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