terça-feira, 4 de agosto de 2015 | |

Nós, os imbecis (?)

(...) O escritor italiano (Umberto Eco) não tem boas palavras para as redes sociais. Há um mês, ao receber o título de doutor honoris causa na Universidade de Turim, disse que "a mídia social dá voz a uma legião de imbecis, que antes falava apenas no bar depois de beber uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade".

"Hoje eles têm o mesmo direito de palavra de um Prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis", afirmou, no discurso de agradecimento. "O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade."

As palavras soam duras e reducionistas. O saldo da popularização da internet e da facilidade de divulgação de opiniões que dela advém é mais positivo que negativo. Hoje, qualquer pessoa com uma conexão ou um celular diz em poucos segundos o que pensa sobre qualquer tema e, em países como a Itália ou o Brasil, sem censura.

O problema é que, assim como nos bares, no Facebook, no Twitter e no Instagram os imbecis fazem mais barulho que os sensatos. (...)

Fonte: Sérgio Dávila,
“Os imbecis estão ganhando”, Folha de S. Paulo, Opinião, 12/7/15.

***

(...) Segundo estudo recente da consultoria americana A.T. Kearney, o Brasil é o país com maior porcentagem de pessoas na faixa mais alta de permanência on-line: 51%, ante 37% do segundo colocado, a Nigéria, e 25% dos americanos. Somos um povo conectado/ disponível/on-line.

Isso tem implicações. Uma delas o canadense Michael Harris chama de "o fim da ausência", no poético título de livro recém-lançado nos EUA ("The End of Absence", Penguin). Estamos o tempo todo não só acessíveis virtualmente como compartilhando tudo o que vivemos. Isso faz com que tenhamos pouco tempo para digerir nossas experiências – para viver. (...)

Fonte: Sérgio Dávila,
“A gente somos ‘smupids'", Folha de S. Paulo, Opinião, 26/7/15.

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