(...) O escritor italiano (Umberto Eco) não tem boas
palavras para as redes sociais. Há um mês, ao receber o título de doutor
honoris causa na Universidade de Turim, disse que "a mídia social dá voz a
uma legião de imbecis, que antes falava apenas no bar depois de beber uma taça
de vinho, sem prejudicar a coletividade".
"Hoje eles têm o mesmo direito de palavra de um Prêmio
Nobel. É a invasão dos imbecis", afirmou, no discurso de agradecimento.
"O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da
verdade."
As palavras soam duras e reducionistas. O saldo da
popularização da internet e da facilidade de divulgação de opiniões que dela
advém é mais positivo que negativo. Hoje, qualquer pessoa com uma conexão ou um
celular diz em poucos segundos o que pensa sobre qualquer tema e, em países
como a Itália ou o Brasil, sem censura.
O problema é que, assim como nos bares, no Facebook, no
Twitter e no Instagram os imbecis fazem mais barulho que os sensatos. (...)
***
(...) Segundo estudo recente da consultoria americana A.T.
Kearney, o Brasil é o país com maior porcentagem de pessoas na faixa mais alta
de permanência on-line: 51%, ante 37% do segundo colocado, a Nigéria, e 25% dos
americanos. Somos um povo conectado/ disponível/on-line.
Isso tem implicações. Uma delas o canadense Michael Harris
chama de "o fim da ausência", no poético título de livro
recém-lançado nos EUA ("The End of Absence", Penguin). Estamos o
tempo todo não só acessíveis virtualmente como compartilhando tudo o que vivemos.
Isso faz com que tenhamos pouco tempo para digerir nossas experiências – para
viver. (...)
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