(...) A sucessão de conflitos no Oriente Médio só tende a
dificultar uma saída pacífica, mantidas as regras do sistema vigente. A cada
novo cadáver, cresce o ódio na região. A saída civilizada seria a construção de
um Estado único onde árabes e judeus convivam em harmonia. Utopia? Sim. Mas é
preferível apostar nela, lutar por ela, do que assistir ao flagelo permanente
sem esperança.
***
(...) Por último, toda a gente sabe que a solução mais
realista para o conflito passa pela existência de dois Estados com fronteiras
seguras e reconhecidas.
Assim foi antes da partição da Palestina pela ONU (relembro
a Comissão Peel de 1937). Assim foi com a Partição propriamente dita em 1947.
E, para ficarmos nos últimos anos, assim foi em Camp David (2000). Foi o lado
palestino que recusou essa divisão -o maior crime cometido por Yasser Arafat
contra o seu próprio povo. (...)
***
(...) O filósofo francês Ernest Renan certa vez definiu uma
nação como "um grupo de pessoas unidas por uma visão errônea sobre o
passado e o ódio por seus vizinhos". Embora isto possivelmente se aplique
a este conflito, minha sensação é de que a deterioração que estamos
testemunhando resulta de outra coisa - a crescente distância humana entre
pessoas que se conheciam intimamente e hoje são virtualmente estranhas.
(...) Uma geração atrás, havia muitas causas de tensão e de
preocupação. Mas os palestinos que construíam o que esperavam que se tornasse
seu Estado, e os israelenses que trabalhavam com eles, tinham um sentimento
muitas vezes inspirador e um objetivo comum. Alguns descobriram que gostavam do
outro e desejavam trabalhar juntos. Hoje, esses sentimentos estão virtualmente
mortos. E enquanto a mistura das populações naqueles anos não foi uma panaceia,
divorciá-las só piorou as coisas.
Fonte: Ethan Bronner, “A distância desumana que separa os vizinhos”, Folha de S. Paulo, 22/7/14 (original no “The New York Times”).
***
Minha impressão após conversar nos últimos dias com judeus e descendentes de palestinos: não haverá solução para o conflito enquanto a raiz do problema não for discutida: a criação de um estado judeu - Israel - da forma como se deu em 1947.
* Leia também (acrescentado em 4/8/14):
- A maior angústia de um repórter
* Leia também (acrescentado em 4/8/14):
- A maior angústia de um repórter
0 comentários:
Postar um comentário