segunda-feira, 28 de julho de 2014 | |

Visões de um conflito

(...) A sucessão de conflitos no Oriente Médio só tende a dificultar uma saída pacífica, mantidas as regras do sistema vigente. A cada novo cadáver, cresce o ódio na região. A saída civilizada seria a construção de um Estado único onde árabes e judeus convivam em harmonia. Utopia? Sim. Mas é preferível apostar nela, lutar por ela, do que assistir ao flagelo permanente sem esperança.

Fonte: Ricardo Melo,
“Israel é aberração; os judeus, não”, Folha de S. Paulo, Poder, 28/7/14.

***

(...) Por último, toda a gente sabe que a solução mais realista para o conflito passa pela existência de dois Estados com fronteiras seguras e reconhecidas.

Assim foi antes da partição da Palestina pela ONU (relembro a Comissão Peel de 1937). Assim foi com a Partição propriamente dita em 1947. E, para ficarmos nos últimos anos, assim foi em Camp David (2000). Foi o lado palestino que recusou essa divisão -o maior crime cometido por Yasser Arafat contra o seu próprio povo. (...)

Fonte: João Pereira Coutinho,
“David e Golias”, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 22/7/14.

***

(...) O filósofo francês Ernest Renan certa vez definiu uma nação como "um grupo de pessoas unidas por uma visão errônea sobre o passado e o ódio por seus vizinhos". Embora isto possivelmente se aplique a este conflito, minha sensação é de que a deterioração que estamos testemunhando resulta de outra coisa - a crescente distância humana entre pessoas que se conheciam intimamente e hoje são virtualmente estranhas.

(...) Uma geração atrás, havia muitas causas de tensão e de preocupação. Mas os palestinos que construíam o que esperavam que se tornasse seu Estado, e os israelenses que trabalhavam com eles, tinham um sentimento muitas vezes inspirador e um objetivo comum. Alguns descobriram que gostavam do outro e desejavam trabalhar juntos. Hoje, esses sentimentos estão virtualmente mortos. E enquanto a mistura das populações naqueles anos não foi uma panaceia, divorciá-las só piorou as coisas.

Fonte: Ethan Bronner,
“A distância desumana que separa os vizinhos”, Folha de S. Paulo, 22/7/14 (original no “The New York Times”).

***

Minha impressão após conversar nos últimos dias com judeus e descendentes de palestinos: não haverá solução para o conflito enquanto a raiz do problema não for discutida: a criação de um estado judeu - Israel - da forma como se deu em 1947.

* Leia também (acrescentado em 4/8/14):

- A maior angústia de um repórter

0 comentários: