Vira e mexe os desacertos do futebol brasileiro vêm à tona
de modo mais eloquente (numa goleada histórica em Copa do Mundo, numa briga
sangrenta entre torcidas, etc), momento em que surgem críticas às coisas do
futebol e se cobra correção nas práticas dentro e fora de campo.
Antes de prosseguir, quero deixar claro que sou
absolutamente a favor das críticas e de mudanças profundas na estrutura do
futebol.
A observação que faço aqui é outra: cobra-se do futebol algo
que o Brasil como nação e sociedade não possui. Dito de outra forma, o futebol é
nada mais nada menos do que reflexo da sociedade à qual está inserido e da qual
faz parte.
Tal constatação se dá quando, por exemplo, o goleiro do
Flamento, Felipe, manifesta após uma vitória e um título obtidos mediante um
flagrante erro de arbitragem: “Estava impedido, né? Roubado é mais gostoso”.
Pensamento típico de grande parte da sociedade brasileira.
Pergunte aos torcedores de Flamengo, Corinthians, etc, se não pensam assim
(desde que o “roubo” favoreça o time de cada um, claro).
É a malandragem brasileira em campo.
E em relação à violência? Por que, afinal, o futebol terá
paz entre as torcidas se nas ruas o país é violento? E se os próprios
protagonistas do esporte (dirigentes, atletas, etc) estimulam rivalidades que
vão além das quatro linhas? Quantos jogadores e clubes apoiam as torcidas
organizadas, responsáveis por grande parte dos atos de violência envolvendo o
futebol?
E quanto à ética, o que falar do comportamento de clubes que
atravessam negociações de atletas com outros clubes, “roubam” jogadores da base
alheia, técnicos que negociam contratos para o lugar de outros que ainda estão trabalhando?
Estes comportamentos não fazem parte da nossa sociedade?
Infelizmente, a resposta é “sim”.
E assim será enquanto “esta gente aí”, como diz o jornalista
Juca Kfouri, estiver no comando. Que mudanças esperar se sai Ricardo Teixeira e
entra José Maria Marin? E se sai Marin e entra Marco Polo Del Nero?
E se dirigentes que se dizem rompidos com o “status quo”,
caso do ex-presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, de repente aparecem
abraçados com “aquela gente” só porque seu clube foi favorecido em algo?
Que ética é esta em que os valores mudam se o beneficiado
for eu?
Que mudanças esperar quando deputados são financiados pelo
dinheiro do futebol (via federações e confederação)?
Atenção eleitores: entre os que votaram a favor da CBF
(Confederação Brasileira de Futebol) na Câmara Federal estão Arnaldo Faria de
Sá (PTB-SP), Guilherme Campos (PSD-SP), José Rocha (PR-BA), Jovair Arantes
(PTB-GO), Rodrigo Maia (DEM -RJ), Valdivino de Oliveira (PSDB-GO) e Vicente
Cândido (PT-SP).
Parlamentares de todas as colorações partidárias, para
ninguém reclamar. E viva a democracia!
Não sei se será mais fácil mudar o futebol para mudar a
sociedade e o país ou se o caminho será inverno, mudam o país e a sociedade
para mudar o futebol.
Só sei que é preciso mudar!
* Fotos de divulgação do SPFC
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