O Sesc sempre propicia boas oportunidades de lazer e
entretenimento gratuito ou a baixo custo. Atividades esportivas, sociais e
culturais não faltam na programação.
Eu costumo frequentar o Sesc Pompeia, que é perto de onde
moro. O lugar sediou até o final de junho a exposição “19 924 458 +/-”, do
francês Christian Boltanski.
Trata-se de uma interessante instalação feita com milhares
de páginas da lista telefônica da Grande São Paulo, que traz milhões de nomes.
As páginas serviram de embalagem para caixas de diversos tamanhos, montadas
como se fossem uma cidade pela qual o visitante passeava.
No caminho, escuro, gravações reproduziam conversas e falas individuais
de personagens da cidade. Um clima um tanto sombrio e solitário – sentimentos comuns
às metrópoles, São Paulo incluída.
Em uma das gravações, a manifestação de um estrangeiro a
respeito de suas primeiras impressões da capital paulista – “uma mistura de Los
Angeles, com sua área espalhada, e Nova York, com suas dezenas de arranha-céus”.
Em tempo: o nome da exposição é uma referência ao número de
habitantes da Grande São Paulo. “(...) as impressões e estímulos vividos pelo
artista, a percepção da metrópole como um organismo em constante mutação e,
sobretudo, a densidade demográfica e a circulação desse aglomerado populacional
no desenho urbano foram inspirações para a obra”, cita texto de apresentação.
E até o dia 10 de agosto a unidade da Pompeia sedia a exposição
“Multitude” de arte contemporânea. “Obras e projetos que se relacionam com a
ideia de multidão em vários aspectos, de forma mais conceitual ou como reflexo
de um contexto específico”, cita o folder da programação do Sesc.
Um dos destaques é a mesa com 2,5 mil soldadinhos de metal
pintados à mão. A obra, chamada “Tin Soldiers”, da jordaniana Ala Younis, é “uma
representação de nove exércitos envolvidos ou sujeitos a atos de guerra no
Oriente Médio”.
Na mesma exposição há uma antiga máquina de escrever e o
convite para que os visitantes participem da obra deixando suas mensagens.
O próprio Sesc é uma obra de arte. A unidade Pompeia ocupa
uma antiga fábrica de tambores, construída em 1938 pela indústria alemã Mauser
& Cia., adaptada pela genialidade da arquiteta Lina Bo Bardi. “O que me
despertou curiosidade”, escreveu ela, “foram aqueles galpões distribuídos
racionalmente conforme os projetos ingleses do começo da industrialização
europeia, em meados do século 19”.
A estrutura básica dos galpões foi mantida no projeto,
ganhando o espaço um toque aqui e outro ali que lhe conferem um ar todo especial.
Como o varal de roupas que corta o céu de toda a unidade, lembrando casas de
trabalhadores de um antigo bairro industrial, como é a região da Pompeia e Lapa.
A manutenção da estrutura da antiga fábrica foi uma premissa
do projeto de transformação do local em um centro de lazer e arte. É o que
indicou recente exposição sobre a construção do Sesc Pompeia.
A unidade fica na rua Clélia, 93.
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