Recentemente, tive a oportunidade de entrevistar um peruano
e um colombiano. Ambos falaram da Copa do Mundo no Brasil. E manifestaram um
sentimento sul-americano que, sinceramente, creio estar um pouco distante de
nós, brasileiros.
Ao ser questionado para quem torceria no Mundial, o peruano apontou
Brasil e Argentina. Brinquei que ele devia escolher um ou outro, mas não
poderia torcer para ambos. A resposta: “Sim, Brasil e Argentina. A Copa é na América
do Sul, a taça tem que ficar na América do Sul”.
Já o colombiano disse que torceria, obviamente, para a
seleção de seu país e mais o Brasil, a Argentina, o Chile, o Uruguai... “Todos
os sul-americanos, a Copa tem que ficar aqui!”, justificou.
É preciso considerar que os dois torcedores não têm seleções
com possibilidades reais de ganhar uma Copa – o Peru sequer se classificou para
o Mundial. Daí a opção por outros países.
Para nós, brasileiros, vislumbrar o título para o Brasil é algo
factível. Impensável, portanto, escolher outra seleção.
Feita a ressalva, não posso deixar de registrar que chamou
minha atenção a exibição do que classifiquei de “latinidade” por parte do
peruano e do colombiano.
Andando pela América do Sul e Central nos últimos meses,
percebi dois fatos:
1 – temos uma história semelhante (ex-colônias exploradas,
que se desenvolveram nos últimos dez anos, viram a economia crescer, mas ainda
têm enormes desafios pela frente);
2 – há um sentimento comum entre nossos irmãos latinos,
unidos que estão pelo idioma, o mesmo que nos separa do restante do continente.
Não noto entre nós, brasileiros, esta tal “latinidade” a que
me refiro. Pelo contrário, arrisco dizer que temos um certo sentimento de
superioridade em relação ao restante do continente (EUA e Canadá à parte), notadamente
em relação aos vizinhos do sul.
Teríamos, de fato, uma posição imperialista? Somos vistos
assim por nossos vizinhos?
O fato é que nos sentimos à parte na América do Sul. Meio
como se fôssemos a parte rica e bem sucedida de um continente subdesenvolvido.
Como se não tivéssemos nossa parcela de culpa no subdesenvolvimento histórico (vide a Guerra do Paraguai). Como se não compartilhássemos os mesmos desafios e problemas. Como se não fôssemos, afinal, todos sul-americanos.
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