A crise política que se instalou em Limeira desde o dia 24 de novembro último tem despertado sentimentos distintos entre a população. Muitos têm criticado a cidade, outros consideram que o município dará um exemplo a tantos outros.
É indubitável que a repercussão midiática nacional dos escândalos envolvendo a família do prefeito afastado Silvio Félix (PDT) trouxe uma projeção negativa para Limeira. Ao mesmo tempo, a forma como a sociedade lida com isso tem servido de estímulo.
Recentemente, ouvi de uma jornalista que em Campinas - também envolvida numa crise política sem precedentes que culminou com a cassação do então prefeito e vice - não houve a mobilização popular que se vê em Limeira. Isto é, sem dúvida, um fator positivo a destacar na crise limeirense.
Tenho ouvido também nos últimos dias belos discursos e mantido boas conversas a respeito do atual cenário em Limeira. Em particular, dois interlocutores enxergam na atual crise uma grande oportunidade de mudança de paradigma.
Como se sabe, toda ruptura é dolorosa – e com Limeira não seria diferente. Para um dos interlocutores, o que ocorre na cidade é uma mudança poderosa do velho jeito de fazer política (coronelista, demagógico e personalista) para um novo modelo, com ampla participação popular e novos valores. Para este interlocutor, trata-se de um caminho sem volta, seja qual for o resultado do processo político-administrativo envolvendo Félix.
Um outro interlocutor enxerga em Limeira o reflexo de uma mudança mundial. Estão aí a Primavera Árabe, que resultou na deposição de ditadores em alguns países, e movimentos como o “Ocupe Wall Street”. Para os místicos, são os efeitos da propagada era de Aquário, que sacudiria o mundo. Aliás, este interlocutor admite carregar sua parcela de misticismo. “É a minha mística que me move”, disse.
O outro interlocutor vai por caminho semelhante: “O mundo está mudando!”. Isto envolve não só o aspecto público, mas também privado. “Em casa, minha filha de dez anos quer participar das decisões familiares. Antes não era assim, os pais impunham suas vontades”, observou.
Não resta dúvida de que a participação popular - em casa, no trabalho e na vida pública – veio para ficar. Contribuem para isso a propagação e o poder das redes sociais e uma maior presença e democratização dos meios de comunicação. Isto leva a uma troca de ideias sem precedentes na história e a um consequente despertar maior de consciências.
Quem não enxergar estas mudanças corre sério risco de ser massacrado por elas.
PS: no caso específico da crise envolvendo o prefeito afastado, muitos dirão que a participação da comunidade é movida por interesses pessoais e partidários. No primeiro aspecto, cumpre lembrar que, na história da humanidade, sempre houve líderes para mover as massas. Foi assim na Revolução Francesa, na Revolução Russa, nos movimentos de independência, etc. Por que seria diferente agora? No que diz respeito à participação de partidos, trata-se de uma ação legal e legítima.
Em tempo: sete anos atrás, quem criou o slogan da campanha então vitoriosa de Félix para a Prefeitura de Limeira talvez não imaginasse quão certo estaria – embora por vias tortuosas. Hoje, não me resta dúvida de que “Limeira vai melhorar” após todo este processo, seja qual for o resultado.
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