terça-feira, 29 de dezembro de 2009 | | 0 comentários

"Natal fora de época" - por que não?

Não sei se me entendem, mas devo confessar que implico com o Natal.

A implicância não se deve a razões religiosas. (...)

Implico com o Natal por razões deste mundo, portanto bem profanas. Quando novembro vai se findando, os sintomas da febre natalina se tornam visíveis numa cidade como São Paulo.

O trânsito, regido por Lúcifer, fica ainda mais demoníaco e a distinção entre as horas mais favoráveis e as de rush desaparece, pois tudo se torna rush. (...)

O Natal se caracteriza, como outras comemorações, por um traço negativo, em grau mais elevado do que as outras: a celebração obrigatória, com data marcada. O comércio inventou os dias das mães, dos pais, da criança, dos namorados, dos amigos e logo vai estender a lista para os amantes ou as amantes secretas e outras categorias.

Em qualquer dessas hipóteses, é possível evitar o ritual de cumprimentos e presentes.

Meu exorcismo, para afastar as pessoas, é curto e grosso: "Mais um dia dos lojistas".

A data natalina está longe da trivialidade desses dias, diretamente vinculados aos interesses comerciais. O mito cristão é poderoso, é belo, mas impõe, mais do que qualquer outro, a observância de certos rituais.

Dentre eles, os presentes ocupam um lugar central. Há quem se encante com o frenesi das compras, com o atravancamento das lojas e das ruas, com a exigência de não se esquecer de ninguém - o esquecimento converte-se num pecado capital -, porém os presentes, ao menos para mim, são um tormento a mais, em meio ao calor dos últimos meses do ano. (...)

Mas me pergunto se não poderíamos trocar a dádiva institucionalizada por uma atitude mais espontânea para quem dá e mais inesperada para quem recebe, a de oferecer presentes ao longo do ano? (...)

Diante disso e de outras coisas mais, como a simbologia dos trenós, das renas, do Papai Noel pesadamente vestido, das comidas próprias para o inverno e impróprias para o nosso verão, não seria possível ao menos mudar uma parte dos hábitos, numa perspectiva reformista, ou escalonar o Natal ao longo do ano, numa perspectiva revolucionária, autorizando a escolha individual do mês favorito do Natal?

Desse modo, poderíamos desconcentrar alegrias e aborrecimento e pronunciar frases hoje impensáveis, do gênero: "Meu Natal cai em setembro".

Fonte: Boris Fausto, historiador, “Folha de S. Paulo”, Caderno Mais!, 20/12/09


Belo texto! Parece que leram meu pensamento (sempre gostei de dar presentes ao longo do ano, sem motivo aparente, e sempre detestei a imposição dos presentes em datas específicas).

Em tempo: os vídeos - do também belo Natal no Edifício Prada - são um contraponto cultural ao texto.

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"Erramos?"

A capa da Folha de ontem diz que "na mídia e em declarações de autoridades americanas, o caso (do menino Sean Goldman, devolvido ao pai após uma novela de cinco anos) ganhou contorno de disputa entre países".

É verdade e, por isso mesmo, o papel da mídia precisaria ser discutido nesse caso.Trata-se de um assunto de família, exclusivamente de família. Não há interesse público envolvido. Há, sim, curiosidade pública, o que é bem diferente. Do que decorre a pergunta que me parece central e me causa desconforto: temos, os jornalistas, o dever, a obrigação, de atender sempre a curiosidade do público, mesmo quando ela é invasiva? Neste caso, é pior ainda, porque invasiva de uma criança.

Não, não me venham dizer que invadimos cotidianamente a privacidade de muitas pessoas. É verdade, mas, em 99,9% dos casos, trata-se de pessoas públicas, que procuraram a notoriedade, não raro apoiando-se na mídia.

A busca pelos holofotes tem preço. Muitas vezes, os holofotes acesos pela mídia é que impedem abusos de diferentes naturezas.

Mas Sean não procurou os holofotes. Seu caso acabou por se transformar em exercício de jornalismo-espetáculo.

E não apenas no Brasil: a rede norte-americana NBC não fretou um avião para levá-lo aos EUA com o pai por amor à infância, mas por amor ao espetáculo.

Nesse espetáculo acabamos por cometer um pecado grave: demos abrigo a uma acusação, feita pela avó materna, de que o Executivo e o Judiciário brasileiros venderam-se aos Estados Unidos pagando com Sean pela manutenção de vantagens comerciais.

Nenhum jornalista sério diria tal coisa por sua conta. Se o dissesse, correria o risco de purgar elevada pena. No entanto, no jornalismo-espetáculo, a acusação foi ao ar e ao papel. Incomoda, não?

(Fonte: Clóvis Rossi, colunista da “Folha de S. Paulo”, pág. 2, 27/12/09)


Em tempo: alguém se arrisca a responder a pergunta do título?

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Twitter - uma definição

O Twitter na visão do jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, ombdusman da “Folha de S. Paulo”: "é usado para disseminar fofoca, banalidade ou informação pessoal coletivizada graças ao ambiente contemporâneo de estímulo ao exibicionismo combinado com voyeurismo".

Faz sentido.

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Sábias palavras

"O fim do ano traz à tona uma opressora atmosfera de felicidade obrigatória. Aqueles de sorriso menos fácil ficam então acuados, estigmatizados pelo crime de não compartilhar o otimismo compulsório dos dias -tão ao gosto vigente."
Igor Gielow, colunista da "Folha de S. Paulo" (pág. 2, 27/12/09)

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"Esses 'meus' cabelos brancos"

"Esses seus cabelos brancos, bonitos,
esse olhar cansado, profundo
Me dizendo coisas, um grito,
me ensinando tanto, do mundo...

Meu querido, meu velho, meu amigo."

Este trecho da música do Roberto Carlos eu dedicaria a mim.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009 | | 0 comentários

Para descontrair

Passeio no parque com a namorada...

Ops...


Ich, agora estou confuso...

Hahaha.

Brincadeira!

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Retratos de Limeira

Ultimamente, tenho feito vários registros - precários, diga-se - de Limeira em diferentes momentos. Tudo pelo celular. Inspirei-me num colega jornalista. Aí vão alguns flagrantes:

Limeira no entardecer e no anoitecer...


... de longe e de perto...


... antes da chuva e durante a chuva...


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A mais nova máquina de voar

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009 | | 0 comentários

The Americans - 50 anos

Já escrevi neste blog (leia aqui) sobre o livro "The Americans", do renomado fotógrafo suíço - e que fez sucesso nos EUA - Robert Frank.

Pois a obra completou 50 anos e ganhou uma exposição em nada menos do que o Metropolitan Museum - a mostra segue até 3 de janeiro.

Para mais informações, há reportagem no Estadão (clique aqui) e uma nota na Folha (aqui). Seguem trechos das duas matérias:

"Quando foi lançado nos Estados Unidos em 1959, The Americans, livro em que o fotógrafo e diretor de cinema Robert Frank imprimiu a visão que teve do país numa jornada de dois anos, foi criticado até como antipatriótico. A 'América' que pretendia ser uma nação serena, otimista e confiante não podia ser a mesma daquelas 83 fotos em preto e branco. Mas era." (Estadão)

"O fotógrafo percorreu a América em uma jornada que se assemelha muito ao processo criativo de Jack Kerouac na elaboração do clássico 'On the Road'. Curiosamente, os dois não se conheciam até as obras mais famosas dos dois terem sido produzidas. Frank convidou Kerouac a escrever a apresentação de 'The Americans' sem que o escritor beat tivesse acompanhado seu trabalho." (Folha)

Já li (a apresentação é de ninguém menos do que Kerouac) e principalmente vi o livro. E recomendo!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009 | | 0 comentários

1981: o passado e o futuro do jornalismo

Vem de 1981, de uma TV de São Francisco, na Califórnia (EUA), uma interessante reportagem que tratava do futuro dos jornais diante da tecnologia. A discussão: que tal acordar e ter o seu jornal na tela do computador, algo um tanto fantasioso para a época?

A reportagem está em inglês.

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Um encontro com a rainha

Para quem gosta de filmes-documentário, para quem gosta de história, para quem aprecia a incrível aventura humana na terra e principalmente para quem aprecia a complexidade das relações humanas, recomendo “Encontro com a Rainha” (“The Queen and I”).

Trata-se de um filme da iraniana Nahid Persson (informações
aqui) que narra o encontro, 30 anos depois, da cineasta e ex-ativista comunista com a rainha exilada do Irã, Farah Pahlevi.

Farah foi casada por 20 anos com o último Xá (imperador) do Irã, Mohammad Reza Pahlevi, entre 1959 e 79. Foi quando uma revolução comandada pelo aitolá Khomeini derrubou a monarquia, instalando a república islâmica.

Uma das grandes bandeiras de Khomeini era a liberdade de expressão – a gestão do Xá era acusada de torturar e matar opositores e restringir as liberdades.

Fora do poder, o casal Pahlevi foi obrigado a fugir (passaram pelos Estados Unidos e Panamá) até se abrigar no Cairo, Egito. Foi lá que, um ano depois, o Xá morreu. Farah, então, mudou-se para Paris, onde vive até hoje.

A grande curiosidade do encontro – e que dá vida ao filme – é que Nahid foi uma das ativistas que contribuíram para a desgraça de Farah ao promover a revolução. Ao mesmo tempo, o pai da cineasta morrera quando ela tinha 9 anos de idade vítima da falta de condições dada ao povo iraniano pelo império.

Para completar a história, nem Farah nem Nahid podem pisar no Irã desde que os aiatolás tomaram o poder (a cineasta refugiou-se na Suécia).


Como se sabe, a liberdade de expressão ficou na promessa (o governo iraniano continua torturando e matando opositores – o próprio irmão de Nahid foi enforcado com 17 anos de idade -, além de retomar práticas que já tinham sido abolidas no país, como a morte por apedrejamento de adúlteros e o uso do véu negro pelas mulheres).

Trinta anos depois, ambas têm um sonho comum: voltar ao Irã.

Mais que isso, só vendo o filme para compreender que ninguém é tão bom ou mal o tempo todo. E que tudo na vida é circunstancial – analisar situações fora de contexto e sem considerar as circunstâncias e as razões de cada um pode ser um grave erro.

Em tempo: o filme está disponível na grade do GNT.

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Uma frase

"É preciso coragem para assumir a desesperança."
Do filme "Foi apenas um sonho" (Revolutionary Road)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009 | | 0 comentários

Pop art em Londres

É com algum atraso que divulgo uma interessante exposição que estreou na Tate Modern, em Londres. Desde 1 de outubro, o museu britânico destinado à arte contemporânea exige um conjunto de obras de artistas da década de 1980 que se notabilizaram pela pop art.

Andy Warhol, Damien Hirst, Jeff Koons e Takashi Murakami são alguns dos nomes da exibição.

Chamada “Pop Life, Art In A Material World”, a mostra fica na Tate até 17 de janeiro de 2010. Como infelizmente não é possível ir para Londres toda hora, quem quiser dar uma olhada nos trabalhos da exposição pode clicar
aqui.

* A foto foi copiada do UOL.

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Mais jornalismo

Já que fiz a última postagem ligada a jornalismo, seguem dois materiais que considero interessantes (o primeiro deles está em inglês):



Apostila de Jornalismo

Ah, recomendo também que acessem o blog do curso de Jornalismo do Isca Faculdades e vejam uma parte das produções dos alunos em 2009. Para acessar, clique aqui.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009 | | 0 comentários

Publicidade e jornalismo

Os jornais de Limeira voltaram a usar no final de semana um expediente bastante polêmico do ponto de vista jornalístico. Costumo defini-lo como anúncio invasivo (veja imagem).




Esse recurso não é novo na imprensa. Do ponto de vista do marketing e da publicidade, não resta dúvida sobre sua eficácia. Anúncios desse tipo são notadamente criativos e chamam a atenção. Este é o ponto. O anúncio chama tanto a atenção que deixa a notícia em segundo plano.

Reitero que o problema neste tipo de anúncio não reside na questão publicitária. A pergunta é outra: esse tipo de publicidade prejudica a leitura das matérias? A resposta me parece clara.

Não nego que, neste quesito, sou um tanto conservador. Assumo a posição do designer de jornais Chico Amaral, do estúdio Cases i Associats, de Barcelona. Em palestra num seminário promovido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), ele manifestou preocupação com anúncios que "invadem" as reportagens e afetam a leitura. Segundo ele, a publicidade deveria valorizar o que o meio jornal tem de único e não tentar se apropriar de mecanismos da Internet ou da TV.

Obviamente, não se deve ter uma posição radical. Mas se esta não pode ser tomada em defesa do jornalismo, tampouco deve ser tomada em defesa da publicidade (ou seja, sob o argumento de que tal recurso é criativo e que traz dinheiro).

Aliás, nesse quesito, talvez seja interessante recorrer ao que escreveu Eugênio Bucci em seu “Sobre ética e imprensa” (São Paulo: Companhia das Letras, 2000). Diz ele: “(A lógica) começa pela certeza de que quem sustenta qualquer empresa dedicada ao jornalismo não é a publicidade, mas a credibilidade pública. Um engano bastante comum (...) é supor que a publicidade garante o sustento dos veículos de imprensa. O engano é comum porque se apóia em números verdadeiros. O público não vai atrás do anunciante, mas o contrário. Portanto, (...) para atrair e manter anunciantes é preciso cativar, conquistar e manter o público. (...) O que ‘ajuda’ a publicidade a atingir suas metas é o bom jornalismo praticado pelo veículo, e é só dessa forma – construindo a credibilidade – que o jornalismo pode ‘ajudar’ a publicidade.”

Há quem possa dizer que esses anúncios atrairão dinheiro, o que poderá resultar em investimentos jornalísticos. A prática das empresas, porém, tem mostrado que isso não é verdade. As redações, via de regra, têm sido sucateadas.

A aposta na publicidade a qualquer custo (e a busca por resultados imediatos) em detrimento do investimento jornalístico (com retorno a médio prazo, inclusive publicitário) talvez ajude a explicar a atual crise de parte da imprensa.

Se alguém considera exagerada a minha observação, responda honestamente: gostou de ler (do ponto de vista da legibilidade) as reportagens afetadas pelo anúncio?

***
A discussão não é nova – uma breve pesquisa nos arquivos da “Folha de S. Paulo” resulta numa série de textos abordando a questão. Um apanhado deles segue abaixo (com os devidos links, que exigem senha. Repare que alguns deles partiram de leitores).

Claro que os comerciais podem ter lugar em órgãos da imprensa.Mas a dignidade do jornal exige que este lugar ocupe o segundo plano da informação, da notícia, que constitui a matéria-prima da imprensa. As capas promocionais frustram a expectativa do leitor, que pega o jornal ávido para se informar e tropeça de cabeça com um anúncio gritante. A mensagem subliminar passada ao leitor pelas capas é a de que o jornal foi engolido pela publicidade. Como poderemos confiar na independência do jornal quando este caiu sob os tentáculos do Leviatã da publicidade? Sim, porque a informação tem primazia absoluta sobre os interesses comerciais da empresa, e jamais poderia ser passada para trás, privilegiando o alto empresariado nacional e multinacional.
De
Gilberto de Mello Kujawski em 1 de fevereiro de 2009

Achei lamentável a edição gráfica das páginas A11, A12 e A13 (caderno Brasil) da edição de ontem. As notícias ficaram totalmente subordinadas ao estilo gráfico irreverente da publicidade. Era impossível concentrar-se na informação por causa do impacto visual do anúncio. Se foi um sucesso publicitário, a edição foi um fracasso jornalístico.
De
Aline Leal Barbosa em 18 de março de 2008

A publicidade não é inimiga do jornalismo - sem ela, componente fundamental da receita, um jornal pode acabar se financiando de modo heterodoxo. Trata-se, contudo, de atividades distintas: a finalidade do jornalismo é informar.
A diretora de Revistas diz que a Redação só tem acesso prévio aos "anúncios irregulares, que interferem na diagramação e/ou que citam produtos editoriais". Esses podem ser recusados.
De
Mário Magalhães, ombudsman, em 1 de julho de 2007

Muitas falhas podem ser atribuídas à Folha, mas dentre elas não está o hábito de permitir que interesses da área Comercial se misturem ao noticiário.
Na segunda-feira, porém, houve um chato escorregão, quando o anúncio de um banco, em formato de "u" invertido, enquadrou, isolando-o totalmente, um texto jornalístico que, numa primeira mirada, facilmente se confundia, assim, com a própria publicidade. (...)
Compreende-se que os publicitários busquem formas criativas capazes de -nos termos de um leitor que reclamou desse "desrespeito" para com a reportagem enquadrada- carnavalizar as páginas dos jornais. Cumprem seu ofício.
Mas não é desejável, apesar das dificuldades econômicas atuais dos meios de comunicação, que estes façam concessões que possam levar ao esfarelamento da tradicional e indispensável separação entre publicidade e notícia.
De
Bernardo Ajzenberg, ombudsman, em 18 de maio de 2003

Anúncio é renda. (...)
Há uma disputa muito grande entre os diversos meios de comunicação pelas verbas publicitárias, e os jornais vêm perdendo terreno. (...)
Os jornais têm, portanto, que se mexer. Devem oferecer eficiência (de venda) e criatividade para os seus anunciantes.
Anúncio é informação. (...)
Mas e o leitor? Ele não recusa inovações ou anúncios criativos. O que o incomoda é qualquer coisa que dificulte a leitura do jornal. Nesses casos, reclama, e com toda a razão. O jornal tem de usar o bom senso nessas horas para conciliar os seus interesses com os dos anunciantes e, principalmente, os dos leitores.
De Marcelo Beraba, ombudsman, em 13 de junho de 2004

A meu ver, trata-se de procedimento errado. A última palavra sobre a invasão do terreno tradicionalmente informativo deveria ser da Redação.
De
Carlos Eduardo Lins da Silva, ombudsman, em 19 de outubro de 2008

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009 | | 3 comentários

"Piratas da fé"

É muito fácil fundar uma igreja no Brasil. No último domingo, esta Folha publicou reportagem em que relatava como três de seus profissionais criaram a Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio, com custo de R$ 418.

Ninguém seja maluco de participar de igreja de jornalista, mas, ironias à parte, com a sua nova doutrina, Hélio Schwartsman e seus dois "bispos" puderam fazer operações financeiras isentas de IR e IOF.

Pela lei, como qualquer outra, a Igreja Heliocêntrica está dispensada de pagar IPTU (imóveis urbanos), ITR (imóveis rurais), IPVA (veículos) e ISS (serviços). A Constituição concedeu imunidade tributária às igrejas como forma de proteger a liberdade de culto. Na prática, esse princípio vem sendo sistematicamente desvirtuado.

Um dos efeitos históricos dessa distorção, para falar do que importa, foi a consolidação de um novo grupo de milionários da fé, basicamente composto por pastores-empresários e pastores-políticos. Eles se valem do dinheiro obtido por meio da religião (o dízimo, não tributado) para alavancar atividades mercantis que deveriam estar sujeitas ao recolhimento de impostos.

Não há como decidir por princípio se uma igreja é "séria" ou "vigarista". Aos olhos do fiel, a sua igreja será sempre legítima. Para um ateu, todas têm o dom de iludir.

A questão aqui é outra: o pastor pode pregar para (ou enganar) seus fiéis à vontade; só não pode é usar a Bíblia para ludibriar a Constituição. Igrejas não podem ser biombo de práticas comerciais nem a fé pode ser pretexto para atos ilícitos.

Quando alguém extrai lucro de um estacionamento ao lado de um templo e não paga IPTU por isso, temos aí um pequeno delito. Quando o dinheiro dos fiéis está na origem de um conglomerado empresarial que tem como joia da coroa uma TV (concessão pública) avaliada em R$ 2 bilhões, então o problema é bem mais sério. E pior fica quando esses piratas do Senhor se tornam figuras respeitáveis da República com o respaldo do governo.

Fonte: Fernando de Barros e Silva, Folha de S. Paulo, 2.12.09, p. 2.

PS: eis o que eu penso. E está dito! Aliás, as autoridades em Limeira podiam dar uma checada na situação dos "piratas da fé".

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"O olhar externo sobre 2010"

No Foro Eurolatinoamericano de Jornalismo, que foi o que me trouxe a Lisboa, em conversas com personalidades ibero-americanas, em mesa redonda na TV portuguesa sobre a Cúpula ibero-americana que começa hoje -em toda a parte, a sensação que se respira são duas: uma, a de que o Brasil é o país da moda hoje.

A outra é a de que o resultado da eleição de 2010 não vai mudar grande coisa no país. A mais contundente afirmação nesse sentido veio de Felipe González, ex-presidente do governo espanhol (1982-1996), um dos mais brilhantes políticos do quarto final do século passado.

Para ele, há, no Brasil, uma "linha de continuidade entre o presente e o futuro", do que decorre a visão de que, "qualquer que seja o vencedor [em 2010], o Brasil não vai mudar sua estratégia básica".

De certa forma, é uma elaboração mais sofisticada da tese do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que não haverá "trogloditas" na iminente disputa eleitoral.

Tendo a concordar com essa avaliação, embora definir quem é ou não "troglodita" seja uma questão subjetiva. Lula era "troglodita" para, por exemplo, uma parte considerável do empresariado, os mesmos que hoje babam na gravata diante do presidente.

A única dúvida sobre as duas sensações citadas no início surgiu em conversa informal com uma das mais experientes personalidades do mundo ibero-americano, um analista excepcional.

Ele pergunta a si próprio se a projeção internacional do Brasil é do Brasil ou de Lula. Acho que é de ambos, mais do Brasil (pelo tamanho, população, economia etc). Mas Lula também pesa. A dúvida é pertinente: quanto pesará o/a ganhador/a? Como será a primeira eleição em que a política externa tende a ter presença, a resposta dirá se a "estratégia básica" muda ou não.

Fonte: Clóvis Rossi, Folha de S. Paulo, 29.11.09, p. 2.

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Acontece...

Nossa, isso na Globo dá demissão!!!
(Acrescido em 8/12: lamentavelmente, o UOL retirou o vídeo que mostrava erros ocorridos no Jornal da Globo. Mantenho a postagem aqui).



E olha isso!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009 | | 0 comentários

Imagens de Limeira



Limeira ao cair da tarde e ao cair da chuva (importante: a qualidade das fotos no celular antigo era um lixo...).

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Belas imagens

Nossa, quanto tempo sem escrever... Tempo... Melhor repetir Bethânia: "Tempo, tempo, tempo, tempo..."

Para quem gosta de fotos, um link do jornal "Boston Globe" é imperdível - elas são da National Geographic. A seguir, reproduzo uma imagem (a minha preferida por vários motivos). Para ver as demais, clique aqui.

PS: o link foi uma dica que estava no Twitter do Pedro Andrade, um dos participantes do "Manhattan Conection", programa dominical do GNT.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009 | | 1 comentários

Cena noturna


Uma lua cheia em homenagem ao apagão de terça-feira. A foto é minha, a visão foi da Mirele (hahaha).

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Pitacos políticos

A Prefeitura de Limeira literalmente não sabe o que fazer com o setor de transporte. Uma das duas empresas concessionárias do serviço fez os investimentos previstos e cobra um reajuste de tarifa, que chegou a ser autorizado; a outra empresa nada fez, e não merece ter o reajuste.

Como equacionar esta situação? O prefeito Silvio Félix (PDT) está sendo pressionado por uma empresa para dar o aumento. O secretário dos Transportes, Ítalo Ponzo Júnior, apostou no bom-senso e recomendou que a correção tarifária fosse adiada – o que ocorreu.

A questão é: até quando a prefeitura vai conseguir segurar esse rojão? Qual interesse deve pesar mais? Teoricamente o dos usuários, o que significa segurar o aumento. Isto, porém, pode levar a um colapso, pois trabalhadores já falam em paralisação e a empresa que fez os investimentos pode colocar o pé no freio.

A opção pelo rompimento do contrato de concessão com a empresa que não investiu também é problemática, pois transporte coletivo não se troca da noite para o dia.

Pelo que se vê, qualquer que seja a decisão haverá reflexos – seja entre as empresas, seja entre os usuários.

Não resta dúvida de que o setor de transportes, no qual o prefeito dizia ser especialista, é um dos maiores fracassos de seu governo.

***

Aliás, parece haver uma clara rota de colisão entre as manifestações de Félix e de seu secretário Ítalo. A dúvida: até quando isso dura?


***
Está consolidado na Câmara de Limeira o surgimento de uma nova oposição, madura, menos radical, mais coerente. Provavelmente nem Félix imaginaria que aos dois oposicionistas eleitos – Paulo Hadich (PSB) e Ronei Costa Martins (PT) – iriam se somar dois supostos governistas – Miguel Lombardi e Mário Botion (ambos do PR).

Nos bastidores, o bloco é dado como formado. De um dos membros, ouviu-se o seguinte: “O Piuí (PR) já aderiu mesmo (ao governo). Mas os demais estão firmes”.

Noves fora, a conta é a seguinte: depois do PDT do próprio Félix, o PR tem a maior bancada na Câmara – e já fala em candidatura a prefeito em 2012, o que implica desgarrar do governo. Dos três vereadores que o PR elegeu, dois vêm adotando uma postura crítica à administração municipal (basta ver a postura de Lombardi na chamada CPI do Fantasma).

Detalhe incongruente desta história: o PR mantém um posto no alto escalão do governo Félix. O partido tem a presidência do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), com o todo-poderoso da sigla (ex-todo-poderoso do governo), René Soares.

***

Nos bastidores, Félix segue articulando a candidatura da esposa Constância a deputada estadual em 2010. O prefeito conseguiu com o passar do tempo tirar o poder do Centro de Promoção Social Municipal (Ceprosom), que virou um mero órgão administrativo, e dar poder ao Fundo Social de Solidariedade (presidido pela primeira-dama), que agora comanda todas as ações sociais.

Félix, porém, está preocupado com o cenário que vem se pintando para a eleição, principalmente na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa. É esperar para ver...

***

Pelo menos desta vez a Justiça restabeleceu o bom-senso, barrando de vez a posse de suplentes de vereadores este ano após decisão demagógica, inoportuna e ilegal do Congresso. Agora, o aumento do número de vereadores vai valer somente para a próxima eleição – o que é justo. Afinal, não se pode mudar a regra do jogo com o jogo em andamento (ou terminado...).

Em tempo: os suplentes perderam no Supremo por 8 votos a 1 em votação nesta quarta-feira.

terça-feira, 3 de novembro de 2009 | | 0 comentários

"A Marcha de Jesus e o Diabo"

Uma multidão acompanhou ontem em São Paulo a Marcha para Jesus, manifestação das igrejas neopentecostais que existe no país desde 1993. A PM falava à tarde em pelo menos 1 milhão de participantes; os organizadores esperavam 6 milhões até a noite.Há muita imprecisão nessas estimativas, mas é fato que a marcha dos evangélicos -ao lado da Parada Gay, que mobiliza outras tribos e sentimentos- responde pela maior concentração popular da cidade, o que indica a força dessa nova fé.

São dezenas de igrejas reunidas, entre as quais a Universal do Reino de Deus, mas a coordenação é da Renascer em Cristo, do casal Estevam e Sônia Hernandes. O tema neste ano foi "marchando para derrubar gigantes" -e o maior deles, como dizia Estevam, "é o gigante da discriminação e do estereótipo".

O líder da Renascer usou o evento para fazer alusão ao episódio em que ele e sua mulher foram condenados e cumpriram pena nos EUA por contrabando de dinheiro. Para não deixar dúvidas, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), da Igreja Universal, dizia que a marcha era um "ato de revogação de todas as injúrias e difamações" contra o casal Hernandes. Aonde chegamos?

Há poucos dias, convidado a uma inauguração na Rede Record, o presidente da República disse que a emissora, como ele, era "vítima de preconceito". Lula, é claro, nada falou sobre o processo judicial em que Edir Macedo, dono da Record, e outros nove líderes da Igreja Universal são acusados de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

A fala do presidente sobre o "preconceito" que vitimaria a Record é muito parecida com o que diz o líder da Renascer a respeito da "discriminação". E o silêncio de Lula sobre as denúncias que atingem a cúpula da Universal e seus negócios equivale a um ato de revogação de qualquer suspeita sobre os amigos, como fez ontem o senador Crivella.Há um ar de família entre a marcha dos evangélicos e a marcha da política. Diante da coalizão entre Jesus e Judas, querer legalidade hoje no país parece até coisa do Diabo.

Fonte: Fernando de Barros e Silva, Folha de S. Paulo, 3/11/09, p. 2.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009 | | 0 comentários

Uma frase

"As pessoas fazem escolhas. Não há nada de errado com a torta de blueberry."
(Frase retirada do filme "Um beijo roubado")

sexta-feira, 30 de outubro de 2009 | | 0 comentários

Homenagem a Drummond

"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."


Poema "No meio do caminho", uma homenagem a Carlos Drummond de Andrade, cujo aniversário seria comemorado neste sábado caso estivesse vivo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009 | | 0 comentários

"Olhar São Paulo"

São Paulo é uma cidade multifacetada, multiétnica, multicultural, “multitudo”. Olhar essa diversidade gera uma multiplicidade de visões. São Paulo pode – e merece – ser vista do alto, de baixo, à noite, de dia, no Centro, na periferia. Como toda metrópole, é uma cidade que nunca se cansa de inovar, que não cansa de se renovar. Para ver tudo isso, basta olhar para ela.

Em setembro, a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo promoveu uma interessante exposição cujo título já indica bem o que dela se esperava. "Olhar São Paulo" proporcionou o acesso, no Hotel Bourbon Convention Ibirapuera (Avenida Ibirapuera, 2.927), a imagens raras e imagens cotidianas que só São Paulo pode gerar.

Ao todo, são 40 imagens de 35 fotojornalistas. Uma delas ilustra esta postagem, em foto de Filipe Araújo, disponibilizada pelo UOL – outras fotos podem ser vistas clicando aqui.
Em tempo: a exposição vai até o dia 10 de dezembro de 2009.

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A Feira do Zanaga

Interessante trabalho feito por alunos de Jornalismo do Isca Faculdades.



domingo, 25 de outubro de 2009 | | 0 comentários

No Twitter - 1

Frases de Paulo Coelho no Twitter:

"Se tenta ser 'bonzinho', é julgado. Se tenta ser você, é criticado. Prepare-se para críticas e siga adiante."

"O Mal usa os 'bonzinhos' como marionetes para fazer seu trabalho."

"Se você realmente quer viver, pare de tentar agradar os outros e seja quem sempre sonhou."

***
Um twitteiro interessante para seguir é o repórter Rodrigo Bocardi, da Globo. Ele constantemente posta dicas e fotos de suas aventuras por NY e pelo mundo. São dele as imagens a seguir (de uma reportagem feita na África, de um fim de dia em NY e da chegada do Halloween também em NY).



sexta-feira, 23 de outubro de 2009 | | 0 comentários

Eu vou...

"As coisas estão passando mais depressa
O ponteiro marca 120
O tempo diminui
As árvores passam como vultos
A vida passa
O tempo passa
Estou a 130 as imagens se confundem
Estou fugindo de mim mesmo
Fugindo do passado
Do meu mundo assombrado de tristeza de incerteza
Estou a 140
Fugindo de você

Eu vou
Voando pela vida
Sem querer chegar
Nada vai mudar meu rumo
Nem me fazer voltar
Vivo fugindo
Sem destino algum
Sigo caminhos que me levam
A lugar nenhum

O ponteiro marca 150
Tudo passa ainda mais depressa
O amor, a felicidade
O vento afasta uma lágrima
Que começca a rolar no meu rosto
Estou a 160
Vou acender os faróis
Já é noite
Agora são as luzes que passam por mim
Sinto um vazio imenso
Estou só na escuridão
A 180
Estou fugindo de você

Eu vou
Sem saber pra onde
Nem quando vou parar
Não, não deixo marcas no caminho
Pra não saber voltar
Às vezes, sinto que o mundo
Se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda
Eu vou viver assim

O ponteiro agora marca 190
Por um momento tive a sensação
De ter você ao meu lado
O banco está vazio
Estou só
A 200 por hora
Vou parar de pensar em você
Pra prestar atenção na estrada

Vou sem saber pra onde
Nem quando vou parar
Não, não deixo marcas no caminho pra não saber voltar
Às vezes
Às vezes sinto que o mundo
Se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda
Eu vou viver assim."
("120... 150... 200 km por Hora", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009 | | 0 comentários

Ah, Paris...

O melhor da novela “Viver a Vida”, da Rede Globo, são as imagens de Paris.

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Dr. Júlio e Hadich: candidatos (e Raposo também)

O médico ortopedista e ex-vereador em Limeira, Júlio César Pereira dos Santos, foi entrevistado hoje no programa "Fatos & Notícias", da TV Jornal de Limeira. E confirmou, ao vivo, o que se especula nos bastidores: será mesmo candidato a deputado em 2010.

Dr. Júlio está filiado ao PSB e garantiu na entrevista que o partido terá candidatos a deputado estadual e federal em Limeira. Questionado sobre quem seriam os candidatos, ele afirmou: "eu e o Hadich". A referência é ao delegado e vereador Paulo Hadich. O médico deve disputar uma vaga na Assembleia Legislativa, enquanto que o colega vai para a disputa por uma cadeira na Câmara Federal.

Em tempo: para evitar problemas, obviamente que ambos são oficialmente pré-candidatos.

PS (acrescentado em 30/10): o também médico José Joaquim Raposo Filho, agora filiado ao PSL, também anunciou - no "Fatos & Notícias" - que é pré-candidato a deputado em 2010.

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Malcolm e a alma feminina

Nesta quarta-feira, 21/10, o médico ginecologista Malcolm Montgomery estará em Limeira para uma palestra promovida pela Unimed, à noite. Antes, dará uma entrevista ao vivo no programa "Fatos & Notícias", da TV Jornal, que apresento junto com os colegas Luiz Biajoni e Ana Paula Sequinato.

Tive a oportunidade de entrevistar Malcolm em sua clínica, em São Paulo, em 2007. Foi uma conversa de cerca de uma hora e meia, na qual ele falou de ensino, saúde e, claro, das mulheres. O papo rendeu uma longa entrevista, publicada na ocasião no Jornal de Domingo, caderno do Jornal de Limeira. O título foi: "A paixão das mulheres".

Foi, sem dúvida, uma das melhores entrevistas que já fiz.

Convido a todos para assistir ao "Fatos" nesta quarta. Garanto que valerá a pena, afinal ninguém entende tão bem a alma feminina quanto Malcolm.

A seguir, reproduzo a introdução da entrevista com o médico publicada no Jornal de Limeira. Para quem quiser conferir a íntegra, basta clicar aqui.

"Ele ajudou a revolucionar a vida das mulheres. Deu a elas a possibilidade de uma vida saudável, independente e prazerosa. Sim, porque - como ele mesmo diz - o corpo faz a mente. Portanto, estar bem consigo mesmo é fundamental para o prazer. Ginecologista de astros e estrelas, o médico Malcolm Montgomery tornou-se uma celebridade por seu trabalho. Nem por isso, deixou de ser uma figura simples, de boa conversa. E que não tem medo de falar o que pensa “num País onde você tem que mentir”, diz.

Pai de dois filhos, ex-marido da atriz Mylla Christie e namorado da atriz Carla Regina, que nasceu em Limeira, Montgomery recebeu o Jornal de Limeira numa tarde de quarta-feira em sua clínica, em São Paulo. Ele falou sobre a técnica dos implantes hormonais, da delicada relação médico-paciente, sobre filhos e, claro, sobre mulher. Admitiu conhecer um pouco desse ser, mas negou ser um expert - embora não se tenha como negar, é um especialista no assunto. 'É bobagem querer entender mulher. A mulher é pura contradição', afirma.

Eclético, estudioso, analítico, Montgomery lamenta a falta de tempo dos médicos para lidar com seus pacientes. Critica o ensino e a qualidade dos programas de TV. Diz que o Brasil retrocedeu em saúde e educação. E, como médico, faz o diagnóstico do drama nacional: 'A grande problemática no Brasil é a de um país que não tem controle de natalidade'.

Na entrevista a seguir, você encontrará o Montgomery médico, pai, celebridade - todos misturados numa pessoa de fala simples e idéias claras."

terça-feira, 13 de outubro de 2009 | | 1 comentários

Evolua, use sua criatividade!

Criatividade à solta no Isca Faculdades para a campanha do processo seletivo 2010. Para ilustrar, reproduzo a seguir algumas peçsa que tiveram participação de meus ex-alunos de Jornalismo:







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Sobre a educação

Para quem não leu, recomendo a leitura do texto do jornalista Rafael Sereno, publicado na página 2 da "Gazeta de Limeira" de 12/10. O texto é intitulado "Trocar a marreta pela lousa eletrônica".

"Gilberto Dimenstein disse, em visita ocorrida em maio a Limeira, que o sucesso de uma escola pública depende do envolvimento da família, da escola e da comunidade. É a fórmula que dá certo no Brasil, na Europa, em qualquer parte do mundo. (...) Num mês significativo para a educação, com a lembrança do Dia do Professor, nesta quinta-feira, chamar a comunidade para colaborar no avanço da educação faz-se necessário."

sexta-feira, 9 de outubro de 2009 | | 3 comentários

Ivan, o Terrível - falou e disse!

Tinha que ser ele.

O Ivan Costa, aluno do sexto semestre de Jornalismo do Isca Faculdades, não perdeu a chance de protestar no famoso púlpito do Serginho Groissman, na gravação do "Altas Horas" em 8/10. Ele criticou a derrubada da obrigatoriedade do diploma para jornalistas - decisão tomada no meio do ano pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

É isso aí Ivan, falou e disse!

E, claro, se o Ivan não perdeu a chance de protestar, o Fábio Gianfratti - aluno do oitavo semestre de Publicidade do Isca - não perdeu a chance de registrar!

Em tempo: se quiser ver mais fotos sobre a gravação do "Altas Horas" com a turma do Isca, clique aqui. Ah, o programa deve ir ao ar em 7 de novembro.

PS: agradeço ao Fábio pelo envio da foto. Valeu!

domingo, 4 de outubro de 2009 | | 1 comentários

"Seremos todos meninos" (sobre o Rio 2016 e o Brasil)

Desde pequeno, sempre ouvi dizer – seja por parte dos racionalistas ou dos magos – que o Brasil será o país do futuro. Cresci acreditando nisso (ah, inocência infantil...). A maturidade me deu um banho de realidade e vi que o tal “país do futuro” seria sempre isso, o “país do futuro”, um “futuro” que tal qual para os sebastianistas em Portugal, nunca chegará.

Será mesmo? Confesso que de dois anos para cá, desde que fiz uma viagem pela Europa, ocasião em que ouvi muitos comentários positivos a respeito do Brasil, comecei a rever meus conceitos. Mais uma vez, porém, os fatos se impuseram: uma série de denúncias de corrupção país afora, tentativas lentas de melhorar a educação e a segurança... Isso tudo me fez crer que a imagem dos estrangeiros em relação ao Brasil é mais positiva do que a realidade para nós, brasileiros.

Pois as manifestações estrangeiras pró-Brasil se acentuaram, o país foi importante na consolidação do G-20, o novo fórum mundial, e eis que o Rio de Janeiro é escolhido para sediar as Olimpíadas de 2016. É impossível não ver em todo o contexto atual um novo papel do Brasil, um país que passara de figurante a coadjuvante e agora a protagonista da cena mundial. O fato do país sediar na próxima década a Copa do Mundo e as Olimpíadas são apenas um símbolo no ramo esportivo da ascensão brasileira.

Sendo assim, é inevitável pensar: será que aquele “futuro” que sonhava na infância está chegando?

PS: a escolha do Rio como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 tornou inevitável também calcular quantos anos eu terei na ocasião. Confesso que o resultado não me agradou muito até que li um artigo que resumiu o meu verdadeiro sentimento. Mário Magalhães escreveu na “Folha de S. Paulo” de sábado, 3/10: “Os amigos se perguntam quantos anos terão eles e os filhos em 2016. Dou de ombros: seremos todos meninos”.

É isso aí, seremos todos meninos!

(Postagem dedicada ao amigo Cristiano Persona)

***
Nos últimos dois dias, li muito a respeito da conquista olímpica do Brasil. Confesso que senti orgulho, como brasileiro, quando ouvi o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciar “Rio de Janeiro”. Ao mesmo tempo, tenha plena noção dos desafios e dos riscos que isso representa. Então, como ainda não tenho uma opinião consolidada a respeito do assunto, decidi reunir alguns artigos para que os leitores deste blog tenham um panorama de opiniões. Infelizmente, o acesso exige senha do UOL ou da “Folha”.

* “Montréal afundou em 1976. Barcelona, contudo, apoiou-se em 1992 para firmar a vocação de centro cosmopolita que o futuro consagrou. Por que condenar, como maldição atávica, o Rio ao insucesso canadense e não à inspiração catalã?”
(Mário Magalhães, FSP, 3/10, “Em 2016, seremos todos meninos”)

* “Quem viu o Pan-2007 não tem por que acreditar em nenhuma das promessas feitas e sabe que aquela cidade maravilhosa que os filmes mostraram não existe.”
(Juca Kfouri, FSP, 4/10, “Uma chance de ouro”)

* "`Por que não?´ Por que não Olimpíadas no Brasil? `O sol é tão bonito´, dizia Caetano Veloso. Porque `os teus príncipes são companheiros dos ladrões´, dizia o português-baiano padre Vieira citando Isaías, e `porque furtam, furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse´. A citação não é nada original, mas furta-se de modo também tão recorrente que é difícil não pensar no quanto se poderá furtar de um governo refém de um compromisso internacional irrevogável como a Olimpíada.”
(Vinícius Torres Freire, FSP, 4/10, “Alegria, alegria")

* “Receber Jogos é, de fato, um bom negócio?”
(Marcelo Proni, FSP, 4/10, título idem)

*** Imagem retirada do site www.tvcanal13.com.br

quarta-feira, 30 de setembro de 2009 | | 0 comentários

A nova realidade americana

No recente giro que fiz pela Costa Leste dos Estados Unidos, de Nova York a Key West, um aspecto me chamou a atenção: a quantidade de imóveis - residenciais e notadamente empresariais - com placas indicando “sale”, “for lease” ou “for rent”. Ou seja, para vender ou alugar. Muitos desses imóveis eram novos, ou tinham aspectos de novos.

Foi inevitável associar esta nova realidade (ao menos para mim) à crise econômica que atingiu o mundo e que teve seu pico nos EUA. Aliás, esse foi o sinal mais evidente da crise, pois pelas cidades por onde passei não vi cenários que indicassem uma recessão. Os moradores, porém, talvez os vejam. Em Miami, um motorista de táxi me disse que os norte-americanos estavam assustados com a queda na atividade econômica na cidade, inclusive turística – o principal “motor” da economia local. Outro taxista, porém, disse que em setembro o movimento sempre foi baixo por não ser alta temporada.

Divergências à parte, os EUA seguem estimulando o consumo. “Compre um e leve outro”, “compre e ganhe 50% de desconto na próxima negociação”, “raspe o cartão da loja e ganhe descontos”, “noite da moda, com preços incríveis”. Tudo para vender. Não se sabe, porém, até que ponto o norte-americano está com dinheiro no bolso e disposição para gastar.

Os números da economia americana ainda assustam: em meio a tantas (tantas mesmo!) placas de “vende-se” ou “aluga-se”, a previsão dos especialistas é que 6,4 milhões de imóveis irão para hipoteca em 2010 devido à incapacidade de pagamento de quem os financiou. Isto é um número brutal considerando a crise que já atingiu o mercado imobiliário em 2008 e este ano.

O presidente dos EUA, Barack Obama, manifestou na semana passada que esperava um PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas por um país) positivo no trimestre, o primeiro após uma longa recessão. O resultado divulgado ontem, porém, indicou um cenário ainda de retração.

O fato é que para os turistas, os EUA continuam sendo um “oásis” para compras, como anuncia um grande outlet na região de Miami, o Sawgrass Mills. É bom saber, contudo, que esses mesmos turistas poderão se deparar com imagens dificilmente antes vistas, como a de pessoas pedindo dinheiro em semáforos. Se são realmente necessitados não se sabe, mas sem dúvida a crise de alguma forma está envolvida nesse cenário. Ainda que seja por mero oportunismo.

PS: além do pedinte no semáforo, esta nova figura da vida americana, em Atlanta fui abordado por um cidadão que me pediu dinheiro (na verdade “gorjeta” depois de perguntar se eu precisava de ajuda). Um tanto impaciente com a minha tentativa de passar por desentendido, ele afirmou ser “homeless” – um sem-teto. Acabei dando dois dólares para dispensá-lo. Ele pediu mais dois. Recusei. Ele se foi (acho que um tanto insatisfeito).

* Em tempo: para se ter uma ideia do tamanho da crise, Obama disse em entrevista recente a David Letterman que o país perdia 700 mil empregos por mês quando ele assumiu o governo. Até agora, a crise já custou US$ 5 trilhões aos EUA.

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Uma frase

"Non ducor, duco."

segunda-feira, 28 de setembro de 2009 | | 0 comentários

Pejon no PSC; cenário eleitoral terá surpresa

O ex-prefeito de Limeira, José Carlos Pejon, acaba de se filiar ao PSC, o Partido Social Cristão. Ele esteve hoje em São Paulo para assinar a ficha de filiação ao lado do deputado federal Régis de Oliveira. O ex-prefeito havia deixado o PSDB rumo ao PP após ter sido preterido nas disputas internas no partido, o que também ocorreu na sua nova e agora antiga casa.

No PSC, diz Pejon por meio de sua assessoria, está garantida a legenda para disputar uma vaga na Assembléia Legislativa ou na Câmara Federal em 2010. A escolha caberá a ele, segundo informa. Este fato, somado ao “planejamento sério” que o PSC vem colocando em prática, determinou a escolha da nova sigla, cita o ex-prefeito.

Ainda nesta segunda-feira, o deputado estadual Otoniel de Lima anunciou sua filiação ao PRB. Ele deixa o PTB, partido para o qual ingressou após ter sido “expulso” do PR, sigla pela qual foi eleito.

Nos dois casos, as escolhas dos novos partidos deixam claro a estratégia meramente matemática e não ideológica para a eleição de 2010. Ou seja: partidos nanicos exigem menos votos para se eleger. Aliás, como falar em ideologia diante de tantas mudanças partidárias?

Em tempo: pelo que se desenha, Limeira deve ter em 2010 talvez o maior número de candidatos em toda a história. Nas últimas duas eleições para deputado, foram mais de uma dezena. Ninguém se elegeu – Otoniel conquistou sua vaga na Assembléia Legislativa com os votos de fora (provavelmente da Igreja Universal, da qual é pastor) e não com os votos dos limeirenses (4.477 de um total de 60.348).

As disputas nos bastidores estão fervendo. O clima quente tem gerado discussões.

Em tempo 2: haverá surpresas no quadro de candidatos em Limeira. É só esperar para ver...

sexta-feira, 25 de setembro de 2009 | | 3 comentários

Ser jornalista é...

...desagradar a gregos e troianos.
Palmeirenses e corintianos.
Cariocas e paulistas.
Nortistas e sulistas.
Católicos e evangélicos.
Árabes e judeus.
São-paulinos e santistas.

Petistas e tucanos.
Lulistas e serristas.
Tricolores e rubronegros.
Gremistas e colorados.

Ser jornalista é não querer agradar ninguém.
Os do Galo e os do Cruzeiro.

Ser jornalista é ser solitário.

Ser jornalista é ser oposição, porque o resto é armazém de secos e molhados, como já ensinou mestre Millôr Fernandes.
Que ensinou, também: "Quem se curva diante dos poderosos, mostra o traseiro aos oprimidos".

Ser jornalista é discutir tudo, até, e, hoje em dia, principalmente, sentenças judiciais, tamanhos são os absurdos.
Ser jornalista é não querer agradar ninguém e não se curvar ao dinheirismo.
Ser jornalista é querer melhorar a esquina de sua rua, sua cidade, seu país, o mundo!

Profissãozinha desgraçada, hein?

Fonte: Blog do Juca Kfouri

terça-feira, 22 de setembro de 2009 | | 0 comentários

Será mesmo um "novo país"?

Fiz uma recente viagem aos Estados Unidos, mais especificamente pela Costa Leste. Como optei por fazer o passeio por via terrestre, passei por umas 25 cidades, das menores às maiores. Fiquei especificamente em cinco delas.

Confesso que me chamou a atenção uma certa simpatia dos norte-americanos. Era comum em muitos lugares as pessoas me perguntarem o tradicional "How are you today?". Tudo bem que muitas dessas pessoas tinham seus interesses (eram atendentes de lojas, por exemplo), mas não deixa de ser um ato de simpatia, notadamente em relação a um estrangeiro. Antes, não era raro encontrar nesses mesmos locais atendentes mal humorados, como se estivessem fazendo um favor para o turista (claro que estes ainda existem, como em qualquer lugar, mas desta vez foram em número bem reduzido).

Além da simpatia, encontrei muitas pessoas dispostas a ajudar. Numa esquina no Greenwich, em Nova York, onde parei para aguardar a abertura de uma loja (que ocorreria em cinco minutos), decidi dar uma checada no mapa para ver qual seria meu destino a partir dali. Eis que um senhor se aproximou e, ao me ver olhando o mapa, ofereceu-se para me ajudar a tirar dúvidas.

Ainda em NY, no Broklyn, decidi pegar o metrô após atravessar a pé a centenária ponte que liga o bairro a Manhattan. Enquanto olhava no mapa as respectivas linhas, uma mulher se aproximou e perguntou se eu precisava de ajuda. Expliquei onde queria ir e ela me orientou sobre as linhas e estações. E, para minha surpresa, diante da pergunta sobre onde eu compraria o bilhete, ela simplesmente disse que eu não precisava me preocupar com isso, pois liberaria minha passagem pela catraca especial. E assim o fez.

Pode ter sido mera impressão, pode ter sido uma feliz coincidência, pode ser efeito da crise econômica que atingiu os EUA (os norte-americanos estariam mais receptivos aos turistas?), o fato é que esta recente viagem me deu a impressão de que um "novo país" está nascendo. Será mesmo?

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Novos talentos

Mais um estudante de Jornalismo do Isca Faculdades, de Limeira, foi classificado para a final do Prêmio Estadão de Jornalismo. No ano passado, Alex Contin ficou entre os 16 finalistas e ganhou um computador. Desta vez, Roxane Regly foi a escolhida. Ela também ganhou um computador.

A reportagem que deu o prêmio a Roxane é intitulada "De pneu abandonado a material para bolsas" e foi publicada hoje no Estadão (para ler, clique aqui).

Sem dúvida, essas premiações são um reconhecimento dos novos talentos da imprensa limeirense.

Como ex-chefe do Alex no Jornal de Limeira e ex-professor da Roxane no Isca, fico orgulhoso pelas conquistas.

Parabéns!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009 | | 1 comentários

Aviso

Aos leitores do blog, um aviso: estou cruzando a costa lesta na terra de Obama. Volto em breve.

Valeu!!!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009 | | 1 comentários

Frases

"Eu não conseguirei o socialismo com o poder do Estado, de cima para baixo, precisa ser um processo de maturação, de baixo. E há pré-requisitos, precisa ser a partir de uma sociedade rica e culta. Fazer países socialistas a partir de países pobres não dá resultado."
José Mujica, senador esquerdista e candidato à presidência do Uruguai ("Folha de S. Paulo", 6/9/09)

"Aprendi que se pode viver com muito pouco. Se tivesse muitas coisas, elas me escravizariam, me obrigariam a trabalhar para mantê-las. Aí, em vez de ser mais livre, seria menos livre. Para mim, liberdade é tempo gasto com o que gosto. A austeridade é uma forma de riqueza."
Idem

"Cachorros não dão desculpas e não se incomodam."
Elliott Erwitt, fotógrafo ("Folha de S. Paulo", 7/9/09)

"Tenho a sensação que o digital só tornou as pessoas más fotógrafas. Serviu para que amadores pudessem tirar fotos, mas fez os profissionais ficarem folgados demais. Há muito menos pensamento hoje. Você pode dar uma câmera digital a um orangotango e conseguir resultados melhores do que com uma pessoa."
Idem

quarta-feira, 2 de setembro de 2009 | | 0 comentários

O "Dia do Fico" de Félix

Terça-feira, 1° de setembro de 2009. A data ficará gravada neste blog e na minha memória. Nesse dia, em entrevista ao programa “Fatos & Notícias”, da TV Jornal (que apresento diariamente às 11h30 com os colegas Luiz Biajoni e Ana Paula Sequinato), o prefeito de Limeira, Silvio Félix (PDT), garantiu que cumprirá seu mandato até o final – 31 de dezembro de 2012.

A manifestação decorreu de pergunta feita por mim e está ligada às eleições de 2010. É que o PDT de Félix lançou a pré-candidatura do atual prefeito de Campinas, Hélio Santos, para o governo do Estado. Discute-se até nos bastidores a eventual candidatura do Dr. Hélio, como é mais conhecido, ganhar apoio do PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Por enquanto, são apenas conjecturas, costuras que vêm sendo feitas nos bastidores políticos (e que têm passado pelo Edifício Prada, a sede do Executivo limeirense).

O fato é que Félix e Dr. Hélio têm grande afinidade. Os dois foram eleitos na mesma época, em 2004, e reeleitos no ano passado. Na primeira eleição, Dr. Hélio travou uma apertada disputa com o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB), que havia vencido o primeiro turno. O pedetista – que vinha tentando há anos se eleger prefeito de Campinas – tinha o desafio de virar o jogo no segundo turno. Na ocasião, contou com grande apoio do então prefeito eleito de Limeira. Félix empenhou-se na campanha do colega, chegando a emprestar veículo e equipe.

A ajuda não foi esquecida por Hélio, que buscou intermediar pleitos da Prefeitura de Limeira junto a deputados e ao governo federal. Os dois prefeitos se falam com frequência, inclusive sobre a disputa em 2010.

Aliás, a relação entre ambos não é nova. Conforme reportagem assinada por mim e publicada no Jornal de Limeira no ano passado, Félix foi – embora sem que ninguém soubesse – assessor do então deputado federal Dr. Hélio (leia
aqui).

Com a possibilidade do atual prefeito de Campinas ser candidato a governador e em razão da afinidade entre ele e Félix, perguntei ao prefeito de Limeira se, caso o colega fosse eleito em 2010 e o convidasse para ser secretário de Estado, se ele aceitaria. Félix foi enfático em dizer que não. Garantiu que cumprirá seu mandato até o último dia.

Está, pois, registrado nos arquivos da TV Jornal e na minha memória (bom, também neste blog).

Renunciar ao mandato de prefeito, abrindo mão dos votos de confiança dados pela população, foi talvez o maior erro político de Pedro Kühl (PSDB). Ele abdicou de comandar Limeira em abril de 2002, após ter sido reeleito em 2000 (curiosamente numa disputa contra Félix), em nome de uma candidatura (cujas chances de sucesso se desenhavam como quase impossíveis) a deputado federal. Não se elegeu, deixou a prefeitura e ficou “queimado”.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009 | | 0 comentários

Tempos modernos, ócio e criatividade

Durante muito tempo, dediquei-me integralmente ao trabalho. Fazia isso porque gostava do que fazia e porque sempre achei que não existe conquista sem esforço, luta, sacrifício. Com o passar do tempo, naturalmente o estresse foi se aproximando. Aquilo que era prazeroso começou a se tornar um tanto penoso e passei a perceber que a dedicação integral ao trabalho me impedia de fazer outras coisas tão importantes quanto a profissão – ter momentos de lazer, fazer cursos, estudar, etc.

Já tinha ouvido falar da obra do sociólogo italiano Domenico de Masi, “Ócio Criativo”. Ainda não a li, mas sempre tive curiosidade de saber mais profundamente sobre essa tese. Com o estresse crescente em razão da dedicação um tanto desmedida ao trabalho, a ideia do ócio criativo foi ganhando força (em tempo: poucos percebem como o lazer pode contribuir para o trabalho).

Durante a Semana de Comunicação promovida pelo Isca Faculdades no ano passado, uma das palestras abordou a questão da criatividade na propaganda. O palestrante atua numa grande agência de publicidade, na qual coordena um departamento cuja função é ficar analisando as tendências mundiais, pensar novas ideias, etc. Não é à toa que o departamento tem o sugestivo nome de “Oxygen”. Sem dúvida, uma grande sacada.

Essa sacada – o ócio criativo - ganhou força diante da entrevista dada pelo publicitário Nizan Guanaes ao jornal “Folha de S. Paulo”, publicada no domingo (30/8/09). Nela, Nizan anuncia sua ida para Nova York (EUA) em busca de uma “internacionalização do pensamento, ter uma visão das coisas que estão acontecendo”.

“Um consultor com quem trabalho, o John Kao, desenhou meu papel como sendo de ´blank sheet´. É preciso ter um desocupado nas empresas. Se todos estão ocupados com o presente, quem está de olho no momento seguinte, no futuro? É claro que, quando um grande cliente precisa, eu intervenho. Não estou em outro planeta. Vou ficar 15 dias lá (nos EUA) e 15 dias aqui (em SP). Vou levar minha cabeça para passear porque senão só vou dar soluções que já se conhece”, citou Nizan.

Eureka!

Também sigo à procura do meu ócio criativo – ou de uma forma de tornar isso criativo e produtivo. Ainda não descobri o caminho das pedras, mas sigo tentando e sei que chegarei lá!

* Para quem quiser ler a entrevista na íntegra de Nizan, clique aqui (é preciso senha do UOL ou de assinante da “Folha”)

* Para quem quiser saber mais sobre a tese de Domenico de Masi, leia a entrevista concedida por ele disponível no site do consultor Mário Persona. Basta clicar aqui.


PS: ilustram essa postagem, sugestivamente, a imagem clássica de Charles Chaplin no filme “Tempos Modernos” (que eu recomendo) e outra do pintor brasileiro Di Cavalcanti (crédito: www.dicavalcanti.com.br)