No Foro Eurolatinoamericano de Jornalismo, que foi o que me trouxe a Lisboa, em conversas com personalidades ibero-americanas, em mesa redonda na TV portuguesa sobre a Cúpula ibero-americana que começa hoje -em toda a parte, a sensação que se respira são duas: uma, a de que o Brasil é o país da moda hoje.
A outra é a de que o resultado da eleição de 2010 não vai mudar grande coisa no país. A mais contundente afirmação nesse sentido veio de Felipe González, ex-presidente do governo espanhol (1982-1996), um dos mais brilhantes políticos do quarto final do século passado.
Para ele, há, no Brasil, uma "linha de continuidade entre o presente e o futuro", do que decorre a visão de que, "qualquer que seja o vencedor [em 2010], o Brasil não vai mudar sua estratégia básica".
De certa forma, é uma elaboração mais sofisticada da tese do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que não haverá "trogloditas" na iminente disputa eleitoral.
Tendo a concordar com essa avaliação, embora definir quem é ou não "troglodita" seja uma questão subjetiva. Lula era "troglodita" para, por exemplo, uma parte considerável do empresariado, os mesmos que hoje babam na gravata diante do presidente.
A única dúvida sobre as duas sensações citadas no início surgiu em conversa informal com uma das mais experientes personalidades do mundo ibero-americano, um analista excepcional.
Ele pergunta a si próprio se a projeção internacional do Brasil é do Brasil ou de Lula. Acho que é de ambos, mais do Brasil (pelo tamanho, população, economia etc). Mas Lula também pesa. A dúvida é pertinente: quanto pesará o/a ganhador/a? Como será a primeira eleição em que a política externa tende a ter presença, a resposta dirá se a "estratégia básica" muda ou não.
Fonte: Clóvis Rossi, Folha de S. Paulo, 29.11.09, p. 2.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 19:47 |
"O olhar externo sobre 2010"
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