segunda-feira, 31 de agosto de 2009 | |

Tempos modernos, ócio e criatividade

Durante muito tempo, dediquei-me integralmente ao trabalho. Fazia isso porque gostava do que fazia e porque sempre achei que não existe conquista sem esforço, luta, sacrifício. Com o passar do tempo, naturalmente o estresse foi se aproximando. Aquilo que era prazeroso começou a se tornar um tanto penoso e passei a perceber que a dedicação integral ao trabalho me impedia de fazer outras coisas tão importantes quanto a profissão – ter momentos de lazer, fazer cursos, estudar, etc.

Já tinha ouvido falar da obra do sociólogo italiano Domenico de Masi, “Ócio Criativo”. Ainda não a li, mas sempre tive curiosidade de saber mais profundamente sobre essa tese. Com o estresse crescente em razão da dedicação um tanto desmedida ao trabalho, a ideia do ócio criativo foi ganhando força (em tempo: poucos percebem como o lazer pode contribuir para o trabalho).

Durante a Semana de Comunicação promovida pelo Isca Faculdades no ano passado, uma das palestras abordou a questão da criatividade na propaganda. O palestrante atua numa grande agência de publicidade, na qual coordena um departamento cuja função é ficar analisando as tendências mundiais, pensar novas ideias, etc. Não é à toa que o departamento tem o sugestivo nome de “Oxygen”. Sem dúvida, uma grande sacada.

Essa sacada – o ócio criativo - ganhou força diante da entrevista dada pelo publicitário Nizan Guanaes ao jornal “Folha de S. Paulo”, publicada no domingo (30/8/09). Nela, Nizan anuncia sua ida para Nova York (EUA) em busca de uma “internacionalização do pensamento, ter uma visão das coisas que estão acontecendo”.

“Um consultor com quem trabalho, o John Kao, desenhou meu papel como sendo de ´blank sheet´. É preciso ter um desocupado nas empresas. Se todos estão ocupados com o presente, quem está de olho no momento seguinte, no futuro? É claro que, quando um grande cliente precisa, eu intervenho. Não estou em outro planeta. Vou ficar 15 dias lá (nos EUA) e 15 dias aqui (em SP). Vou levar minha cabeça para passear porque senão só vou dar soluções que já se conhece”, citou Nizan.

Eureka!

Também sigo à procura do meu ócio criativo – ou de uma forma de tornar isso criativo e produtivo. Ainda não descobri o caminho das pedras, mas sigo tentando e sei que chegarei lá!

* Para quem quiser ler a entrevista na íntegra de Nizan, clique aqui (é preciso senha do UOL ou de assinante da “Folha”)

* Para quem quiser saber mais sobre a tese de Domenico de Masi, leia a entrevista concedida por ele disponível no site do consultor Mário Persona. Basta clicar aqui.


PS: ilustram essa postagem, sugestivamente, a imagem clássica de Charles Chaplin no filme “Tempos Modernos” (que eu recomendo) e outra do pintor brasileiro Di Cavalcanti (crédito: www.dicavalcanti.com.br)

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