quarta-feira, 11 de novembro de 2009 | |

Pitacos políticos

A Prefeitura de Limeira literalmente não sabe o que fazer com o setor de transporte. Uma das duas empresas concessionárias do serviço fez os investimentos previstos e cobra um reajuste de tarifa, que chegou a ser autorizado; a outra empresa nada fez, e não merece ter o reajuste.

Como equacionar esta situação? O prefeito Silvio Félix (PDT) está sendo pressionado por uma empresa para dar o aumento. O secretário dos Transportes, Ítalo Ponzo Júnior, apostou no bom-senso e recomendou que a correção tarifária fosse adiada – o que ocorreu.

A questão é: até quando a prefeitura vai conseguir segurar esse rojão? Qual interesse deve pesar mais? Teoricamente o dos usuários, o que significa segurar o aumento. Isto, porém, pode levar a um colapso, pois trabalhadores já falam em paralisação e a empresa que fez os investimentos pode colocar o pé no freio.

A opção pelo rompimento do contrato de concessão com a empresa que não investiu também é problemática, pois transporte coletivo não se troca da noite para o dia.

Pelo que se vê, qualquer que seja a decisão haverá reflexos – seja entre as empresas, seja entre os usuários.

Não resta dúvida de que o setor de transportes, no qual o prefeito dizia ser especialista, é um dos maiores fracassos de seu governo.

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Aliás, parece haver uma clara rota de colisão entre as manifestações de Félix e de seu secretário Ítalo. A dúvida: até quando isso dura?


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Está consolidado na Câmara de Limeira o surgimento de uma nova oposição, madura, menos radical, mais coerente. Provavelmente nem Félix imaginaria que aos dois oposicionistas eleitos – Paulo Hadich (PSB) e Ronei Costa Martins (PT) – iriam se somar dois supostos governistas – Miguel Lombardi e Mário Botion (ambos do PR).

Nos bastidores, o bloco é dado como formado. De um dos membros, ouviu-se o seguinte: “O Piuí (PR) já aderiu mesmo (ao governo). Mas os demais estão firmes”.

Noves fora, a conta é a seguinte: depois do PDT do próprio Félix, o PR tem a maior bancada na Câmara – e já fala em candidatura a prefeito em 2012, o que implica desgarrar do governo. Dos três vereadores que o PR elegeu, dois vêm adotando uma postura crítica à administração municipal (basta ver a postura de Lombardi na chamada CPI do Fantasma).

Detalhe incongruente desta história: o PR mantém um posto no alto escalão do governo Félix. O partido tem a presidência do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), com o todo-poderoso da sigla (ex-todo-poderoso do governo), René Soares.

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Nos bastidores, Félix segue articulando a candidatura da esposa Constância a deputada estadual em 2010. O prefeito conseguiu com o passar do tempo tirar o poder do Centro de Promoção Social Municipal (Ceprosom), que virou um mero órgão administrativo, e dar poder ao Fundo Social de Solidariedade (presidido pela primeira-dama), que agora comanda todas as ações sociais.

Félix, porém, está preocupado com o cenário que vem se pintando para a eleição, principalmente na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa. É esperar para ver...

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Pelo menos desta vez a Justiça restabeleceu o bom-senso, barrando de vez a posse de suplentes de vereadores este ano após decisão demagógica, inoportuna e ilegal do Congresso. Agora, o aumento do número de vereadores vai valer somente para a próxima eleição – o que é justo. Afinal, não se pode mudar a regra do jogo com o jogo em andamento (ou terminado...).

Em tempo: os suplentes perderam no Supremo por 8 votos a 1 em votação nesta quarta-feira.

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