Para quem gosta de filmes-documentário, para quem gosta de história, para quem aprecia a incrível aventura humana na terra e principalmente para quem aprecia a complexidade das relações humanas, recomendo “Encontro com a Rainha” (“The Queen and I”).
Trata-se de um filme da iraniana Nahid Persson (informações aqui) que narra o encontro, 30 anos depois, da cineasta e ex-ativista comunista com a rainha exilada do Irã, Farah Pahlevi.
Farah foi casada por 20 anos com o último Xá (imperador) do Irã, Mohammad Reza Pahlevi, entre 1959 e 79. Foi quando uma revolução comandada pelo aitolá Khomeini derrubou a monarquia, instalando a república islâmica.
Uma das grandes bandeiras de Khomeini era a liberdade de expressão – a gestão do Xá era acusada de torturar e matar opositores e restringir as liberdades.
Fora do poder, o casal Pahlevi foi obrigado a fugir (passaram pelos Estados Unidos e Panamá) até se abrigar no Cairo, Egito. Foi lá que, um ano depois, o Xá morreu. Farah, então, mudou-se para Paris, onde vive até hoje.
A grande curiosidade do encontro – e que dá vida ao filme – é que Nahid foi uma das ativistas que contribuíram para a desgraça de Farah ao promover a revolução. Ao mesmo tempo, o pai da cineasta morrera quando ela tinha 9 anos de idade vítima da falta de condições dada ao povo iraniano pelo império.
Para completar a história, nem Farah nem Nahid podem pisar no Irã desde que os aiatolás tomaram o poder (a cineasta refugiou-se na Suécia).
Como se sabe, a liberdade de expressão ficou na promessa (o governo iraniano continua torturando e matando opositores – o próprio irmão de Nahid foi enforcado com 17 anos de idade -, além de retomar práticas que já tinham sido abolidas no país, como a morte por apedrejamento de adúlteros e o uso do véu negro pelas mulheres).
Trinta anos depois, ambas têm um sonho comum: voltar ao Irã.
Mais que isso, só vendo o filme para compreender que ninguém é tão bom ou mal o tempo todo. E que tudo na vida é circunstancial – analisar situações fora de contexto e sem considerar as circunstâncias e as razões de cada um pode ser um grave erro.
Em tempo: o filme está disponível na grade do GNT.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 15:50 |
Um encontro com a rainha
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