sábado, 19 de outubro de 2013 | |

Fascinante, fascinado, fascinação

São Paulo tem respondido à altura – embora eu não esteja ainda à altura dela – ao encanto que emanava sempre que por ela eu passava.

Ela ainda me desperta paixões e ódios, amores e temores, atração e repulsa.

A capital paulista tem milhões de desafios, como milhões são também as oportunidades que ela oferece. Os obstáculos são proporcionais aos presentes.

Talvez meus sentimentos tenham sido captados por Hélio Schwartsman, filósofo que escreve na “Folha de S. Paulo”. Estavam lá no texto “O misantropo e o trânsito”, publicado em 16/10 em “Opinião” (p. 2):

“É claro que ficar preso em congestionamentos irrita. Também é evidente que existem medidas que ajudariam a reduzir o tempo perdido no trânsito. Receio, porém, que não há nem pode haver solução definitiva para o problema da mobilidade em grandes cidades.
Congestionamentos - de carros, de pessoas no metrô ou de bicicletas no parque - são, por assim dizer, um efeito colateral de viver em metrópoles, mas os aceitamos porque o pacote vem com uma série de vantagens.
Como observou o economista Bryan Caplan, até misantropos preferem morar numa cidade apinhada de gente como Nova York, com 8 milhões de habitantes. Por definição, eles detestam pessoas, mas não hesitam em gastar milhares de dólares a mais para estabelecer-se em Manhattan, quando poderiam, por valores muito menores, fixar residência numa cidade como Hays, Kansas, com 20 mil almas. Por quê?
A resposta é simples: escolhas. Em Hays, nosso pobre misantropo logo esgotaria suas opções. Teria de encomendar sempre a mesma pizza, comprar nas mesmas lojas, ver os mesmos rostos. O que torna Nova York interessante é que ela oferece possibilidades quase inesgotáveis.
E o que responde pelo dinamismo de uma metrópole é justamente o que o misantropo odeia: pessoas. Só há tantas escolhas em Nova York porque há um mar de gente para oferecer bens e serviços, e consumi-los.
O mesmo raciocínio que se aplica a grandes cidades vale também para o mundo. É o crescimento populacional que torna as sociedades contemporâneas um lugar mais parecido com Nova York do que com Hays. É claro que isso produz pressões ambientais e outras dificuldades, mas uma redução da população, como defendem alguns ecologistas, viria acompanhada de significativo empobrecimento. Na verdade, até parar de crescer pode ser um problema.
Pense nessas questões da próxima vez que estiver preso no trânsito.”

São Paulo oferece atividades que só ela mesma pode oferecer. Na semana que passou, por exemplo, fui a um seminário no Sesc Pompéia como parte do 18° Festival de Arte Contemporânea – Videobrasil (que começa dia 6). O evento – intitulado “Invadir a Programação” – reuniu os cineastas Fernando Meirelles e Marcelo Machado, o apresentador Marcelo Tas e o jornalista Goulart de Andrade.

Em qual outro lugar senão São Paulo seria possível assistir a um debate com essa turma, desse nível, e ainda por cima de graça?

A programação oferecida pela cidade chega a ser opressora tamanha a quantidade de eventos (está começando agora mais uma Mostra Internacional de Cinema com nada menos do que 377 filmes. Isto mesmo, trezentos e setenta e sete!).

E tem ainda a 10ª Bienal de Arquitetura que discute a mobilidade urbana e os usos da cidade.

Fora os shows, bares e lanchonetes abertos 24 horas, teatros em qualquer canto, shoppings com cinemas de última geração e programação atualizadíssima, museus e etc, etc, etc e quantos mais etc fosse possível escrever.

De um show de Renato Teixeira no lendário Bar Brahma a um show do DJ Chicocorrea, que “mistura elementos de tradições regionais do Brasil com a sonoridade e as batidas do rap, funk, reggae e eletrônica”, no Sesc.

Estimulante, não?!

Ah, e tem ainda uma exposição de brinquedos, milhares deles (em breve fotos).

Cansou?

Não se esqueça de caminhar pelas longas avenidas, do luxo da Faria Lima à vibração e aos contrastes (em todos os sentidos, do gênero humano à arquitetura) da Paulista.

Já tinha feito neste blog uma (mais de uma) ode a São Paulo.

Nenhuma homenagem, porém, terá sido suficiente para retribuir o que São Paulo tem me oferecido. Em tão pouco tempo.

Que venha mais, sempre mais!

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