Eleito
vice-prefeito em 2004 e reeleito em 2008, Orlando José Zovico (sem partido)
assumiu em definitivo a Prefeitura de Limeira no fim de fevereiro para um
mandato tampão de dez meses. Ele havia sido conduzido ao cargo interinamente
semanas antes em razão do afastamento do então prefeito Silvio Félix (PDT) –
acusado de se beneficiar de possível enriquecimento ilícito de seus familiares.
Com pouco
tempo de governo pela frente, Zovico tinha uma missão primordial: devolver à
cidade a necessária governabilidade, dando tranquilidade à população e a entes
públicos e empresas com os quais a prefeitura tem ligação.
Isto
ajudaria a garantir a retomada da credibilidade da administração pública
limeirense após o “tsunami” político pelo qual a cidade passou, sendo destaque
em todo o país pelo afastamento e cassação de um prefeito acusado de corrupção.
Em outras
palavras, a missão de Zovico era “entregar” a prefeitura em condições
minimamente decentes para o futuro prefeito, a ser eleito em outubro próximo.
Não se esperava
de Zovico nenhuma revolução administrativa em razão do pouco tempo de governo e
da falta de conhecimento dos assuntos da prefeitura, como ele próprio admitiu
em entrevista (o vice fora “escanteado” pelo então prefeito, centralizador,
durante boa parte do mandato).
Zovico, porém,
está surpreendendo – até porque a expectativa em relação a ele era pouca.
Com um jeito
radicalmente oposto ao de Félix, que gostava de aparecer e de trazer para si os
louros de qualquer conquista, o atual prefeito tem se caracterizado pela
discrição, transparência e diplomacia. Com isso, tem marcado pontos e “corre o
risco” de entrar para a história da cidade com feitos positivos para tão pouco
tempo de governo.
Foi o que
disse, em outras palavras, o juiz diretor do Fórum de Limeira, Mário Sérgio
Menezes, na última terça-feira (24/7), durante anúncio da instalação de uma
vara da Justiça Federal na cidade. O magistrado carregou nos elogios e comparou
Zovico ao ex-presidente Juscelino Kubitschek – cujo governo foi marcado pelo lema
“50 anos em 5” .
Para Menezes, Zovico está fazendo “8 anos em 10 meses”.
Aos fatos:
tão logo assumiu em definitivo a prefeitura, Zovico fez chegar a alguns
secretários que a saída deles era necessária. Estavam umbilicalmente ligados ao
prefeito cassado. Depois, diante de uma nova denúncia envolvendo membros do
alto escalão, não hesitou em dispensá-los.
Com
fornecedores, tratou com a lisura exigida pelo cargo, conforme sabe-se nos
bastidores.
Determinou
uma varredura no Edifício Prada, sede do Executivo, a fim de encontrar
possíveis escutas e/ou grampos. Também determinou a revisão de algumas obras,
caso do Palacete Levy.
Adotou
medidas duras e arriscadas, como a decisão de retomar o fornecimento da merenda
escolar pela prefeitura – o serviço havia sido terceirizado por Félix ainda no
início da primeira gestão e desde então vinha sendo alvo de denúncias de
corrupção e de má qualidade. Parece pouco, mas foi como “colocar a mão num
vespeiro” (está em jogo a alimentação de cerca de 40 mil estudantes).
Por fim, foi
decisivo na conquista da vara da Justiça Federal para a cidade, como
registraram juízes locais. Teve a vontade política necessária que faltou a
governantes de outrora.
Sem alarde,
Zovico vai tocando a administração e, quase sem querer (porque não planeja
louros pessoais), deixando sua marca.
Guardadas as
devidas proporções, o atual prefeito governa com um certo jeito “Dilma de ser”
– ou seja, uma administração técnica e discreta.
PS: antes
que se insinue qualquer bobagem (algo comum em Limeira), é bom deixar claro que sou funcionário da TV Jornal, empresa ligada à
Fundação Orlando Zovico. Como estou todos os dias no ar das 17h30 às 19h30 (não
tendo, portanto, que esconder a condição de funcionário), não possuo
compromisso algum com a crítica ou o elogio ao atual prefeito – uma e outro serão
feitos sempre que eu julgar necessário.
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