O Brasil realmente tem dificuldade em lidar com sua
história. Enquanto os vizinhos sul-americanos estão levando ao banco dos réus
(e condenando!) ditadores e colaboradores do regime militar, o máximo que o
Brasil conseguiu fazer foi criar a tal Comissão da Verdade, cuja missão
principal é investigar os fatos ocorridos entre 1946 e 1988, mais
especificamente durante os 21 anos de ditadura.
Sobre eventuais punições, nada se fala.
A redemocratização já caminha para seu trigésimo aniversário e a principal via que liga as duas maiores metrópoles brasileiras, Rio de Janeiro e São Paulo, ainda carrega o nome de um dos presidentes do regime militar – a Via Dutra. E sequer se cogita dar um outro nome que mereça maior consideração dos brasileiros.
A mais recente polêmica envolve o nome do estádio construído no Rio para os Jogos Pan-Americanos de 2007. Apelidado de “Engenhão”, ele tem como patrono o ex-presidente da CBD (atual CBF, a Confederação Brasileira de Futebol) e da Fifa (Federação Internacional de Futebol), João Havelange.
Ocorre que Havelange é, junto com seu ex-genro e ex-presidente da CBF, Ricardo Terra Teixeira, um dos citados no processo judicial que tramitou na Justiça suíça a respeito do pagamento de propina da falida ISL a dirigentes da Fifa.
No processo (disponível aqui, em inglês), Havelange e Teixeira assumiram o envolvimento no caso de corrupção e se comprometeram a pagar uma certa quantia em dinheiro como acordo para não ter os nomes divulgados.
Desde que o processo veio a público, na última semana, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), é pressionado para que troque o nome do estádio.
Por enquanto, nenhuma palavra – até porque, como citado, o Brasil tem dificuldade em passar a limpo sua história.
Enquanto isso, Dutras e Havelanges vão ganhando honrarias e homenagens país afora. Algo a que, definitivamente, eles não fazem jus.
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