Acabei
de ler um livro bastante interessante – cujo nome está no título desta postagem
- da historiadora Mary del Priore. A obra mostra como a sexualidade e o
erotismo ajudaram e ainda ajudam na formação da sociedade brasileira. Aliás, o
mesmo se aplica à gastronomia, à música, ao cinema, enfim a qualquer manifestação
humana.
O
diferencial do livro é que a autora escolheu justamente o sexo e sua relação
com a história do Brasil, algo que não se costuma pensar.
Recomendo
a leitura – principalmente, claro, para quem gosta de história.
A
seguir, reproduzo um trecho que considero simbólico do que pretende dizer o
livro (ATENÇÃO: o trecho é o último parágrafo da obra; se não quiser saber o fim,
embora não seja uma estória, simplesmente não leia):
“E quem somos? Indivíduos de muitas
caras. Virtuosos
e pecadores, oscilando entre a transigência e a transgressão. Em público, civilizados. No privado, sacanas. Na rua, liberados; em
casa, machistas. Ora permissivos, ora autoritários. Severos com os transgressores
que não conhecemos, porém indulgentes com os nossos, os da família. Ferozes com
os erros dos outros, condescendentes com os próprios. Em grupo, politicamente
corretos, porém, racistas em segredo. Fora, entusiastas dos ‘direitos humanos’,
mas, cá dentro, a favor da pena de morte. Amigos
de gays, mas homofóbicos. Finos para ‘uso externo’ e grossos para o interno. Exigentes na cobrança de
direitos, mas relapsos no cumprimento de deveres. Somos velhos e moços,
nacionalistas e internacionalistas, cosmopolitas e provincianos, divididos
entre a integração e a preservação de nossas múltiplas identidades. Na
intimidade, miramos nossas contradições. Resta saber se gostamos do que vemos.”
(p. 237-8)
Em
tempo: na próxima leitura, já iniciada, vou saber um pouco mais sobre a
capital federal.
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