quarta-feira, 11 de julho de 2012 | |

"Flanar na internet me faz trabalhar melhor"

A internet é um estímulo à distração. É fácil entrar só para ver uns e-mails e cair em fotos do bebê da Beyoncé.

Mas, há duas semanas, tive uma experiência diferente. Estava estressada, com um prazo a cumprir e frustrada a ponto de não conseguir trabalhar, quando comecei a usar o Twitter e o Tumblr.


Por um tempo, deixei minha mente e meus dedos me conduzirem sem rumo pela web. Logo cansei disso, concluí meu texto e o entreguei. O passeio demorou menos de dez minutos e parece ter me tornado mais eficiente.


É claro que a norma aceita é a de que nossa concentração e a nossa atenção estão sendo solapadas pela barragem constante de serviços que inundam nossas telas, e que a tendência é negativa.


John Herrman, editor do "FWD", site de tecnologia do BuzzFeed, diz ter desenvolvido uma espécie de neurose tecnológica em virtude da corrida frenética para se manter atualizado, acompanhando e-mails, Twitter, Facebook, mensagens e telefonemas o dia todo.


"Como muitas outras pessoas que trabalham com computadores, pareço muito ineficiente", escreveu em post recente. "Mesmo que minha produção seja alta, consumo muito mais informações do que produzo. Estou sempre desviando a atenção daquilo que faço, nunca ocupado demais para olhar para outra coisa, e nunca ignoro o que atrai minha atenção."


Minha experiência é parecida com a dele, quase todos os dias -mas nem sempre. Descobri que, de vez em quando, é revigorante me perder na web. Em lugar de ignorar o ruído, eu muitas vezes o emprego como forma de me acalmar para que possa concluir meu trabalho.


Parece que, em vez de fraturar minha concentração e estilhaçar a atenção, a distração digital se tornou parte do meu ritmo de trabalho. Talvez possa encarar com eficiência tudo aquilo que requer minha atenção se eu descobrir como me alternar entre a multidão de aplicativos e serviços que me imploram presença, leitura, resposta.


Se meu cérebro está aprendendo a enfrentar as distrações, será que o mesmo vale para outras pessoas?


É claro que o consenso entre cientistas e pesquisadores é o de que tentar alternar entre muitas tarefas fratura nosso pensamento e degrada a qualidade de cada ação. Mas compreender a plasticidade do cérebro, ou sua capacidade de se adaptar e reorganizar seus percursos neuronais, é uma disciplina que apenas começa a receber atenção.


Adam Gazzaley, neurocientista da Universidade da Califórnia em San Francisco, que estuda o impacto das interrupções sobre o desempenho e a memória, diz que é possível que nossos cérebros estejam se adaptando para lidar melhor com os diversos estímulos digitais. (...)


Fonte: Jenna Wortham, "Folha de S. Paulo", TEC, 9/7/12 (para ler na íntegra, clique aqui - é preciso ter senha do jornal ou do UOL).

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