domingo, 4 de março de 2012 | |

As contribuições do dr. Raul

Raul Nilsen Filho (PMDB), mais conhecido como dr. Raul, exerceu papel essencial no processo de cassação do então prefeito afastado, Silvio Félix (PDT). Como presidente interino da Câmara, garantiu – ora com sua aparente ausência (dando autonomia à comissão processante, por exemplo), ora com sua presença e decisões firmes – a lisura de todo o processo.

Mais: abriu (ou escancarou) as portas da chamada Casa de Leis ao povo. Não por oportunismo, registre-se. Por convicção. Quem acompanha as sessões ordinárias do Legislativo sabe bem disso.

Dr. Raul foi essencial não só por esses aspectos. Nos bastidores, colaborou decisivamente na articulação – legítima, registre-se – em busca dos dez votos necessários para a cassação de Félix, de quem se tornou ferrenho opositor (e isto será alvo de uma outra postagem).

O peemedebista foi além. Confirmou em plenário, na sessão derradeira do julgamento de Félix, a coragem e a transparência necessárias para um homem público e comandante de um dos três poderes da República na esfera municipal. Dr. Raul não cedeu à pressão que vinha sofrendo nos bastidores e que culminou, conforme queixa formalizada junto ao Ministério Público, em uma tentativa de extorsão.

Ao tornar pública a provável ação criminosa que visava intimidá-lo para que mudasse sua posição e votasse a favor de Félix, dr. Raul serviu de exemplo para muitas pessoas que penam com atitudes nada republicanas dos poderosos de plantão e seus asseclas. Ao bradar o famoso “Aqui não, jacaré!”, frase que se tornou símbolo da resistência ao jogo sujo dos bastidores da política, o presidente da Câmara talvez não imaginasse o alcance de sua voz. Foi, para muitos, um grito de liberdade. A “cereja do bolo” da necessária faxina da qual a política limeirense vem sendo alvo.

Em tempo: o peemedebista não hesitou, quando questionado por mim na transmissão da TV Jornal, em mencionar o nome de quem estava tentando possivelmente extorqui-lo.

Dr. Raul, porém, não parou aí. Teve a coragem de colocar o dedo numa ferida limeirense (e acredito que não só limeirense): o jogo sujo de alguns figurões da imprensa. Ao criticar os “jabazeiros”, sempre ligados ao poder (seja quem for o poderoso da ocasião), e aqueles que usam dos veículos de comunicação para nutrir vaidades e egos e encher os bolsos de modo desonesto, expôs um problema real: o do mau jornalismo – alguém há de negar?

Sem querer, talvez, deu uma importante contribuição para: 1) trazer à luz uma realidade restrita ao conhecimento das pessoas do meio; 2) ajudar a separar o “jogo do trigo” na imprensa (como já citado neste blog); e 3) colocar a atividade numa espécie de “banco dos réus”, oportuno neste momento decisivo, ainda que sem citar nomes (mas, como diz o ditado, quem não deve, não teme...).

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