Será que o futebol brasileiro está começando a mudar? Numa atitude rara, os quatro grandes clubes de São Paulo decidiram se unir para cobrar do Clube dos 13 – organização que reúne os principais times brasileiros – uma postura de independência em relação à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a madrasta do futebol nacional.
Os presidentes de Santos, São Paulo, Corinthians e Palmeiras almoçaram nesta sexta-feira e elaboraram um manifesto conjunto como prévia da eleição no Clube dos 13, marcada para segunda-feira.
A história começou porque após anos de reinado de Fábio Koff (ex-presidente do Grêmio) à frente do Clube dos 13, surgiu um candidato de oposição: Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo. O curioso é que o candidato da oposição acaba sendo o da situação, pois Leite tem apoio da CBF. Koff, neste caso, virou oposição (à confederação brasileira e a seu imperador, Ricardo Teixeira).
Parece confuso? E é. A verdade é quem nem Koff nem Leite vão mudar a estrutura do futebol nacional, marcada pela situação falimentar dos clubes.
No entanto, o racha - inédito no Clube dos 13 – já teve um efeito positivo: acionar uma importante e necessária discussão sobre a situação do futebol brasileiro e buscar alternativas – o que reforça minha tese de que mudanças tendem a ocorrer somente em momentos de tensão e inconformismo.
A união dos quatro grandes não vai se refletir na eleição do Clube dos 13. Palmeiras e São Paulo declararam voto em Koff. O Corinthians vai votar em Leite. O Santos ainda não decidiu. Independentemente do resultado, porém, o quarteto quer da nova gestão do Clube dos 13:
a) participação direta dos clubes na elaboração do calendário das competições;
b) participação direta na negociação de direitos de transmissão de TV e publicidade estática, que deve acontecer de forma transparente, sob regras claras, definidas em edital de concorrência;
c) promover uma completa revisão nas relações com as entidades nacionais e internacionais ligadas ao futebol;
d) gestionar (sic) junto aos seus pares para que se constitua uma liga independente no futebol brasileiro;
e) reforma estatutária da entidade, em especial no que se refere à limitação de mandatos.
Não há quem discorde de qualquer um dos itens.
A batalha não será fácil (nas urnas e após a eleição, seja quem for o vencedor). O fato é que os quatro grandes clubes paulistas (apesar do apoio do Corinthians ao candidato de Teixeira) decidiram enfrentar a CBF e mudar a estrutura do futebol nacional. E isso já é um grande passo. Um passo alentador.
Um alerta necessário: esta não é a primeira vez que clubes se unem para tentar mudanças no futebol brasileiro. Nem sempre (ou melhor, quase nunca) o resultado foi satisfatório.
Em tempo: o manifesto é assinado por Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro (Santos), Juvenal Juvêncio (São Paulo), Andrés Navarro Sanches (Corinthians) e Luiz Gonzaga Belluzzo (Palmeiras).
sexta-feira, 9 de abril de 2010 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 22:05 |
A revolta dos quatro grandes de SP
Marcadores: Corinthians, futebol, Palmeiras, Santos, São Paulo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário