Usar o esporte como fonte de lucro e, ao mesmo tempo,
impedir a necessária divulgação daqueles que ajudam a manter a atividade não
parece uma boa equação.
Pois é o que ocorre no Brasil há tempos, em várias
modalidades. O caso mais recente e flagrante envolveu a transmissão de uma
partida do Red Bull Brasil, clube-empresa criado em 2007 que chegou à primeira
divisão do futebol paulista este ano.
Para não citar o nome do patrocinador (que, neste caso, mais
que patrocinador é o nome OFICIAL do time), a TV Globo alterou até o logotipo do clube em suas transmissões.
A situação não é nova. Envolve, por exemplo, as novas arenas
esportivas do país, cujos “naming rights” (os nomes comerciais adquiridos por
patrocinadores) são rigorosamente apagados de jornais, revistas, TVs e sites.
No basquete, há tempos os times ganharam apenas o nome das
cidades onde atuam. Assim, a Winner Limeira (nome de um patrocinador, mas
também nome fantasia OFICIAL da equipe desde sua fundação) é chamada apenas de
Limeira.
E assim ocorre com Bauru, São José dos Campos, Rio Claro...
Mas não com Flamengo – que não é chamado de Rio de Janeiro.
Tampouco o Paulistano ou o Pinheiros são chamados de São Paulo.
Aliás, por que nas transmissões de Fórmula-1, por exemplo, a
tradicional Ferrari (nome de uma marca de automóveis) não vira “Itália”?
Não defendo que os times sejam chamados com nomes de todos
os patrocinadores, mas que recebam a nomenclatura que considerarem oficial. O Reb
Bull Brasil não é o “time X” que ganhou o nome de um patrocinador; ele nasceu
como Red Bull. É o Red Bull.
Por mais que se possa alegar que a emissora nada ganha com o
merchandising alheio, não se pode esquecer que ela só paga pelos direitos de
transmissão dos esportes em geral porque estes conferem audiência e lucro. Do
contrário, não estariam na grade de programação.
Para que este negócio seja sustentável, porém, há que se
permitir que meios de angariar patrocínio (e a divulgação na mídia é um dos
principais) vinguem. Clubes rentáveis são um passo importante para campeonatos melhores.
Neste sentido, esconder os nomes-fantasia não parece ser uma forma de contribuir
com o esporte.
Uma última questão: por que os clubes se rendem a contratos “leoninos” em troca de algumas migalhas se, quando podem efetivamente faturar algo mais com as transmissões de TV, são impedidos inclusive de colocar placas de publicidade em seus ginásios, como ocorre na Liga Nacional de Basquete?
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