(...) Arquitetura é matéria e vazio, história e
esquecimento. Cada obra monumental ou ínfima corresponde a algo que deixou de
existir, ou que poderia ter sido feito e não foi. O tempo tem sido cruel com as
escolhas que São Paulo faz pelo menos desde os anos 1920, com seus rios
aterrados, seu modelo de transporte baseado em avenidas, seus tributos ao elo
conceitual entre concreto/aridez e progresso/bem-estar - Minhocão, Memorial da
América Latina, o Largo da Batata no estado em que se encontra hoje.
Numa cidade que precisa justamente do contrário, ou seja,
menos impermeabilização que impeça o solo de absorver a chuva, mais áreas
verdes que diminuam o inferno das temperaturas atuais, espaços menos hostis ao
convívio comunitário, uma estética de mais harmonia com a paisagem natural e
humana se impõe cada vez mais como forma de inteligência. O que é aceito na
teoria, mas quase nunca na prática. (...)
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