(...) Em julho, fui a Chicago. Sem dúvida, a metrópole mais
agradável que já conheci. Os arranha-céus ficam todos no centro, moderno e
imponente; ao norte e ao sul, bairros residenciais, com casas, prédios baixos e
ruas arborizadas. Como a cidade beira o lago Michigan, há em toda a sua
extensão uma espécie de aterro do Flamengo, comprido como o Chile. No verão,
crianças patinam pela ciclovia, aposentados deitam-se na grama: nas praias
lacustres, mulheres fazem topless; por uns momentos, o brasileiro se esquece da
vida e acha que o mundo é um lugar justo e bom.
Qual o segredo de Chicago? O segredo, amigo, é que a cidade
pegou fogo em 1871: eles tiveram que reconstruir tudinho, do zero. Minha
proposta é simples: a gente vai pra serra da Cantareira, leva um piquenique,
uns binóculos e incendeia SP. Quando o fogo acabar, voltamos pra reerguer - ORGANIZADAMENTE.
Elevados - Talvez o leitor ache a solução anterior um tanto
radical. Ok. Aqui vai meu segundo plano para SP, mais comedido. Espera-se um
desses congestionamentos monstro, de 300 km. Quando estiver aquele murundu,
abandonamos os carros: desligamos os motores, tiramos as fitinhas do Bonfim
dos retrovisores e vamos andando pra casa. Aí, basta aterrar a teia metálica e
começar de novo, dois metros acima, planejando faixas de ônibus, ciclovias,
bondes, riquixás, o que quisermos. A solução não só elimina uma das maiores
chagas paulistanas (o trânsito) como gera empregos e dinheiro: aterrar
inteiramente a nossa malha urbana e produzir novos veículos fará as duas pernas
mancas da economia correrem como as de um Forrest Gump. (...)
Fonte: Antonio Prata, “Três soluções para São Paulo”,
Cotidiano, Folha de S. Paulo, 29/12/13, p. C2.
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