(...) Calçadas seguras e transitáveis são um dos elementos centrais
da mobilidade na cidade. Não se trata, porém, de tema fácil de ser equacionado.
(...) Por um lado, é totalmente ilusório achar que o poder
público teria capacidade financeira e de gestão de, da noite para o dia,
consertar todas as calçadas da cidade e implantá-las onde não existem.
Por outro, calçadas seguras e confortáveis para todos têm
que ser parte integrante de um sistema geral de produção da cidade, que
historicamente gasta milhões com o asfalto onde andam os veículos e regula
milimetricamente o que se pode construir lote adentro, mas jamais priorizou os
espaços de circulação dos pedestres.
Fonte: Raquel Rolnik, “O longo caminho por calçadas seguras”, Folha de S. Paulo, Cotidiano, 4/11/13, p. C2.
***
(...) Com raras exceções, a lógica dos shoppings é a do
modelo de mobilidade por automóvel: chegar de carro, deixá-lo em um
estacionamento e usufruir de um espaço que concentra opções de compras,
serviços, gastronomia e atividades culturais.
A não cidade, fingindo ser cidade, segregada: com raríssimas
exceções, os shoppings simplesmente destroem a continuidade do tecido urbano,
descaracterizando e matando as ruas ao redor.
(...) Em nome das ruas, da multiplicidade de pequenos
comércios, da cidade que quer se mover a pé, de bicicleta e por transporte
coletivo, chega de shopping!
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