(...) No Brasil desigual, Alexander é tão caricato que
poderia ser fictício; mas, se fosse invenção, não soaria implausível e poderia
ser real. O rei do camarote, no fundo, é uma metáfora de certa elite
brasileira. Seus hábitos são extravagantes, suas preocupações são burlescas. O
país seria melhor sem pessoas nessa condição?
Paulo Henrique representa outro tipo social. Apesar de sua
miséria grotesca, a ninguém ocorre que seja ficção; dá-se de barato sua
existência verdadeira. O menino do lixo escancara uma pobreza que ainda campeia
Brasil afora, violenta, rotineira. O país certamente seria melhor sem pessoas
nessa condição. (...)
Fonte: Uirá Machado, “O camarote é um lixo”, Folha de S.
Paulo, Opinião, 7/11/13, p. 2.
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