Os vereadores Nilce Segalla (PTB), Almir Pedro dos Santos (PSDB) e Antonio Brás do Nascimento “Piuí” (PDT) conseguiram uma proeza: levaram para dentro do Legislativo uma crise que era exclusivamente do Executivo. Ou, dito de outra forma, jogaram a Câmara dentro da crise política que atinge Limeira.
Esta proeza é exclusivamente deles (ainda que outros possam se somar a isso na próxima semana). E por ela terão que responder perante a sociedade e os colegas de Legislativo.
Nilce, Almir e “Piuí” conseguiram mais: criaram um verdadeiro turbilhão na cidade. Colocaram o dedo no vespeiro e despertaram as abelhas.
Nos últimos dois dias, anúncios pagos publicados nos jornais dão o tom desta “guerra”. Ontem, o PSDB local comunicou formalmente a decisão de expulsar Almir de seus quadros. Neste sábado, foi a vez do filho de Almir, Silas Pedro dos Santos, partir para o ataque na tentativa de defender o indefensável. E também a Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ) viu-se obrigada a se manifestar depois que um de seus membros mais expoentes, justamente Almir, tornou-se pivô do mais recente capítulo do escândalo político em Limeira.
Nos três casos, as manifestações são deprimentes. Do PSDB, uma reação tardia a um parlamentar que nunca – frise-se, nunca! – respeitou a fidelidade partidária. Ensaiou conversas com a oposição, mas nunca passou disso. Querer expulsá-lo agora é legítimo, embora soe como demagogia e hipocrisia. “Antes tarde do que nunca”, dirão alguns. Que seja, então, o despertar de um partido sem comando e sem força em Limeira (ainda que tenha em seus quadros um ex-prefeito).
Da IEQ, uma manifestação do tipo “não temos nada com isso”. Pois tem! É sabido aos quatro cantos de Limeira (e o momento delicado que a cidade vive exige um basta à demagogia) que Almir se elege vereador desde 1989 (ficou fora apenas uma legislatura) em razão dos votos dos fieis da igreja. O mesmo vale para a vereadora Iraciara Bassetto (PV). Não se pretende dizer que nem um nem outro não tenham votos fora do reduto religioso; podem – e devem – ter. O fato, porém, é que nenhum deles provavelmente se elegeria se não fossem os “fieis fieis”.
Agora que a crise respinga no seio da IEQ, com suas práticas eleitorais que se assemelham aos tempos do voto de cabresto, o comando da igreja tenta se eximir de responsabilidade. Se é certo que a IEQ pode realmente não ter determinado o voto de Almir (e não é isso que está em questão), é inegável que a igreja tem, sim, responsabilidade pela presença dele no Legislativo. E deve responder por isso – afinal, ajuda a eleger um vereador que em momentos cruciais da história recente da cidade tem virado as costas para o interesse público. Inclusive – e principalmente – agora no episódio da comissão processante contra o prefeito afastado Silvio Félix (PDT).
A manifestação de Silas é daquelas típicas de quem se sente acuado. O filho do vereador Almir ataca os colegas do partido onde até ontem ele esteve. “Usam o nome do meu pai benefícios (sic) de seus amigos e profissionais. Há interpostas pessoas com cargos e gente ligada a diretoria (sic) realizando obra pública”, escreve o filho.
Ora, se o partido defendia interesses mesquinhos ou escusos, por que o pai não deixou a sigla? Por que não fez as devidas denúncias a quem de direito? Se sabe de práticas não republicanas, como deixa claro, por que não as tornou públicas até então?
Quer dizer que o próprio filho vem a público afirmar que o pai - vereador, representante legítimo do povo, a quem deve prestar contas de sua atuação - tem sido conivente com práticas escusas?
Simplesmente inaceitável e patético.
De tudo o que disse Silas, só me forço a concordar com um trecho: “Limeira precisa saber dos bastidores, das conversas reservadas, dos grupos secretos e dos escaninhos podres e ‘tubulares’ que passam a política local”.
Nisto ele tem toda razão. Já é passada a hora. E Almir Pedro dos Santos daria uma enorme contribuição se contasse o que sabe. A sociedade espera com ansiedade. A democracia pede justiça! O povo quer transparência.
Almir definitivamente perdeu o direito de se manter calado.
PS - correção feita em 21/2, às 21h30: o partido da vereadora Iraciara tinha constado erroneamente nesta postagem como sendo o PPS.
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