domingo, 12 de outubro de 2008 | |

Homens na cozinha

Li hoje uma interessante reportagem na "Folha de S. Paulo", assinada por Alexandre Nobeschida, sobre a tendência cada vez maior dos homens irem para a cozinha. Segundo a reportagem, muitos utilizam esse expediente como diferencial de conquista. "As mulheres hoje não têm muito tempo para cozinhar ou não gostam de cozinhar. Quando eles sabem cozinhar, isso desperta um fascínio nas mulheres", diz na reportagem o terapeuta sexual Haruo Okawara.

Já a coordenadora do Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, Carmita Abdo, aponta que este novo homem "passa uma imagem de ser menos machista, menos ligado aos valores tradicionais, menos preconceituoso, mais carinhoso e mais atento às novas tendências".

Estes novos personagens já ganharam um rótulo. São os gastrossexuais. Em tempo: tenho sempre um pé atrás com estes rótulos. Eles são extremamente estereotipados - significa que colocam na pessoa uma série de características que ela necessariamente não possui. São como os itens de série num automóvel.

Voltando ao assunto principal: conforme a reportagem, tanto quanto uma conquista, a ida do homem à cozinha está ligada a outros fatores também: 1) a chegada da mulher ao mercado de trabalho e a conseqüente divisão de tarefas de casa; 2) a necessidade (por serem solteiros); 3) o "nesting" (reunião de um grupo de amigos que degustam pratos elaborados em casa); e 4) exibicionismo (de suas habilidades e de seus apetrechos).

Acredito que, em maior ou menor grau, todos estes fatores estão presentes na maior parte dos casos. Alguns deles, como o item 1, são nítidos na nova sociedade brasileira.

Desde que eu fui morar fora durante a faculdade, tive que aprender a cozinhar (a tal necessidade). Do básico ensinado pela minha mãe (arroz e bife), fui aumentando o cardápio por conta própria (afinal, seria impossível passar quatro anos só com arroz e bife...). Isso não significa sofisticando-o (gosto do básico e não tentei ainda fazer nada sofisticado). Em todo caso, aprendi a me virar. Apesar disso, são raras as pessoas que já me viram em ação.

Tenho um amigo que é, para usar o termo da moda, gastrossexual. Não sei exatamente qual dos itens apresentados na reportagem o motiva mais. Acho que é o item 3. Ele cozinha muitíssimo bem (veja a diferença: eu me viro; ele cozinha). Soma-se a isso sempre uma boa música, cerveja e um ótimo papo. Ou seja, participar do seu "nesting" é sempre um prazer (se fosse possível, faria isso semanalmente hehe).

Eu ainda não tive coragem de preparar nada para terceiros (só para o pessoal da dona Maria porque se eu não fizer isso aquele povo não faz nada). Um dia, quem sabe, promoverei o meu "nesting". Até lá, aceito convites.

PS: quem quiser ver a reportagem, basta acessar http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1210200801.htm.

3 comentários:

Rogério disse...

O 1º jantar que elaborei para lea foi Salada de alface, rúcula e agrião, com cubinhos de salame refogado, kani, e tomate cereja. Como prato principal Arroz, figado flambado em conhaque Macieira, e depois refogado com alecrim, e de sobremesa torta de maçã. Acho que deu certo estamos casadas a 6 anos...

Rogério disse...

Houve um erro de digitação na mensagem anterior, onde se lê lea leia-se ela.

Rodrigo Piscitelli disse...

Nossa, até assustei. Pensei que era uma pessoa, depois "despensei" em virtude do "lea" e agora pensei novamente. Rogério: a parte mais importante da postagem é a que eu digo que espero convites. Hehehe.