terça-feira, 20 de maio de 2014 | |

Um diagnóstico - e alguns recados ao mundo

Trecho da entrevista com o economista Thomas Piketty:

(...) Folha - Seu livro conta como o capitalismo nos países centrais concentra renda, promove desigualdade e está enredado no baixo crescimento --que beneficia os mais ricos, os herdeiros. O capitalismo está cavando sua própria cova? Sobreviverá?
Pode sobreviver certamente, mas precisa responder a seus desafios sobre desigualdade. Há instituições democráticas para isso. O debate sobre a taxação mais progressiva da riqueza é parte disso. Sou otimista. Há poucos dias, se viu que bancos suíços estão tendo que enfrentar sanções nos EUA. As coisas podem mudar.

O sr. escreve que a desigualdade é uma ameaça à democracia...
É uma ameaça verdadeira. O capitalismo do século 21 traz extrema desigualdade. A certo ponto, isso pode trazer riscos para as instituições democráticas. Outra ameaça é a resposta nacionalista: quando não conseguimos resolver os problemas sociais é tentador achar culpados: trabalhadores estrangeiros, outros países, a Alemanha, a China.
É preciso discutir uma taxação adequada para assegurar benefícios gerais. Senão, correremos sérios riscos. A batalha política é muito complicada. As pessoas precisam entender as opções e é importante discuti-las. (...)

Fonte: Eleonora de Lucena, “Desigualdade é ameaça verdadeiraà democracia”, Folha de S. Paulo, Mercado, 14/5/14.

***

(...) A principal tensão do mundo contemporâneo não advém do conflito distributivo entre capital e trabalho. O cabo de guerra é entre empreendedores e burocratas, seja na forma da grossa camada de gestores cujo intuito é a autopreservação ou nas inúmeras esferas estatais que esclerosam o dinamismo econômico.

Para países como o Brasil, o grande desafio é encontrar seu próprio modelo de capitalismo competitivo que lhe permita pagar o preço da civilização. (...)

Fonte: Marcos Troyjo, “Socialismo para milionários”, Folha de S. Paulo, Mundo, 16/5/14.

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