(...) Os motoristas viraram a erva daninha da cidade.
Ciclistas já os odiavam quando passavam com seu ar de santo ecológico pelos
pobres coitados dos motoristas que não moram numa "pequena Amsterdã",
como a moçada da classe média alta que mora perto do trabalho ou da
"facul", ou que tem um trampo fácil, sem horas duras, ou ganha muito
bem ou tem grana de outra fonte e então pode ir de bike para o trabalho ou para
a "facul". Quem anda de bike para salvar o planeta é playboy light.
(...) O ódio ao motorista virou demonstração de consciência
social e ambiental - outro modismo contemporâneo. Esquece-se que essas pessoas
são cidadãs como todas as outras. Que pagam impostos exorbitantes para comprar
os carros e IPVA todo ano. Pagam IPVA, mas logo não terão direito de andar de
carro pela cidade. Nada de novo no front: os brasileiros estão acostumados a
pagar impostos e não ter nada em troca. (...)
Fonte: Luiz Felipe Pondé, “A erva daninha”, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 3/2/14..
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