"Presidencialismo de coalizão" é o eufemismo
cunhado por acadêmicos cínicos para nomear um sistema político hostil ao interesse
público, endemicamente corrupto, que se reproduz parasitando as pessoas comuns.
Nas jornadas de junho, a sociedade rebelou-se precisamente contra isso,
provocando pânico visível entre gregos e troianos.
Fonte: Demétrio Magnoli, “Flores no jardim”, Folha de S.
Paulo, Poder, 8/2/14.
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(...) Rui Barbosa, em junho de 1899, descrevia “um Congresso
de mendicantes, janízaros do chefe de Estado e de agentes de negócios dos
governadores”. (p. 132-3)
(...) o Reino da Mentira, descrito pelo senador Rui Barbosa,
nos idos de 1919, volta à ordem do dia: “Mentira por tudo em tudo e por tudo.
Mentira na terra, no ar, até no céu. Nos inquéritos. Nas promessas. Nos
projetos. Nas reformas. Nos progressos. Nas convicções. Nas transmutações. Nas
soluções. Nos homens, nos atos, nas coisas. No rosto, na voz, na postura, no
gesto, na palavra, na escrita. Nas responsabilidades. Nos desmentidos”. (p. 162)
“Reformar a cultura política significa, sobretudo, reformar
o cidadão. Cidadãos mais exigentes, cultos e preparados, serão o oxigênio para
a gestão mais racional de nossa democracia. Até chegarmos a esse estágio
civilizatório, teremos de conviver com partidos do faz de conta, administrações
que mais se assemelham a capitanias hereditárias, tensões políticas constantes,
justiça lenta e contingentes apinhados no balão político das trocas.” (p. 274)
Fonte: Gaudêncio Torquato, “Era uma vez... mil vezes – O Brasil de todos os vícios”, ed. Topbooks: São Paulo, 2012.
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