Estamos (os alunos e eu) prestes a encerrar mais um semestre de trabalho. Para mim, sempre emotivo com momentos marcantes, encontros e despedidas, será um período especial. Vou me despedir da minha primeira turma de alunos - e, claro, eles se tornaram especiais por isso.
Foram, no total, dois semestres de convivência semanal. Fizemos sete edições do jornal-laboratório "Em Foco", do Isca Faculdades. Cumprimos todas as etapas programadas para as aulas - o que me deixa satisfeito.
Tão ou mais importante do que isso, porém, é plantar sementes. Recentemente, li um artigo que falava de uma certa prepotência ou ingenuidade do professor por imaginar que consegue (ou deve) transmitir conhecimento. Realmente, como tudo no mundo, o ato de lecionar também tem passado por sérias transformações nesta era da informação globalizada. Sim, o professor deixou de ser o "único" depositário do saber.
Neste sentido, penso que tão ou mais importante do que transmitir conhecimento, a tarefa do professor hoje é a de estimular - a busca pelo conhecimento, a troca de informações, o desejo pelo avanço constante, a reflexão e a crítica, etc. Foi - e é - com esse foco também que realizo meu trabalho como docente.
Se, ao fim de uma jornada, tiver plantado algumas sementes (isso soa um tanto prepotente mesmo...), darei-me por satisfeito.
Na jornada atual com a turma do quinto semestre de Jornalismo, acho que algumas sementes foram plantadas. Fico feliz e honrado por receber algumas manifestações, como a da aluna Roxane Regly (o blog pode ser acessado aqui). Aliás, por falar em Roxane, aproveito para postar a seguir o vídeo de um trabalho que ela e a colega Lilian Geraldini fizeram para a disciplina Estética e Cultura de Massa mostrando "a diversão na infância proporcionada pela TV e pelos brinquedos ao longo das décadas".
PS: aproveito ainda para dedicar este vídeo a Cristina Helena Carola, amiga de longa data, de Jundiaí, e que faz tempo que não vejo.
domingo, 31 de maio de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 23:24 | 5 comentários
Plantando sementes
quarta-feira, 27 de maio de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 17:50 | 29 comentários
Aula 2.0
Na última quarta-feira, ministrei minha penúltima aula para a turma do quinto semestre de Jornalismo do Isca Faculdades, em Limeira. Era praticamente o encerramento da disciplina Jornal-Laboratório 2 (a próxima aula terá um bate-papo com profissionais da imprensa e depois os exames). O tema era Jornalismo 2.0 e as novas tendências de interação do jornal impresso com a web.
Obviamente, uma aula assim exigia algo diferente. E eu coloquei em prática duas ideias que tivera um dia antes. Depois de um ampla discussão com os alunos sobre várias questões envolvendo a web 2.0, decidi provocá-los. Pedi que opinassem sobre um determinado tema numa ferramenta 2.0 - um blog. Ao invés de seguirmos a discussão em classe, fizemos isso via web. Foi fantástico! Muitos deles se entusiasmaram.
A questão posta foi: "Ante as discussões a respeito da web 2.0 e as novas oportunidades e ferramentas para o jornalismo, qual a sua opinião sobre a sobrevivência dos jornais impressos? A web 2.0 será mesmo capaz de tomar o lugar deles? E o texto jornalístico, muda?"
Também decidi gravar em vídeo uma interessante discussão - surgida entre os próprios alunos - sobre uma possível passividade do leitor. O resultado disso tudo você pode ver logo abaixo e nos comentários desta postagem.
segunda-feira, 25 de maio de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 12:05 | 1 comentários
Amor e paz...
sexta-feira, 22 de maio de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 20:00 | 1 comentários
Meu primeiro áudio!
Iniciei este mês um curso de Jornalismo 2.0, promovido pelo Centro Knight for Journalism in the Américas, ligado à Universidade do Texas (Austin). Fui muito mais movido pela necessidade (estava ficando atrasado em relação às novas tecnologias e ferramentas da web) e curiosidade (isto é por natureza... jornalística).
Confesso que não sabia direito o que iria encontrar. E não imaginava que acabaria produzindo minha primeira notícia em áudio para a web! Aliás, faço esse esclarecimento de antemão - claro que, com isso, pretendo pedir antecipadamente a compreensão pelas falhas que aparecem. Obviamente que é possível fazer muito melhor – aliás, se fosse para fins profissionais, eu vetaria o meu áudio (mais pela qualidade do que pelo conteúdo).
No que diz respeito à qualidade, acho necessário deixar claro que: 1) como não tinha um microfone, usei meu próprio celular; 2) como não tinha um estúdio com acústica adequada, gravei em casa (daí o fato do som estar ecoando nas paredes na minha narração – a fala do entrevistado foi captada num teatro, com acústica apropriada...).
Ainda assim, por ter sido feito por uma pessoa que nunca tinha colocado as mãos em um programa de edição, acho que o resultado “passa”. Para ser mais franco, por ser a primeira vez, fiquei satisfeito com o resultado.
A proposta era produzir uma narração de dois minutos contendo o fato, sua contextualização e a opinião. De preferência, o texto não deveria ser lido – daí a ocorrência de alguns errinhos, embora o improviso tenha ficado bom. Aproveitei uma entrevista que fiz na última quarta-feira durante uma visita do jornalista Gilberto Dimenstein à minha cidade. Na ocasião, ele falou – paradoxalmente (considerando a temática do curso) - sobre rádio.
Para a edição, utilizei o Audacity, programa gratuito recomendado pelo curso. Após “apanhar” do programa durante um dia, finalmente entendi seu funcionamento básico, o que me permitiu montar a matéria. O problema foi na hora de fazer o upload, já que o site indicado pelo curso (MP3Tube) não estava acessível. Recorri, então, ao fórum para esclarecimento de dúvidas sobre os exercícios e constatei que uma colega teve problema semelhante. Apostei na solução que um outro colega indicou a ela – o www.goear.com. Deu certo!
O resultado pode ser conferido a seguir:
PS 1: dei uma passada pelos blogs de alguns colegas do curso e constatei que, por ter uma edição com colagens de entrevistas e narrações, meu trabalho ficou um pouco mais desafiador do que se optasse apenas por uma narração continuada. No entanto, observando algumas outras produções, que incluíam até som musical em BG, a minha está precária... Mas eu chego lá!
PS 2: para quem se interessar, as demais produções e análises do curso estão disponíveis no blog que criei especificamente para isso (esta era, aliás, a segunda tarefa do curso). O endereço é http://rodrigopiscitelli3.blogspot.com.
PS 3: vem aí meu primeiro documentário em vídeo para a web!
terça-feira, 19 de maio de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 12:42 | 1 comentários
Eu saí na "Folha"
Desde que comecei a dar aulas numa faculdade de Jornalismo, no ano passado, acentuei meus estudos sobre a profissão. Não que um dia tivesse deixado de estudar. É que as aulas me estimularam e reforçaram minha busca por temas e novidades ligados à área. O convívio com os alunos, depois, deu-me mais motivação para aprender - principalmente o que diz respeito às novas tecnologias, que muitos deles dominam tão bem.
Este ano, em particular, li muito sobre a profissão em si em razão das aulas de Ética. Isto me fez pensar sobre uma série de coisas e discutir como estamos distantes do que um dia fomos ou do que deveríamos ser. Estamos nos entregando às amarras do mercado, aceitando isto como se fosse um fim natural... Esta, porém, é outra discussão.
Citei tudo isso para dizer que os estudos sobre jornalismo e a minha saída de um jornal diário, onde trabalhei durante dez anos, levaram-me a um certo distanciamento. Não pretendo ser o crítico que só vê defeitos no trabalho alheio (até porque estive - e estou - do outro lado, o de quem faz jornalismo diário e sei das imensas dificuldades que enfrentamos). Ainda assim, acho importante discutir o meio jornalístico.
Neste sentido, meus contatos com o ombusdman da "Folha de S. Paulo" tornaram-se mais frequentes. Não, não sou um leitor chato que faz reclamações diárias, mas vez ou outra encaminho meus registros. E não é que no último domingo fui surpreendido com a citação do meu nome pelo ombusdman Carlos Eduardo Lins da Silva! Estava lendo a coluna e de repente pensei: "isso parece algo que eu escrevi". A seguir veio meu nome (escrito errado, é verdade, mais ainda assim meu nome).
Achei curioso. Foi a primeira vez que saí na "Folha de S. Paulo" (no UOL eu já tinha sido alvo de notícia com o documentário sobre o título paulista da Winner Limeira).
Para quem tiver interesse, eis o link do texto do ombusdman: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ombudsma/om1705200902.htm.
PS: o texto pode ser lido também ao acessar o campo das mensagens nesta postagem.
segunda-feira, 18 de maio de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 10:53 | 0 comentários
País do futuro?
"Lembra-se daquela história de que 'brasileiro não desiste nunca', muito usada na propaganda do governo? Pois não é que um dos garotos propaganda da história desistiu do Brasil? Chama-se Ronaldo Nazário de Lima, mais conhecido como Ronaldo Fenômeno, e confessou ontem, durante a sabatina Folha, que prefere educar os filhos na Europa.
Por dois motivos básicos: segurança e educação. Ronaldo contou que, quando seu filho vem ao Brasil e se junta a garotos brasileiros da mesma faixa etária, é impressionante a quantidade de palavrões que dizem os amigos do filho.
Já Ronald é 'doce', 'europeu', diz o pai. Na prática, quer dizer o seguinte: a educação que recebe na Espanha, onde vive com a mãe, o torna mais civilizado que seus companheiros no Brasil. Quando observei que a comparação parecia racista, o jogador devolveu: é apenas realista. Fechou com uma frase irrespondível: 'A gente tem que pensar nos filhos'.
É nessas horas que o Brasil dói na gente. É quando uma pessoa inteligente, informada e que teve a oportunidade de comparar o país com outro (ou outros) desiste de criar os filhos nestes tristes trópicos. E não se trata de um filho ou neto de espanhol, italiano, russo, javanês ou marciano, mas do arquétipo do brasileiro.
Se alguém precisar de um personagem com todas as características que se atribuem ao brasileiro, chamará Ronaldo para o papel. Dói mais porque uma pessoa com o jeito Ronaldo de ser desiste do Brasil para os filhos depois de 14,5 anos de dois presidentes que mais história e preocupação tinham com a questão social, que envolve, como é óbvio, segurança, educação e outras coisas mais.
Como fica ilusória essa história de potência emergente diante da constatação de que não emergiu um país em que um brasileiro típico deseje criar filhos."
Fonte: Clóvis Rossi, "Brasileiro desiste, sim", Folha de S. Paulo, pág. A2, 16.5.09
"O que ainda vai ter de novidade para o programa?
Miguel Falabella - A Isadora vai ser juíza. Não teve agora essa juíza loura, uma mulher corrupta, que está aí nas páginas? E alguém diz alguma coisa? Se bobear vai estar na "Caras" mostrando a casa, daqui a pouco. Não vai? Claro que vai! E todo mundo vai achar lindo. O Brasil perdeu os valores básicos. O "Toma Lá" é uma brincadeira, mas denuncia isso tudo.
E você acha que o público entende dessa forma? Em "A Lua me Disse", por exemplo, você foi acusado de racismo por causa das personagens Latoya e Whitney...
Falabella - Eu respondo a seis processos até hoje. O nível mental das pessoas que assistem à tevê no Brasil é por volta de 9 anos de idade. Em comparação a um jovem francês, o que lê um jovem brasileiro? Um jovem francês lê 200 vezes mais. E um país que não tem educação nos condena à mediocridade. Aqui mesmo tem diálogos e piadas que as pessoas não entendem, porque não têm informação. É o que eu brinco: para entender o "Toma Lá Dá Cá" tem de, pelo menos, ter lido "A Moreninha". Mas o público entende a transgressão e a brincadeira, gosta do absurdo.
A recepção, então, é boa?
Falabella - Com certeza. Quando você acharia que uma senhora, uma avó como é a Copélia, poderia se comportar dessa maneira? Uma mulher que só pensa em sexo? Mas o público ama a Copélia. Acho que a gente está tão farto de mentira, de hipocrisia, que, quando alguém diz uma loucura - e diz de verdade, porque eles acreditam naquilo - as pessoas gostam.
O que falta na tevê?
Falabella - Ela precisa se repensar urgentemente, como um todo. Nós precisamos apontar novos caminhos - mas é muito difícil. Porque nós trabalhamos com uma matéria-prima que é a palavra. Quanto menos educado é o povo, menos você pode dizer as coisas, por que as pessoas não entendem. As pessoas não leem e não sabem escrever. É aterrador. Por isso enfatizo a educação. O povo precisa ser educado, a leitura tem de ser incentivada. Não sei o que vai acontecer, mas, obviamente, mudanças são necessárias."
Fonte:
http://televisao.uol.com.br/ultimas-noticias/2009/05/18/ult4244u3361.jhtm
sexta-feira, 15 de maio de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 12:42 | 0 comentários
O fenômeno Dan Brown
quinta-feira, 14 de maio de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 16:29 | 1 comentários
Waves
E para quem pensa em fazer algo semelhante, vale o alerta de Clark: "Sempre existe um risco para mim, por conta da força e tamanho das ondas. Mas minha experiência como surfista me deixa à vontade para encarar as ondas sem medo".
Há dois anos, informa a BBC, Clark vive da venda das fotos - cujos preços variam de US$ 50 a US$ 4 mil (R$ 105 a R$ 8,4 mil). E o mais inusitado desse negócio é que tudo começou a partir de um desejo da mulher dele de ter uma foto para decorar a casa no Havaí.
Para quem quiser conferir mais imagens, o site oficial do surfista-fotógrafo é clarklittlephotography.com.
| Postado por Rodrigo Piscitelli às 16:02 | 0 comentários
Bendita crise!
Muito já se falou sobre a dita crise mundial. Falou-se bem, falou-se mal. De forma simplória, uns viram nela o apocalipse, enquanto outros simplesmente diziam que o otimismo faria tudo mudar. Nem uma coisa nem outra. A crise não será o fim do mundo, mas também não é uma fantasia.
O fato é que a crise chegou. Graças a Deus. Feliz ou infelizmente, nós humanos costumamos depender de momentos assim para mudar, rever posições, corrigir rotas. São as crises que nos levam a uma nova calmaria (que provocará acomodação até que surja uma futura nova crise). É assim na vida pessoal, tem sido assim na história da humanidade.
O historiador italiano Massimo Montanari, por exemplo, aponta que a gastronomia (ou melhor, a fome) ajudou a criar a civilização. Isso mesmo. Professor na Universidade de Bolonha, na Itália, ele disse em recente entrevista à “Folha de S. Paulo” que “a fome levou a história da alimentação a muitas direções fundamentais”. Foi em razão da fome que o homem buscou identificar alimentos duráveis, “que pudessem não apenas nutrir, mas também constituir reservas”.
Foi também por causa dela que foram elaboradas “técnicas de conservação: salgar, defumar, colocar em conserva, no mel, no azeite etc”. “Tudo isso nasce como ´cultura da fome´, mas permite construir extraordinárias elaborações gastronômicas. O salame, o presunto, a geleia são um ponto mágico de encontro entre a cultura da fome e a cultura do prazer - que, ao longo da história, não viajam separadas, mas juntas”, cita Montanari.
Assim, foi a crise da alimentação que levou os homens a cozinhar, a “transformar os produtos naturais em algo diferente”. Não é à toa que essa é uma característica exclusiva da raça humana.
Da mesma forma, foi preciso a crise atual para a sociedade repensar o mundo. Incrivelmente, o desenho geopolítico que temos em 2009, ou seja, no século 21, ainda segue as bases do mundo no pós-Guerra (1945). Isso acontece com o Conselho de Segurança da ONU, com a gerência do FMI e com tantos outros organismos internacionais – ainda que novos “atores” tenham surgido no cenário global, como o Brasil, a Índia, etc.
Então, se o ser humano precisa da crise para mudar, que venha a crise!
quarta-feira, 6 de maio de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 21:04 | 1 comentários
Virada fotográfica
terça-feira, 5 de maio de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 11:23 | 0 comentários
Carros - quem explica?
Quando a editora, idealizadora, chefe, proprietária, etc, desta revista me convidou para escrever algo, aceitei de imediato. O problema veio logo a seguir: escrever sobre o quê? Como deixei à escolha dela o assunto, logo veio a sugestão (ou seria ordem?): “escreva sobre carros”. Pronto, estava lançado o desafio. Sim, o desafio. Não sou um fanático por veículos a ponto de escrever com propriedade sobre eles. Obviamente que gosto de carros, acompanho os lançamentos, as tendências, mas não sei dizer de sopetão qual foi o modelo mais bem sucedido em toda a história de determinada marca nem quais são os principais diferenciais desta ou daquela montadora.
O que escrever, então? Como sou um tanto analítico, logo me veio uma ideia à mente. Refletir sobre os mitos que cercam o universo automobilístico. São mesmo mitos? É fato que o homem tem com o automóvel uma relação, digamos, passional? Claro que toda generalização é arriscada e talvez até injusta, mas não se fala de tendências comportamentais se estas não forem verificadas num universo um pouco mais amplo. Portanto, a questão que se coloca é: o que, efetivamente, o carro representa para o homem?
Se é voz corrente que as mulheres gostam de se arrumar para... as mulheres (ou seja, elas gostam mesmo é de competir umas com as outras), será que princípio semelhante se aplicaria à relação dos homens com os carros (e, portanto, com os outros homens)? Se analisarmos alguns atributos automobilísticos, tenderemos a crer que sim. Senão vejamos: quando se fala em carro, uma das primeiras características que vêm à mente é a potência. “Qual a potência do motor?”, perguntamos. Um certo psicanalista já explicava há pouco mais de cem anos esse tipo de pensamento. Não resta também dúvida - numa sociedade cada vez mais consumista e individualista como a atual - que o carro é um símbolo de status e poder. E, mais uma vez, o poder carrega consigo uma série de predicados que aquele mesmo psicanalista já explicou.
Como subprodutos da potência e do poder, aparecem no mundo automobilístico outras características, como a velocidade. Esta geralmente guarda ligação com a superação de limites e com a adrenalina do perigo, da aventura, do risco. E não é a velocidade pela velocidade; é a velocidade competitiva, a do quem pode mais. Aí reside a questão. Vê-se, portanto, que potência e poder estão aqui presentes de modo intrínseco. Por mais que se pretenda, é difícil fugir deles.
Diante disso, você poderia pensar: então o carro é um objeto tipicamente masculino? Não. A questão não está no objeto, está na pessoa. Ou seja, a relação que homens e mulheres estabelecem com o veículo é que faz a diferença. Entender essa diferença é fundamental, dela depende o sucesso ou o fracasso de um lançamento, por exemplo. Se você duvida, saiba que na Inglaterra uma montadora precisou “recriar” – por meio de propaganda - um modelo (muito vendido no Brasil) para apagar a imagem que ele tinha de ser “feminino” (ou seja, sem potência, pequeno, etc). Surgiu o modelo “twin”, o irmão gêmeo malvado. Era o mesmo carro, apenas com novos atributos. Não é preciso dizer que foi um sucesso de vendas.
Por tudo isso, os carros mexem com o desejo masculino, estão nos sonhos de muitos homens. Carros, mulheres, dinheiro... Será que é por acaso que no Salão do Automóvel tem sempre uma bela modelo ao lado de cada veículo? Definitivamente não! É a união de tudo o que qualquer homem deseja. Carros, mulheres, dinheiro... Se você ainda não entendeu, acho que um tal de Sigmund Freud explica...
PS: texto redigido para a revista "Máxima", da colunista social Rosiane Tank.domingo, 3 de maio de 2009 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 17:50 | 0 comentários
Na Cultura
| Postado por Rodrigo Piscitelli às 17:39 | 0 comentários
Leituras, leituras, leituras
Tenho lido muita coisa interessante nos jornais ultimamente. Sempre pensei neste blog como – também – uma forma de compartilhar ideias e promover um debate em torno delas. Eis, portanto, a seguir, algumas dessas leituras. Eu recomendo, sob aspectos variados.
1 - "Qual é a necessidade de chorar quanto a determinadas partes da vida? Ela toda pede lágrimas". (Sêneca)
Esta frase resume um pouco o que se discute no texto “Para ser mais feliz, esqueça o otimismo”, do filósofo suíço Alain de Botton. É uma discussão das mais interessantes que já li sobre a vida moderna (ou pós-moderna).
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0305200917.htm
2 - "Bônus demográfico" turbina crescimento
Esta reportagem, analítica, ajuda a entender o que está acontecendo com o Brasil. São fenômenos que se acentuaram nos últimos anos, protagonizados por nós, e dos quais muitas vezes não temos consciência. “Combinação de quedas da natalidade e da mortalidade, mais mulheres e adultos produtivos e menos pessoas por lar estimulam economia”. Quer entender o Brasil? Leia!
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0305200902.htm
3 – “A crise está na degradação das instituições e do Estado de Direito. O problema, no entanto, nem é mais esse estado de coisas. É como sair dele - se ainda for possível.”
É assim, com esta forte conclusão, que o jornalista Janio de Freitas encerra seu texto “Se ainda for possível”, publicado hoje (3/5) na “Folha de S. Paulo”. E aí, você concorda com ele?
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0305200906.htm
4 – “Não é função do Estado proteger o cidadão do mal que ele causa a si mesmo. Mas é dever, sim, defendê-lo do mal que terceiros possam fazer contra ele.”
Para quem ainda questiona a recém-aprovada lei antifumo, sugiro a leitura deste artigo do médico Drauzio Varella, também publicado na “Folha de S. Paulo”. Para o médico, “defensores do direito de encher bares de fumaça só o fazem por ignorância ou interesse financeiro”.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2504200923.htm
| Postado por Rodrigo Piscitelli às 16:41 | 1 comentários
"E o Nobel do Cinismo vai para..." e "A louvação da picaretagem"
"Estou abrindo uma subscrição pública para comprar uma casinha para o pobre deputado Domingos Dutra (PT-MA), que diz temer ser obrigado, "daqui a pouco, a andar de jegue, morar em casa de palafita e mandar mensagens por pombo-correio".
Coitadinho. Não sei se choro de dó ou recomendo o ilustre pai da pátria para o Prêmio Nobel do Cinismo, a ser ainda criado, mas que será, fatalmente, atribuído a um congressista brasileiro (ou a todos eles de cambulhada).
O coitadinho do Dutra só esqueceu que: 1) tem casa de graça em Brasília, paga por nós; 2) tem uma verba para gastar com correspondência que daria para inundar de papel uma cidade pequena; 3) carro é o que não falta para os pais da pátria. Se faltasse, o gordo salário que ganham daria para comprar ao menos um.
É, portanto, de um cinismo imbatível, digno de prêmio. Aliás, o seu partido, o PT, enchia a boca antigamente para reclamar dos privilégios de que gozavam os parlamentares (os "300 picaretas" de Lula, lembra-se?). Chegou ao poder e lambuza-se no gozo das vantagens a ele inerentes, para não falar nos trambiques que levaram o procurador-geral da República, com o aval do Supremo Tribunal Federal, a rotular suas principais lideranças de "organização criminosa".
Mas o coitadinho do Dutra não está sozinho na disputa pelo Nobel do Cinismo. O líder do PTB, Jovair Arantes, aquele mesmo que confunde as "coisas" públicas com as suas "coisas", agora pergunta, ante a ameaça de cancelamento das passagens para parentes de deputados: "Não posso mais trazer minha filha para dormir comigo?".
Pode, Arantes. É só pagar a passagem, como fazemos todos os mortais comuns. Repito: essa gente toda acha que maracutaias, trambiques e privilégios são direitos adquiridos. O Nobel do Cinismo seria pouco."
Fonte: Clóvis Rossi, Folha de S. Paulo, 25.4.2009, p. A2.
Afinal, toda pessoa, física ou jurídica, que tenha assuntos a tratar em Brasília paga a passagem do próprio bolso. Congressistas pagam com o meu, o seu, o nosso bolso - e o presidente bate palmas, até porque não tem autoridade moral para criticar, porque confessa ter usado e abusado de idêntico privilégio, mesmo no tempo em que achava que a grande maioria do Congresso era formada por 'picaretas'.
Indecente e aética, a defesa que Lula faz do privilégio só não é surpreendente. É prima-irmã da que fez durante o escândalo do mensalão. 'Todo mundo faz', afirmou, então, como agora. E o que é que 'todo mundo faz'? É caixa-dois, o único crime confessado pela turma. E o que é caixa-dois? É 'coisa de bandido', na ilustrada opinião de Márcio Thomaz Bastos, então ministro da Justiça de Lula.
Um presidente que dá de ombros para a prática por seus próprios correligionários de 'coisa de bandido' não é exatamente o melhor exemplo que alguém possa invocar em matéria de cuidados com o dinheiro público, que é, em último análise, o fundo do debate.
Se o próprio presidente diz não achar 'correto' dar passagens para outras pessoas, como ele o fez, deveria é repetir a frase sobre os '300 picaretas que defendem apenas seus próprios interesses'. Mas o poder muda tanto as pessoas que, de condenar, passou a louvar 'picaretas' e privilégios indecentes.
Fonte: idem, 3.5.2009