A presidente Dilma Rousseff (PT) está certa: a reforma política é necessária - é a "mãe" de todas as reformas porque é a raiz de grande parte dos males do nosso sistema político-eleitoral e dos governos em geral.
O presidente do Senado (argh!), Renan Calheiros (PMDB-AL), está certo do ponto de vista institucional: isto é dever do Congresso.
Que, registre-se, não faz nada há 20 anos, desde que projetos de reforma começaram a circular por lá. Lava as mãos conscientemente porque não quer tocar em privilégios seculares.
Dilma, ao citar a reforma e a necessidade de consulta popular no seu discurso da vitória, foi bem clara: o tema é uma "responsabilidade constitucional do Congresso". A sociedade deve ser mobilizada "num plebiscito por meio da consulta popular".
Embora legalmente os termos estejam tortos, como registrou Elio Gaspari em artigo na "Folha de S. Paulo", é preciso considerar a intenção da presidente reeleita.
E a intenção é: povo brasileiro, se não pressionar, a reforma não sai. O Congresso, senhor Renan Calheiros, já mostrou não ter interesse no assunto. Afinal, são duas décadas de embromação, não dois dias ou dois meses.
O que Dilma quis dizer também é que, após as jornadas de Junho de 2013, nenhuma reforma será legítima se não tiver a participação efetiva da sociedade, durante o processo e depois.
Entre o que disse Renan e Dilma, fico com a presidente.
Mas já que Renan fez questão de colocar os pingos nos "is" do ponto de vista institucional, que coloque seu cacife político em jogo para fazer a reforma avançar.
Em tempo: é preciso registrar também, como fez Gaspari no artigo já mencionado, que o tema da reforma é recorrente nos discursos petistas em momentos de crise. E a reeleição da presidente, embora festejada, é um momento de tensão do partido, que sabe a "bomba" política que terá pela frente no novo governo.
quarta-feira, 29 de outubro de 2014 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 05:48 |
A proposta de Dilma e a fala de Renan
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