"Me dói dizer isto, mas realmente não estamos preparados para estes eventos."
A frase acima foi dita por um amigo que viajou até Brasília (DF) no final de semana para acompanhar o jogo de estreia do Brasil na Copa das Confederações - e de abertura do torneio que serve de teste para a Copa do Mundo de 2014.
Para quem tem viajado pelo país nos últimos tempos, a observação não é surpresa. Já registrei neste blog que os aeroportos estão caóticos. A infraestrutura das cidades em geral (incluindo a prestação de serviços) também deixa muito a desejar para um evento do nível da Copa. Quem já viajou ao exterior, principalmente Estados Unidos e Europa, fica ainda mais assustado com a falta de preparo.
Às vésperas da Copa das Confederações, voltei a usar o Aeroporto Internacional de Guarulhos, recém-concedido à iniciativa privada. O que vi foi o caos habitual. Quatro discussões acaloradas numa fila mal organizada, sem começo nem fim, para acessar a Receita Federal (porta de saída para quem chega de voos internacionais). Banheiros sujos e fedendo. Falta de informação e uma muvuca (para usar um termo bem brasileiro) no embarque, com superlotação no pequeno espaço reservado aos voos nacionais do tal "portão 1".
Em Recife (PE), como vi na imprensa, faltou campo para as seleções do Uruguai e Espanha treinarem, o que provocou reclamações formais à Fifa (Federação Internacional de Futebol).
Por fim, outra observação feita pelo mesmo amigo que foi a Brasília: "o estádio é 'fudido', mas tem fila para tudo".
Como resumiu a revista "Veja" em seu especial da edição 2.325, ano 46, número 24, de 12/6/13: "Muito se pergunta sobre os benefícios que os três grandes eventos esportivos - a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016 - deixarão para a precária infraestrutura brasileira. Serão poucos. Das obras de mobilidade urbana prometidas para 2014, apenas 15% estão concluídas e os novos aeroportos não decolaram. A festa seria mais bonita se ela fosse real também fora dos estádios e da TV".
"Teremos belos templos de futebol, mas a julgar pelo ritmo das obras vitais de infraestrutura, como a ampliação de aeroportos e as melhorias no transporte público das cidades, ainda falta muito para que a Copa das Confederações e, no ano que vem, a Copa do Mundo sirvam de pretexto para um Brasil mais moderno e cuidadoso com os cidadãos que pagam impostos. O tempo correu, muito dinheiro foi gasto apenas como estádios de padrão internacional, e o legado talvez pare por aí. É pouco."
Em tempo: o estádio nacional de Brasília - que custou R$ 1,2 bilhão (a mais cara de todas as arenas a serem usadas na Copa) - tinha sérios problemas no gramado no jogo do Brasil, algo inaceitável para uma partida de nível internacional. E não quero nem entrar no mérito de que o estádio vai virar um elefante branco após a Copa...
PS: dentro de campo, pelo menos, a seleção brasileira começa a dar sinais de ajuste (em que pese a fragilidade do adversário da estreia).
segunda-feira, 17 de junho de 2013 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 09:31 |
Começamos mal (como se previa)
Marcadores: aeroportos, Brasil, Copa, infraestrutura
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