(...) Engana-se
quem pensa que a tradição marxista comece com Marx, ela começa com Rousseau e
seu bom selvagem. O princípio é que o homem é bom e a sociedade é que o
perverte. A perversão do bom selvagem pelo "Das Kapital" é apenas uma
decorrência do princípio do Rousseau, só que para Marx não partimos do bom
selvagem, mas sim chegaremos a ele quando superarmos esta sociedade má.
Uma ideia assim
(que somos bons e a sociedade nos corrompe, e aqui você pode colocar no lugar
de "sociedade" a família, o patriarcado, a igreja, o capital, os EUA,
o patrão, seu pai autoritário) faz almas fracas gozarem de prazer. Porque o que
ela diz é que, ao final, não sou responsável por nada que faço. Não fosse pela
"sociedade", eu seria um homem bom.
(...) Nossa
origem é o bom selvagem? É por isso que australianos que não têm o que fazer se
pintam de aborígenes e gritam por aí? Quanta bobagem! Quanto lixo escrito com
tinta cara! (...)
Fonte: Luiz
Felipe Pondé, “Helena não tem culpa”, Folha de S. Paulo, Ilustrada, 18/3/13.
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