O vereador Ronei Costa Martins (PT) está numa posição estratégica para ditar os rumos políticos e administrativos de Limeira. Ele é o relator da Comissão Processante (CP) aberta recentemente para investigar denúncias de possível enriquecimento ilícito dos familiares do prefeito Silvio Félix (PDT) – e que pode resultar, entre o final de fevereiro e início de março, na cassação do chefe do Executivo.
Ronei, porém, não se ilude com holofotes. Eleito em 2008 para seu primeiro mandato com 2.020 votos (embora já tivesse ocupado o cargo por algum tempo na legislatura anterior, na figura de suplente), o petista não é de “fugir da raia”. Fala com convicção e defende suas ideias - ainda que se possa discordar delas, não se pode questionar a honestidade do que ele diz, algo raro no mundo político.
Ele tem ainda outro diferencial: não se ilude pelo poder, não pretende fazer da política uma carreira, uma profissão. Consegue, como poucos e com sinceridade, colocar interesses públicos e coletivos acima dos interesses pessoais. Pretende, em 2012, buscar a reeleição para a Câmara, mas nunca fez disso uma obsessão.
É de conversa fácil e franca. Sabe qual o seu papel como homem público. Como relator da CP, por exemplo, não teve problema em afirmar hoje, no programa “A Hora Informação Verdade” (TV Jornal, seg. a sex., 17h30-19h30), que seu relatório preliminar a ser apresentado nesta terça-feira pedirá a continuidade da investigação.
Preferiu, porém, não antecipar posições no que diz respeito ao mérito do assunto a ser tratado pela comissão para não criar pré-julgamentos e não comprometer o trabalho.
Numa rápida conversa durante os bastidores do programa, Ronei mostrou-se otimista em relação ao cenário que se desenha para a eleição municipal de 2012. “O cenário mudou completamente com essa crise política”, diz. Segundo ele, quem era candidato forte (no caso, o candidato a ser apoiado pelo prefeito) deixou de ser. A oposição, naturalmente, ganhou espaço - é importante salientar, como frisa Ronei, que não foi nenhum político que detonou a atual crise e sim uma investigação do Ministério Público.
Ao mesmo tempo que uma janela se abriu para a oposição, há risco de uma possível união (rara, diga-se de passagem) ruir por vaidades. Neste caso, ao invés de somar forças, estas se dividiriam.
Veja a seguir os principais trechos do bate-papo com Ronei (em tempo: pedi autorização antes da conversa para torná-la pública por meio deste blog):
Há menos de um ano para a eleição, como você avalia o cenário político para 2012?
Ronei – Diante da crise política instalada em Limeira, abre-se um caminho para as correntes políticas que não tiveram ligação com a atual administração.
Então você acha que a eleição de 2012 passará necessariamente por essa questão da crise do governo Félix?
Ronei - Sim, sem dúvida, essa questão da ética, da moralidade.
Você mencionou a abertura para correntes de oposição. Como fica a situação do empresário Lusenrique Quintal (PSD), pré-candidato que sempre se apresentou como oposicionista ao governo Félix (PDT) e nos últimos tempos se aproximou do governo?
Ronei - O Quintal tem um alto índice de rejeição. Os candidatos mais viáveis são o Mário (Botion, empresário e vereador do PMDB), o Paulo (Hadich, delegado e vereador pelo PSB) e o Lima (Antônio Carlos, gerente executivo regional do INSS e filiado ao PT).
E em que posição fica o PT?
Ronei – A posição do partido é a de construir um arco de alianças para elaborar um projeto para a cidade. Esse arco de alianças inclui PT, PSB, PMDB e o PR se o PR deixar o governo (o partido tem ensaiado discurso de oposição, mas seu líder na cidade, o empresário Renê Soares, mantém-se como presidente do SAAE, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto, um cargo com status de secretário).
O PT abriria mão de estar numa chapa como candidato a prefeito ou vice?
Ronei – Isto vai ser discutido mais na frente. Hoje, o PT tem um pré-candidato, o Lima.
Mas você consegue vislumbrar uma união de PT, PSB e PMDB com pelo menos dois dos partidos querendo encabeçar chapa?
Ronei – Consigo. Até então, a gente ia disputar com poucas chances. Agora vamos disputar para valer. Pela nossa atuação nos últimos anos, estamos credenciados a defender essa bandeira da moralidade, mas precisamos fazer com que a população perceba isso, veja isso. Precisaremos saber nos comunicar. Este é o nosso desafio, a comunicação.
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