Desde o último dia 28, o “The New York Times” – um dos principais jornais do mundo – retomou a cobrança por seu conteúdo na Internet. A iniciativa, que já havia sido anunciada em 2010, foi implantada inicialmente para leitores do Canadá, como teste. Agora chegou aos norte-americanos e a todo o mundo.
O NYT é um dos primeiros jornais a limitar o acesso ao seu conteúdo, uma medida polêmica e de resultado ainda incerto. Nos últimos anos, a liberação ou não do acesso aos sites foi um dos pontos mais discutidos pelos veículos de comunicação impressos. Ao mesmo tempo, eles iniciaram uma cruzada contra serviços de busca, como o Google, que utilizam conteúdos de terceiros para replicar em suas páginas de notícias (sem pagar por isso).
O fato é que o acesso irrestrito começou a se tornar insustentável – não exatamente para o meio digital, mas para o meio impresso. Restava, porém, as dúvidas: como reagiriam os internautas caso o conteúdo passasse a ser cobrado novamente? Estariam eles dispostos a pagar por isso?
O NYT pagou para ver. Numa carta aos leitores, o publisher do jornal, Arthur Sulzberger Jr. justificou da seguinte maneira a iniciativa de voltar a cobrar pelo conteúdo: “a introdução da assinatura digital é um investimento em nosso futuro”.
Sulzberger Jr. explicou: “Isto nos permitirá desenvolver novas fontes de receita para fortalecer nossa capacidade de continuar nossa missão jornalística bem como promover as inovações digitais que irão nos permitir oferecer um jornalismo de alta qualidade em qualquer ferramenta que você escolher”.
Seja como for, o publisher foi honesto ao dizer claramente a intenção de obter novas fontes de receita. Caberá agora aos leitores – do papel e do meio digital – conferir se o restante da promessa estará mesmo sendo cumprido.
De qualquer modo, a iniciativa coloca algumas perguntas: qual o custo do “jornalismo de alta qualidade”? Quem deve pagar por ele? Haverá outra forma de financiamento que não a cobrança pelo conteúdo online?
Em tempo: não é todo o conteúdo do NYT que passou a ser cobrado. Os leitores têm direito a um determinado número de artigos grátis por mês. As regras do sistema estão na carta escrita por Sulzberger Jr. aos leitores. Ela pode ser lida na íntegra aqui.
E você, pagaria pelo acesso ao conteúdo online de um jornal?
PS: acabei de ler um artigo sobre o mesmo tema no blog do Knight Center for Journalism in the Americas, ligado à Universidade do Texas. O título é "Diretor do jornal Dallas Morning News defende cobrança por conteúdo online". Para ler, clique aqui.
quinta-feira, 14 de abril de 2011 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 20:10 |
Jornalismo online: cobrar ou não cobrar? (Pagar ou não pagar?)
Marcadores: Internet, jornalismo, New York Times
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1 comentários:
O erro dos grandes veículos de comunicação foi acreditar nos fundos da publicidade e não na fidelidade de seu leitor, permitindo que nos acostumássemos com um conteúdo vasto e livre. Todo material de qualidade tem o seu valor. Defendo a cobrança das publicações on-lines que sejam exclusivas para a Internet, desde que essas mantenham o respeito à informação, consequentemente ao público. No entanto, ter conteúdo pago na Rede mundial de computadores com erros de apuração tão gritantes - bastante comum na Internet - é um bom motivo para que futuras propostas de cobrança de conteúdo não dêem certo. Agora, se a arrecadação financeira for aplicada na qualidade da informação, será um grande passo para o sucesso desses novos projetos, principalmente os que pensam em aplicá-los nos tablets.
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