Um evento ocorrido na manhã desta terça-feira é o exemplo mais vivo do esquecimento de Limeira junto às esferas políticas estaduais. Pela terceira vez este ano, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) esteve em Piracicaba. O objetivo foi lançar a obra do contorno da cidade, um novo anel viário com nove quilômetros de pistas duplas que vai custar R$ 78,1 milhões – dinheiro a ser investido pela concessionária Rodovias do Tietê.
Anel viário semelhante ao que Limeira luta há anos para tentar fazer com recursos próprios (o trecho da obra que teve um aporte de pouco mais de R$ 6 milhões do Estado está parado há meses...).
Durante a visita, o governador anunciou a abertura de licitação para a duplicação de 5,5 quilômetros da Rodovia SP-308, entre Piracicaba e Charqueada. O total a ser investido é de R$ 27,5 milhões, recursos dos cofres estaduais. Numa tacada só, mais de R$ 100 milhões de investimentos.
Muito disso se deve à instalação – com apoio do governo estadual – de uma unidade da montadora coreana Hyundai em Piracicaba (o anel viário dá acesso à futura fábrica).
Nos discursos, deputados com base eleitoral em Piracicaba – como Antônio Carlos Mendes Thame (PSDB, federal) e Roberto Morais (PPS, estadual) – destacaram o trabalho político de bastidores feito junto ao governo do Estado para garantir os investimentos. Trabalho reforçado pelo prefeito da cidade, Barjas Negri, expoente do PSDB paulista, ex-ministro da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso e ex-secretário de Habitação no governo Alckmin.
Otoniel, registre-se, eleito muito mais por sua representatividade junto à igreja da qual faz parte do que pela cidade que o acolheu (onde teve 4.090 de um total de 95.971 votos, ou seja, apenas 4% da sua votação partiu de Limeira).
Não bastasse a falta de representatividade política, o diálogo entre Otoniel e o prefeito de Limeira, Silvio Félix (PDT), caminha mal. Aliás, é exagero falar em diálogo – o deputado reclamou publicamente de não ter sequer recebido um telefonema do prefeito após a conquista de uma vaga no Congresso.
Para se somar a estes problemas, Félix optou por confrontar o então candidato Alckmin e o tucanato estadual durante a campanha de 2010 (leia aqui). E, fechando a história, o prefeito de Limeira não esteve no evento desta terça em Piracicaba (ao contrário de outros prefeitos, que prestigiaram a visita do governador) e sequer enviou um representante.
Arrisco-me a dizer que Limeira era a única cidade da região sem representante de nenhum poder (Executivo ou Legislativo) nem de entidades. NENHUM!
O único limeirense no evento foi o presidente do diretório municipal do PSDB, José Vanderlei de Carvalho. De Iracemápolis, por exemplo, estavam o vice-prefeito Denílson Granso (PMDB) e o vereador Cláudio Cosenza Filho (PSDB).
Deste jeito, não dá para Limeira reclamar da falta de prestígio. Afinal, para o governador, a cidade sequer “existiu” em sua visita.
Em tempo 1: como chefe do Executivo e defensor dos interesses da cidade, Félix deveria deixar o estrelismo de lado e participar da recepção ao governador. Ou ele acha que sua atitude prepotente vai dar resultado para a cidade?
Em tempo 2: a obra do contorno de Piracicaba deve gerar dois mil empregos entre diretos e indiretos.
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