A CPI da Merenda, da Câmara de Limeira, podia economizar tempo e dinheiro do contribuinte indo diretamente ao que interessa (se é que há interesse nisso). Porque a situação do vereador César Cortez (PV) parece definida.
Se não está provado se o parlamentar recebeu propina da empresa da merenda, a notícia divulgada pelos jornais de Limeira no sábado já é motivo mais do que suficiente para a única medida que restou no caso: a cassação do mandato.
Afinal, não se deve ter como normal o recurso da mentira quando se discute uma questão pública tão importante quanto esta envolvendo a terceirização da merenda.
Cortez sempre negou com veemência qualquer tipo de contato com pessoas da SP Alimentação - a empresa acusada de pagar propina ao vereador para barrar uma investigação e a membros da prefeitura para vencer a licitação da merenda.
Na coletiva de imprensa em que falou da acusação de corrupção e ao programa “Fatos & Notícias” (TV Jornal, segunda a sexta, 11h30), o parlamentar do PV negou que tivesse falado ao telefone com o ex-funcionário da SP, Genivaldo Marques Santos, delator do escândalo da merenda.
Cortez afirmou que, caso tivesse algum contato com Santos, teria sido sem que o interlocutor se identificasse pelo nome ou pela empresa à qual servia na época (2007). O vereador frisou que, como fala com muitas pessoas pelo telefone, até poderia ter atendido alguém da SP sem saber de quem se tratava.
Pois a quebra do sigilo telefônico de Cortez revelou, como mostraram os jornais “Gazeta de Limeira” e “Jornal de Limeira”, pelo menos 80 telefonemas entre ele e Santos num intervalo de 15 dias. Ora, ninguém fala tanto assim com uma pessoa sem que a conheça.
Diante disso, as dúvidas passam a ser outras: 1) por que Cortez mentiu?; e 2) por qual interesse a SP Alimentação manteve tantos contatos com o vereador justamente no momento em que se discutia na Câmara a possibilidade da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para discutir o contrato da merenda?
São estas respostas que a CPI agora instalada deve buscar. Porque, no caso de Cortez, que comprovadamente mentiu (e não se pode alegar engano diante de 80 ligações), não me parece restar outro caminho que não seja a cassação do mandato.
Mentir deslavadamente assim não combina com a figura de um vereador.
PS: na medida em que se complica a situação de Cortez e que fica cada vez mais evidente a preocupação da SP Alimentação em esconder algo, cresce a sombra que cerca a administração Silvio Félix e o próprio prefeito – que admitiu, no “Fatos & Notícias”, ter tido contato com o dono da SP, Eloízo Durães.
domingo, 14 de novembro de 2010 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 16:24 |
O caminho que resta: a cassação
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