Desde que anunciou o rompimento de relações políticas com o atual prefeito de Limeira e presidente de seu partido na cidade, Silvio Félix, o presidente da Câmara Municipal, Eliseu Daniel dos Santos (PDT), não mais falou com o chefe do Executivo. A não ser de forma protocolar, em algum evento. Garantiu ao prefeito a governabilidade necessária no que dependesse de sua atuação como presidente do Legislativo, mas não mais se comprometeu a defender o governo.
Hoje, quem ouve o presidente da Câmara falar sobre o prefeito sabe que a reconciliação é difícil – só não digo impossível porque esta palavra definitivamente não combina com o mundo político. Eliseu ainda não se conforma (se é que um dia se conformará...) com a deslealdade do prefeito e da primeira-dama Constância durante a última campanha eleitoral. Ambos, marido e esposa, ignoraram o até então aliado e colega de chapa em toda a propaganda política e, mais que isso, apoiaram outra candidata a deputado federal.
Félix, por sua vez, vivendo um delicado momento político e quase isolado, prefere o silêncio para não polemizar. Questionado pela imprensa sobre o caso, preferiu não se pronunciar. Espera – e aposta – que o tempo faça a poeira baixar e isso de alguma forma permita um diálogo (hoje impensável) com o ex-aliado. Nos bastidores, o prefeito sinalizou querer conversar. Fez isso por meio de interlocutores, mas Eliseu mostra-se irredutível na decisão de romper as relações políticas.
O presidente da Câmara, porém, agora é mais cauteloso quando fala da possibilidade de deixar o PDT. De início, quando anunciou o rompimento com Félix e a sua pré-candidatura a prefeito em 2012, Eliseu não hesitava em comentar que, se preciso fosse, trocaria de partido.
Questionado sobre o assunto nesta terça-feira no programa “Fatos & Notícias” (TV Jornal), afirmou categoricamente que entra no Ano Novo no PDT. Chega até a Páscoa e se depender unicamente dele, disputa a próxima eleição pelo partido. Disse que o PDT confiou nele ao dar-lhe legenda para a eleição deste ano e lembrou que é suplente de deputado federal pela sigla.
Segundo Eliseu, a única condição que o faria deixar o PDT seria um clima “insustentável” com o partido na cidade. Por partido entenda-se o prefeito. Indagado se o clima está rumando para o insustentável, o presidente da Câmara sorriu, hesitou, engasgou... Não era preciso mais responder, mas ele confirmou o que já estava dito por suas expressões: “sim, está insuportável”.
O que isso significa ainda não se sabe. Lendo assim, de modo simples, a fala de Eliseu soa quase contraditória. Manifestou que permanece no partido a não ser que o clima fique insustentável e, ao mesmo tempo, afirmou que o clima está insustentável. Logo, estaria posta a condição para sair.
Mas numa análise mais ampla, não é isso exatamente que Eliseu quer neste momento. Ele aposta numa disputa que vai se travar em São Paulo, junto ao diretório estadual – onde tem contatos e acredita ter influência. Como o partido vai lidar com Félix neste embate, já que o prefeito é fundador da sigla em Limeira e seu principal expoente até então, não se sabe.
Uma batalha interessante se anuncia nos bastidores. É esperar para ver.
De certo, o fato de que Eliseu não terá o apoio de Félix para uma candidatura a prefeito em 2012. E, se fosse hoje, o presidente da Câmara não ia querer tal apoio.
PS: a eleição para a presidência da Câmara, agora em dezembro, deve contribuir para clarear um pouco mais este cenário. Da definição do novo presidente do Legislativo depende a força que o prefeito terá para os seus últimos dois anos de governo – que prometem ser conturbados.
É praticamente certo que a bancada governista deve fazer o novo presidente. A dúvida é como (mais do que quem) será este novo presidente: alguém mão-de-ferro com a oposição (a tradicional e a neo, Eliseu incluído) ou alguém mais maleável, adepto do diálogo.
As respostas começarão a surgir em menos de um mês.
terça-feira, 23 de novembro de 2010 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 17:24 |
Jogo de xadrez no PDT
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