"As bibliotecas precisam competir com os shoppings." A frase de Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá, revela a importância dada à arquitetura e ao ambiente propostos para a rede de megabibliotecas.
Em vez de prédios feiosos, sem personalidade, Bogotá apostou em obras com bons materiais e linhas contemporâneas. A prefeitura promoveu concursos de arquitetura com a Sociedade Colombiana de Arquitetos para escolher os autores das quatro grandes bibliotecas construídas na última década.
Rogelio Salmona (1929-2007) desenhou a maior delas, de 36 mil m2, com os onipresentes tijolinhos avermelhados e um espelho d'água, traços da obra do maior arquiteto colombiano.
Mas arquitetos jovens também tiveram oportunidade de dar sua contribuição, algo ainda raro no Brasil quando se fala em grandes obras públicas. Suely Vargas tinha apenas 30 anos quando projetou a biblioteca El Tunal.
O programa de megabibliotecas foi criado por Peñalosa e mantido e ampliado por seus três sucessores: Antanas Mockus, Lucho Garzón e Samuel Moreno -todos de partidos diferentes.
Em comum, as quatro foram instaladas próximas a favelas, dentro de parques ou cercadas por áreas verdes, e acessíveis por corredores de ônibus e ciclovias (há 300 km delas na cidade).
Todas aspiram a repetir a atmosfera da biblioteca Luis Ángel Arango, a maior da Colômbia e uma das mais populares do mundo, mantida pelo Banco Central do país.
Com seis andares, escadas rolantes e jovens retirando livros e paquerando, ela não é modesta em comparação a qualquer shopping, mas causa horror aos bibliotecários mais puristas por trazer literatura popular e um ambiente festivo às suas instalações.
Possui sala de concertos e museus (o mais recente, a partir de doação do pintor Fernando Botero, com obras de Picasso, Bacon e Rothko).
As demais unidades da rede também recebem várias doações, de colecionadores a grandes empresários -a última delas cobriu dois terços do custo da construção da Santo Domingo.
O sucesso da Arango e de suas quatro sucessoras inspiraram a biblioteca São Paulo, instalada no parque da Juventude, construído onde ficava o Carandiru, com 4.200 m2. Bem mais modesta que as primas colombianas.
Fonte: Raul Juste Lores, "Unidades levam literatura popular a ambiente festivo", Folha de S. Paulo, Ilustrada, 13/11/10.
terça-feira, 16 de novembro de 2010 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 17:04 |
Os bons exemplos que vêm da Colômbia
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