Durante treze anos ela foi a alegria do lar.
Correu, pulou, machucou-se (só na perna foram três deslocadas), latiu por felicidade e por braveza.
Bateu palmas, muitas palmas. Dezenas de vezes. Bateu palmas para as visitas, para apelar por alguma migalha do almoço, para demonstrar sua alegria. Era quase uma artista. Não houve quem não tenha se encantado.
Ela foi a primogênita, a bagunceira, a “Maria Viada” – assim carinhosamente apelidada pela vó Lela -, aquela que tinha prazer em correr pelo sofá derrubando todas as almofadas tão logo alguém as arrumasse.
Ainda pequena, roeu o fio da impressora justamente na hora da correria para imprimir o trabalho da faculdade. Roeu as fivelas da sandália nova da mamãe. Ela era terrível.
Um dia cresceu, teve filhotinhos, cuidou deles com carinho – ah, carinho, era especialista em oferecer seu carinho. Amava incondicionalmente, ainda que levasse broncas – e nessa hora virava a “putana”.
Após as refeições, assumia o papel de “vaporeto”. Um dia, subiu na mesa e comeu todo o frango. Empanturrou-se. Até o bife do prato ela roubou certa vez. Era esperta, muito esperta.
Numa certa madrugada, sempre companheira, ajudou a salvar a vida de quem amava. De quem a amava.
Adorava fingir que escondia suas rações pelos cantos frios da escada ou na coberta sobre a cama. Detestava tomar banho, mas ficava toda metida quando vinha da tosa, cheirosa e com lacinhos. Tinha ciúme, mordia as irmãs, queria atenção só para ela.
Já sem forças, esperou firme a hora de fazer suas necessidades. No lugar certo, onde chegou ainda que cambaleando. Passou horas, dias, à custa de água. Só água. Seus olhinhos transmitiam um “obrigado” que o latido não lhe permitia mais transmitir. Seu esforço para levantar a cabeça era o sinal do seu amor.
Ela amou e foi amada. Por tudo e por todos. Sempre. Até o último suspiro. Até o último beijo. Até o adeus.
“É um pedacinho de mim que está indo...”. Que se foi, deixando um vazio imenso e dolorido. Um silêncio perturbador.
Mas a dor não vai vencer o amor. Não hoje, não nunca.
Ela será nossa sempre e eterna Luana.
quinta-feira, 3 de junho de 2010 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 19:52 |
A minha sempre e eterna Luana
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