“Minha maior ambição é conseguir a incorreção, o desvio, a remodelação, a mudança na realidade; em suma, imagens mentirosas, se quiserem – porém mais verdadeiras que a verdade literal.” (p. 127)
Vincent van Gogh
Acabei de ler um livro interessantíssimo – e emocionante. “As mulheres de Van Gogh – seus amores e sua loucura”, de Derek Fell (Verus Editora, Campinas, 2007), resgata os relacionamentos familiares e amorosos do mestre holandês e, a partir deles e das cartas que escreveu, reconstitui sua vida e busca explicar suas atitudes.
Van Gogh - chamado Vincent (assim ele assinou seus quadros) - foi o segundo filho da família. Recebeu o mesmo nome de um irmão morto, nascido um ano antes. Todos os finais de semana, a mãe o levava para visitar o túmulo do falecido, no jardim da casa da família. Começava a se formar a personalidade de Van Gogh, marcada por seguidas rejeições e envolvimentos tumultuados.
Da rejeição materna àquela que motivou seu suicídio (um episódio ainda cercado de dúvidas), Van Gogh expressou seus sentimentos por meio de sua arte. Uma arte, aliás, só reconhecida anos após sua morte - e devido ao esforço de uma cunhada e de um sobrinho chamado Vincent. Não fossem eles e talvez o mundo nunca tivesse conhecido a genialidade daquele holandês – o irmão da cunhada chegou a recomendar que ela queimasse todas as obras de Van Gogh pela “falta de valor”.
Mas Jo, a cunhada, sempre acreditou no talento de Van Gogh.
Quem já teve a oportunidade de ver um quadro do pintor holandês sabe o impacto que as cores provocam. É difícil descrever essa sensação. No livro, encontrei uma descrição que ajuda a decifrá-la. Está num artigo de Albert Aurier, publicado no periódio “Mercury”, de Paris, ainda no século 19. Aurier foi o primeiro crítico a reconhecer algum valor na obra de Van Gogh.
“Debaixo de céus que às vezes deslumbram como safiras ou turquesas facetadas, que por vezes são emoldurados por amarelos-claros infernais, quentes, mórbidos e ofuscantes [...], há a expressão inquietante e perturbadora de uma natureza estranha. [...] Essa é, sem exagero, a impressão que nos fica na retina quando olhamos pela primeira vez para a obra estranha, intensa e febril de Vincent van Gogh”. (p. 186)
PS: o vídeo acima foi feito para a postagem “Girassóis pelo mundo” do meu blog Piscitas - Travel & Fun.
* Para saber mais e ver mais, vá aos sites do Van Gogh Museum ou do Van Gogh Gallery.
segunda-feira, 21 de junho de 2010 | Postado por Rodrigo Piscitelli às 17:31 |
As cores de Vincent
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