A “Folha de S. Paulo” trouxe recentemente (14/2) no caderno "Mais!" uma interessante entrevista com o autor de um livro igualmente interessante. O tema é a grande enchente que atingiu Paris no início do século passado. Um tema propício num momento em que a principal cidade do País – ou algumas das principais – estava debaixo d'água (de novo).
A grande enchente de Paris foi tão marcante que a capital francesa nunca mais foi a mesma. Não se tratava de uma tragédia comum, mas do alagamento daquela que era considerada símbolo de urbanização, ícone da arte e do progresso. “Era difícil acreditar que uma cidade tão famosa pudesse um dia correr tamanho perigo”, disse à "Folha" o entrevistado, Jeffrey Jackson.
E para aqueles que atribuem as tragédias unicamente à força da natureza, Jackson - historiador e autor de “Paris Under Water” - diz que a enchente se deveu a uma “combinação de condições climáticas extremas e decisões humanas relativas à engenharia”. Parece lógico, não?
O que não parece lógico é Paris ter sido inundada em 1910 e só, enquanto São Paulo é sistematicamente alagada ano após ano. E nossos governantes continuam impermeabilizando o solo, ampliando a marginal, abrindo caminho para mais carros quando está claro que o trânsito na Capital paulista está esgotado há tempos.
Do ponto de vista midiátivo, chama a atenção o fato da grande enchente parisiense ter recebido uma atenção maior em razão das “novas tecnologias” da época – a fotografia expôs a tragédia ao mundo.
E como Paris é Paris, o centenário da grande enchente não poderia ficar sem registro. Uma exposição foi especialmente montada na Galeria das Bibliotecas. A mostra – chamada “Paris Inundada – 1910” – abre até o próximo dia 28. Para quem não pode dar um pulinho até a capital da França, vale a pena visitar o site da exposição (clique aqui). Eu recomendo. Ainda que seja só para ver as imagens do dia em que o Sena invadiu as ruas parisienses.
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